T r e n t e - c i n q

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— Rosellyn, aqui — ergo o olhar da tela do celular, encontrando Joshua e Yoora, que acenava da mesa a pouco passos de mim.

Se caso alguém tivesse me dito que naquela manhã nublada de sexta-feira eu teria aceitado o repentino convite de Yoora para um café da manhã supostamente inofensivo, teria a certeza de que estava louca. O que provavelmente eu estava.

Mas havia um certo charme sublime naquele repentino convite, o que me enfeitiçou a ir até a cafeteria marcada. E obviamente, unindo com o propósito de saber se ela estava disposta a falar além do mínimo.

— Bom dia, Yoora — ela usava uma echarpe envolta do rosto, mantendo sua identidade reconhecível apenas por aqueles que lhe eram bastante chegados. Ou nem isso. O óculos de sol branco fazia o restante do trabalho em mantê-la desconhecida. Embora toda a produção ainda chamasse atenção de quem passava por perto.

Se caso não a conhecesse, seria o tipo de pessoa que se encantaria com toda sua elegância à la filme anos 50. Yoora conseguia facilmente se passar por uma atriz recém saída de um filme de romance vintage, em que ela teria sido uma excelente megera.

— Não nego que me deixou aflita. Os minutos atrasados me levaram a acreditar que você tivesse desistido de me encontrar — divagou ela em sua voz aveludada. — Mas Joshua me deu toda certeza de que você viria.

— Agradeça o meu compromisso que está aqui por perto, sem ele não existiria esse encontro — abro um sorriso, esperando que ela fizesse o mesmo.

— Com compromisso quer dizer meu filho?

— Me impressiona você ainda chama-lo de filho, ele mesmo não a chama de mãe há um bom tempo — o sorriso sumiu. O dela, óbvio. — Mas sim, meu compromisso em alguns minutos é com ele.

De repente, o estado de espírito calmo que me habitava deixou de estar ao meu lado. A troca de olhar silenciosa entre Yoora e Joshua foi a maior causa de tudo em mim se tornar desconfortável em menos de um minuto. Me sinto como uma boba e inocente garotinha diante daquele olhar de segredos.

— Quer beber ou comer algo? Imagino que nossa conversa será longa.

— Pretendo fazer que não seja — Joshua sorriu escondido. — Mas vou querer um suco de laranja. O mais doce possível, já que a conversa aparenta caminhar direto para o amargo — O atendente anotou nossos pedidos e saiu.

— Não tem motivo para que seja hostil, estou tão desarmada quanto você nesse momento — alegou ela bebendo um pouco de água. O batom vermelho marcando o copo e me dando a certeza de que a única desarmada ali era eu. — Vamos começar com o básico, você está bem? Não a vejo faz alguns dias, e você e meu filho andam estranhamente quietos.

— Desculpa, mas deveríamos estar fazendo algum alarde? — franziu os lábios.

— Não mesmo, mas quando uma criança está em silêncio, boas notícias não são.

— Talvez um pouco de precaução seja mesmo necessário — Transfiro meu olhar para Joshua, nem um pouco convidativa a puxar conversa com ele. — Mas enfim, estou com um pouco de pressa, então peço que seja direta. Por que quis se encontrar comigo?

— A razão desse encontro é a mesma pela qual existiu o encontro passado — imaginei que fosse. — Quando Joshua chegou com seu recado, fiquei realmente triste. No entanto, você ter me devolvido todas as provas contra Hank e Izabela, as quais deixei em suas mãos como um símbolo de lealdade, me fez perceber que de fato você não quer se envolver.

— Exato.

— Mas não posso deixar isso acontecer — respiro fundo, reunindo paciência. — Rosellyn, você tem a faca e o queijo nas mãos. Abandonar essa oportunidade é o mesmo que abandonar o pote de ouro no fim do arco-íris.

1 4 3 • jjkWhere stories live. Discover now