V i n g t - c i n q

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O arrependimento estava constantemente presente em minha vida. Aparecia nos momentos mais inoportunos, e fazia de mim uma refém tão inábil que chegava a ser vergonhoso. 

Naquela manhã quando acordei com o corpo cansado e necessitando de um longo banho, não sabia deduzir se havia acordado de um sonho, pesadelo, ou se ao menos havia verdadeiramente acordado. De todo caso, preferia acreditar que estava presa em um sonho paralelo, que dividia seu espaço em dois, o bom e o péssimo. Eventos recentes me faziam acreditar estar no bom, mas certas consequências me lembravam que apenas estava mergulhada no péssimo.

— Caso não se lembre, a culpa não é minha — a voz rouca e impertinente soou pelos quatro cantos do quarto. Arrpiando cada célula de bom senso que me habitava.

— Tudo o que acontece na minha vida é culpa sua.

Estava arruinada. Jogada no mais profundo do poço do desespero. Um sorriso de canto, um olhar sedutor, tatuagens, alguns piercings e todos seus pequenos e magníficos detalhes que completavam o combo perfeito da minha derrota. Eu estava arruinada por Jeon Jungkook.

Para quem dias atrás afirmou de pés juntos que não permitiria novamente ser tocada por Jungkook, eu estava vergonhosamente quebrando minhas próprias palavras enquanto de pé no quarto dele, com nada além de sua camisa cobrindo meu corpo que até alguns minutos atrás estava nu.

— Eu não forcei você a sentar no meu pau, muito menos rebolar da maneira que fez — de certa forma eu poderia muito bem afirmar que sim, suas palavras e seu toque me forçaram. Mas ambos sabíamos que ele nunca me faria nada se caso eu não permitisse. Com as bochechas quentes de vergonha eu me vejo sem saída. A única possível coisa que poderia fazer era culpar o álcool.

Um tanto que atordoada eu vago pelo quarto, parando diante de um quadro decorativo onde nada além de um camaleão se misturava entre a paisagem do que parecia ser a Amazônia. Não portava vela alguma comigo, até porque isso seria estranho de se fazer, então, como um improviso, pego meu celular e ativo a lanterna. Estava para fazer a coisa mais idiota da minha vida, mas em situações desesperadoras eu faria ações igualmente desesperadas.

— Oh, belíssimo camaleão da Amazônia, eu, Rosellyn Cooper, me ponho diante de ti nesse momento, declarando em sinceridade que mais nenhuma gota de álcool entrará em minha boca, para que nunca mais cometa o ato idiota de me deitar com aquele idiota — ofereço meu sacrifício ao camaleão beijando dois dedos e levando até a testa do bicho. Estava feito. Me viro para Jungkook, não esperando encontrar um meio sorriso em seus lábios. Mas ele estava ali, um meio sorriso charmoso que gritava em si um sentimento diferente de humor.

— Acabou? — espero ele completar com alguma piadinha, sobre o quanto eu estava sendo uma total estranha. Concordaria com ele, pois de fato eu estava sendo uma bela estranha. Mas tudo era justificável, afinal, ele era o culpado. Perdia meu rumo e bom senso quando perto dele.

— Acabei.

— Então é a minha vez.

— Também vai fazer promessas ao camaleão? — me sinto uma idiota apaixonada quando ele parou em minha frente. Sua mão ágil pegou a caneta na mesa ao lado, puxou meu braço para si e começou a rabiscar em meu pulso.

— Diante do grande camaleão, declaro o que antes deveria ter sido dito, mas que só agora parece certo a ser declarado. Eu, Jeon Jungkook, afirmo com toda minha verdade que...— olhou de relance para mim, abrindo um sorriso enigmático. — Na verdade, não acho que seja o momento tão ideial assim — disse por fim. Confusa olho dele para o desenho em meu pulso. Os números 1 4 3 estavam rabiscados ali em uma intensa cor vermelha.

— O que é isso? —  passo o dedo por cima com delicadeza, temendo que o desenho se desfizesse.

— É como eu disse. Não acho que seja o momento certo para que eu diga em voz alta, mas você está livre para tentar descobrir o que isso significa — tocou o desenho com a mesma delicadeza que eu. Sou forçada a olhar para o camaleão, me perguntando o quanto Jungkook foi idiota por ter embarcado na mesma palhaçada que eu, e o quanto aquela imagem agora guardava alguns possíveis segredos nossos.

1 4 3 • jjkOnde as histórias ganham vida. Descobre agora