T r e i z e

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Michael Cavan era o amante de Yoora. Era o homem para qual ela mandou todas àquelas cartas em francês. Era o homem que a fez deixar Hank e toda sua vida de falsificadora.

— Duas horas — Talles comentou passando atrás de mim.

— Estou bem.

— Não está, não. Você está diante desse celular já faz duas horas, está aflita esperando por notícias dele — resmungou deixando sobre a mesa sua xícara de chá. A força que usou para pousar a porcelana na mesa resultou em diversas gotas de chá manchando a mesa recém limpa por Kris.

— Não é aflição...

— É desespero — estremeço com a ideia de estar parecendo uma desesperada. Encaro Talles. Um sorriso vencedor trilhou seus lábios. — Se ele disse que iria ficar tudo bem, então vai ficar tudo bem.

— Acredita mesmo nisso? — passou longos segundos em silêncio, até murmurar um não e sair direção à cozinha, bebendo o que restou de chá em sua xícara.

Era aquilo que me aterrorizava. Não ter a certeza de que Jungkook estava bem. Após aquela noite, depois da descoberta que ocasionou em um clima tenso e desconfortável no caminho de volta para casa, Jungkook me disse que precisaria resolver algumas questões antes de dar continuidade ao plano.

O relógio na parede marcava cinco e meia da tarde. Contabilizando um total de dois dias e dezessete horas sem notícias alguma. Eu não estaria nessa aflição toda se a situação não fosse preocupante. Havíamos acabado de descobrir uma peça importante no quebra-cabeça, e visivelmente Jungkook ficou abalado, só tentou não demonstrar.

E eu precisava saber se estava tudo bem.

— Hey — chamou Talles, encarando minha bolsa sobre o sofá. — Ainda temos coisas a fazer.

— Você tem coisas a fazer — pego a bolsa, tirando dela o pendrive de vida ou morte. Mesmo tendo descoberto sobre o quadro, continuamos com o princípio daquele plano, copiar todos dados importantes guardados no computador de Michael. Só não tivemos tempo de vasculhar. O que faríamos naquele momento.

Talles se sentou ao meu lado, deixando a xícara, recém preenchida até o topo com chá, ao seu lado, pronta para ser seu auxílio no cansaço e delírio de horas passadas na frente de um computador. Durantes longos trinta minutos eu apenas fiquei sentada ao seu lado, assistindo ele mexer em coisas inteligentes demais para minha pouca empolgação.

Abria arquivos, fechava e pulava para outra pasta. Até então nada havia chamado nossa atenção, nenhum podre capaz de fazer um subprefeito morrer na cadeia. Pelo visto Michael não escondia tantos segredos assim.

Sentindo minha bunda reclamar pelo tempo sentada, me levanto apenas para me servir de um pouco de café e um pedaço de bolo de chocolate de Kris, e volto a me sentar. Talles comeu metade do meu bolo quando afirmou que pegaria somente uma garfada. Briguei com ele, e Kris, que saia do quarto para a lavaderia com um cesto de roupa suja, obrigou o noivo a pegar um outro pedaço de bolo para mim. E nisso passamos mais meia hora vasculhando os diversos arquivos.

Encontramos fotos. Descobrimos que Joshua quando bebê era horrível. Também descobrimos que ele usou a mesma mamadeira até seus seis anos. Vimos as férias em família, onde Larry, a esposa morta de Michael, estava toda radiante ao lado do marido e único filho ainda recém nascido. Nas fotos mais escondidas, encontramos Yoora. Ou que julgamos ser ela.

Nas fotos a mulher fazia questão de não mostrar o rosto. Em algumas fazia questão de usar o ombro de Michael para esconder o rosto. Uma das fotos era específica demais, mostrando Michael dançando com a mulher em uma lanchonete desconhecida. Ali ela não escondia o rosto contra Michael ou com o cabelo, mas borrou seu rosto o máximo possível para não ser reconhecível. Aquilo era...

1 4 3 • jjkWhere stories live. Discover now