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Érotique havia levado dois meses e cinco dias para se tornar a boate mais procurada entre jovens, adultos e até mesmo pelo pessoal da terceira idade. Muito menos tempo que uma boate normal levaria.

Abrindo suas portas apenas três vezes na semana, o lugar era conhecido por sua fama de liberal. Um lugar sem regras. Onde você poderia fazer o que bem quisesse, menos aquilo considerado ilegal perante as leis. E por mais que leve péssima fama na boca de todos, quem era vivo e residia em Seattle, era internamente desesperado para frequentar, nem que seja por dez minutos, o lugar.

Mas além da moral baixa, Érotique também era conhecida por, incrível que pareça, sua exótica decoração. Em um estilo quarto vermelho de Christian Grey, o lugar conseguia centenas de admiradores dispostos a vivenciar por uma noite inteira suas baixarias e decoração sexual.

Eu estava ali com apenas um único propósito. Fisgar Joshua Cavan. Não importava a maneira a qual fosse necessária usar, mas eu estava proibida de deixar aquela boate sem estar acompanhada de um dos solteiros mais desejados de Seattle.

— Já pensou o quanto de segredos sujos essas câmeras sabem? — E mesmo assim, com um propósito sério em ombros, eu me dei o luxo da distração. Estava em um momento alheada, encarando com desconfiança o que parecia ser um órgão genital masculino plantado em um vaso, quando Talles me abordou.

— Metade dos seguranças devem frequentar psicólogos.

— Eu frequentaria — rimos até perceber que a coisa era mais assustadora do que deveria. Cada minuto passado naquela insanidade sexual era uma memória ruim sendo gravada eternamente em meu cérebro. — E essa decoração? Deveria ser sexual ou casa dos horrores?

— Tem um charme minimalista — comento em relação às molduras feitas por leds. Molduras essas que não davam à nada além da parede coberta pela tinta preta.

— O quê?

— Gostei das molduras de led — fez careta com minha revelação. — Apenas os leds — concluo.

— Eu agora entendo a razão de Joshuan não querer ser associado à esse lugar — mudou o assunto.

— Não acha contraditório demais? Ele não quer ser associado, mas passa tempo demais aqui.

— Pela decoração podemos ter a certeza de que psicologicamente normal ele não é.

— Seu pai faz parte do meio político, quando achou que ele fosse psicologicamente estável?

— Ainda sim, ele criou este lugar — deu de ombros e observou cada canto do lugar. — Nem sinal de Joshua. Karla realmente estava sóbria quando afirmou que ele estaria aqui?

— Mais sóbria do que o normal. Ela até jurou de pés juntos que ele estaria aqui — as juras de Karla nunca eram confiáveis. Não sei por qual motivo acreditei naquela.

— Karla não é só mentirosa, ela também é a maluca que inventa uma realidade paralela em sua cabeça, e depõe toda sua fé de que vai se tornar realidade.

— Você faz o mesmo quando se trata de Robert Pattinson.

— Meu casamento com ele pode sim ser realidade!

— Em qual sonho paralelo? Aquele que você é uma sereia e casa com ele nas costas de uma baleia, ou aquele que vocês são coelhos e a única coisa que sabem fazer é reproduzir? — o provoco.

— Você não estava lá para ver o quanto foi lindo nosso casamento naquela baleia.

— Não me arrependo de não ter ido.

Me levantei por instantes, irritada com o suor que o sofá de couro provocava em minhas coxas. Nesse período curto espaço de tempo, alguém esbarrou em meu ombro. Um encontro nada demais.

1 4 3 • jjkWhere stories live. Discover now