T r e n t e - d e u x

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Rosellyn


Importantes decisões nem sempre são tomadas em seu melhor momento. Grande parte das vezes elas surgem quando seu pior está à tona. Naquele momento mais tênue e necessitado. No entanto, isso não quer dizer que elas tendem a serem decisões erradas. Geralmente são vista como a agulha no palheiro.

E no meu pior, acabei encontrando a minha agulha. Embora houvesse controvérsias de diversos lados, eu não iria solta-lá. Não iria me arriscar a perdê-la novamente.

— Espero que seu vestido já esteja em suas mãos! — a voz de Talles poderia facilmente ser confundida com algum animal grasnando.

— Ele está — Não estava.

— Bom mesmo!

— Hey, você não tem direito de estar estressado, a culpa disso é tudo sua. Precisava mesmo adiantar o casamento para domingo? Amanhã!

— Para uma pessoa que tem poucos dias, amanhã não é tão perto.

A razão da súbita mudança da data do casamento era o clima mórbido que rondava Talles e Kris. A mãe de Kris estava doente, e sem uma esperança de melhora os médicos aconselharam esperar o pior em pouco tempo. Kris não queria perder a mãe, e muito menos queria perdê-la antes de poder assistir o único filho se casando. Com isso, o casamento havia sido adiantado para esse domingo.

O que era esperando para meses, já era amanhã. E eu ainda não havia encontrando um vestido. Sendo sincera, nem mesmo me dei a ousadia de sair à procura de um. Só duas semanas separava toda aquela infernal bagunça da minha recém calmaria, não era como se tivesse completamente nos trilhos.

— Aliás! — gritou ele, me forçando a afastar o celular por um tempo. — Tem certeza de que vai levar ele?

Meus saltos fazem barulho quando paro de repente no meio do estacionamento vazio. Estava frio. Podia ver a fumaça sair de minha boca toda vez que falava ou soltava a respiração com mais força. Talles e Kris escolheram um péssimo clima para se casarem. Ah, e talvez, assim como todos estavam julgando, eu também escolhi errado.

— Vou — respondo por fim. Escuto Talles sorrir.

— Apesar de tudo, eu não vou agir como um idiota, dizendo que você está fazendo uma grande burrice em voltar com Jungkook — disse em tom malvado. Reviro os olhos. — Mas, você está.

Alguns passos à minha frente percebo a silhueta da pessoa que pretendia encontrar ali. Mesmo não sendo certo, me sinto salva de embarcar novamente naquele assunto que me aterrorizava.

— Talles, eu realmente preciso desligar. Você e Kris podem me dar broncas amanhã. Te amo — desligo antes que ele conseguisse falar. Guardando o celular eu me aproximo da pessoa encostada em uma SUV de cor branca. Um exagero para quem estava em intenção de passar despercebido.

— Confesso que estou mais surpreso do que achei que ficaria — disse ele abrindo um sorriso de lado. — Você finalmente pensou melhor na proposta?

O plano era passar alguns dias fingindo que não existia um mundo fora de casa. Incomunicáveis, desaparecidos, amantes em lua de mel...ou algo do tipo. Acontece que, Jungkook não era exatamente o tipo de pessoa que facilmente se acomodava quieto trancado em casa, passando dias assistindo e não fazendo nada útil para sua existência. E, de certo modo, eu também não. 

— Quero que faça algo para mim, Joshua — amigavelmente abro um sorriso. Joshua recuou, não se sentindo seguro com minha calma.

— Ele está aqui? — percorreu todo estacionamento com os olhos, buscando Jungkook em qualquer canto mais escuro.

1 4 3 • jjkOnde as histórias ganham vida. Descobre agora