D i x - h u i t

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Ao longo de uma semana eu me dei o luxo de viver como se não tivesse uma razão para acordar cedo todos os dias. Mesmo que tenha conversado com Karla e pedido aqueles dias de descanso, porquê de acordo com minha necessidade de mentira eu estava resfriada, impossibilitada de permanecer tempo demais presa em um espaço parcialmente cheio, e por caridade sua ter recebido mais alguns dias para descansar, estava decidida a voltar o mais urgente possível.

Afinal, se caso quisesse ver no extrato bancário os quatro números que alegram sem dificuldade alguma meus dias, eu precisaria voltar a rotina de receber ordens de outra pessoa que não fosse meus pais. E meu médico.

— Achei que abandonaria o trabalho também — meu caminho até a sala dos funcionários foi bloqueado pelo que parecia um ursinho todo emburradinho.

— Eu também te amo — disse em tentativa de quebrar a primeira barreira de raiva que o envolvia. Talles revirou os olhos e murchou todo balão de ressentimentos que carregava nas costas.

— Karla não te deu mais alguns dias de folga?

— Preciso trabalhar e me distrair.

— Você agora vai morar com um cara rico, não precisa mais de trabalho — provocou rabugento.

— Não sou mulher de ser sustentada por homem, e deixe de ser malvado comigo — revirou os olhos, mas por fim resolveu acalmar de vez.

— Tento não pensar muito nisso, mas suas razões de querer morar com ele não me agradam — Talles não sabia da verdade. Em sua cabeça a razão de eu querer morar com Jungkook era apenas emocionais. Um amor ao qual não consegui esquecer e que agora estava me jogando de cabeça nele. Não me arriscaria desmentir o que mesmo criei, e causar uma comoção com a verdade. Preferia manter tudo em segredo e assim mante-lo em segurança.

— Também não me agradam. Mas eu preciso — brinco com minhas unhas, receosa por estar instalando aquela barreira entre nossa amizade. — Kris ainda está bravo comigo?

— Não. Ele conseguiu superar primeiro que eu. Me convenceu a te desculpar, pois como ele disse, você já é grandinha o suficiente para lidar com suas decisões sozinhas — Não era como se a opinião do noivo o agradasse. — Disse também que mesmo tudo dando errado, você ainda vai ter a gente se caso precisar. Vamos sempre estar de braços abertos.

Mordo o lábio inferior, me auto implorando para não chorar. Depois do ataque passei muito tempo imaginando o que teria acontecido se caso eles estivessem presente. Provavelmente Joshua teria feito algo com eles, assim como fez com o porteiro. Descobri no outro dia que Joshua acertou o porteiro na cabeça, o apagando por algumas horas.

Mesmo que não tenha sido nada muito grave, não conseguia imaginar colocar Talles e Kris em qualquer risco. Seja o menor possível, eu tentaria impedir. Amava aqueles dois e faria de tudo para protege-los de qualquer perigo que surgisse novamente. E se para isso fosse necessário manter distância, eu faria.

— É hoje que você vai? — perguntou ele arrancando-me de pensamentos. Enxungo rapidamente a lágrima solitária e teimosa que escorreu por minha bochecha sem que ele perceba.

— Sim. Sei que está sendo tudo muito rápido, ontem mesmo revelei que iria morar com ele e estou indo hoje à noite, mas assim é melhor...caso contrário eu desisto — sussurro as últimas palavras para mim mesma. Talles me puxou para ele, apertando-me em um abraço quente e reconfortante.

— Tendo em mente no que você está envolvida, imagino que você está fazendo isso por algo muito mais complicado e não por questão amorosa. Não vou questionar o que é, você não contaria, mas tem o meu apoio, mesmo que eu não ache certo, você ainda tem o meu apoio — murmurou contra meus cabelos. Acalmando Todo meu medo. — Certo, onde você estava? — questionou ao separar o abraço.

1 4 3 • jjkWhere stories live. Discover now