V i n g t

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Pissenlit. Era o nome do enorme quadro pendurado no meio de um corredor vazio e escondido abaixo das escadas da sala de estar da casa de Jungkook. Atrás dele havia uma passagem que levava ao porão. Lugar ao qual não ousei saciar minha curiosidade. Ao menos não por decisão própria. Tinha medo do que minha curiosidade poderia acarretar se caso me aventurasse a descobrir o que havia naquele porão.

Mas, o quadro grande por si já foi capaz de ocupar todo espaço vazio em minha cabeça. O que não era maior que um grão de arroz. A pintura estampava um vasto campo de dente-de-leão, no fundo se destacava o por do sol, retratado nas cores fortes laranja, vermelho e amarelo. O campo era engolido por branco e verde, onde no chão um pequeno garotinho se deitava, criando entre as flores um anjo de neve versão dente-de-leão e grama amassada. Era uma pintura tão simplista, mas fascinava no primeiro olhar. E meus olhos apenas conseguiam encarar o pequeno garotinho. Obviamente era Jungkook.

Tudo ali seria apenas bonito, se caso não tivesse sido pintado por Yoora. Algo naquela pintura me perturbava. Talvez seja o significado oculto ou a retratação de um pequeno Jungkook feliz, sendo que muita coisa estava começando a comprovar que sua infância não foi o que deveria ter sido. Havia também o fato de que um dos significados da flor dente-de-leão era a liberdade. Quanto mais teorias criava, mas me afundava no questionamento do porquê Yoora pintaria Jungkook em um campo de liberdade.

Tantas perguntas assustadoras necessitando de suas respostas caóticas.

— Rosellyn — meu nome foi dito por uma voz doce e baixa. Desvio o olhar da tela do celular para encarar Izabela descendo as escadas.

Depois de um dia inteiro sozinha na casa de Jungkook, eu passei a tomar medidas agressivas e arriscadas. Uma delas foi procurar por respostas onde não devia. Meu encontro com Hank estava marcado para amanhã, mas a perturbação em minha cabeça me forçou a procura-lo um dia antes. Não trazia nada em mãos além da tentativa tosca de obter respostas.

Notavelmente as coisas já não estavam indo de acordo com o que planejei comigo mesma. A pessoa me recepcionando não era Hank, o que diante do olhar traiçoeiro de Izabela, parecia ser mil vezes melhor. Mantenho a calma, entendendo que não era necessário cordialidade alguma ali. Ela já me conhecia e eu já a conhecia.

— Izabela — mesmo assim seu nome saindo de meus lábios naquela voz baixa foi assustador. Era como se fôssemos amigas distantes de longa data. Não gostava daquela sensação.

— Sente-se, tenho certeza que nossa conversa será extensa — ofereceu o sofá atrás de mim. Suspirei baixo, imaginando que Jungkook me mataria se soubesse que estava sozinha pisando, por pura e espontânea vontade, em campo inimigo.

— Não querendo ser ignorante, mas tenho assuntos a tratar com Hank, não com você — sorriu diante de minhas plavras.

— Hank quase nunca está em casa, ainda mais quando aparecem sem avisar. Mas posso garantir que sou melhor que ele para responder seus questionamentos.

Não era surpreendente ela saber qual era minha intenção ali. Antes mesmo de estar diante dela desconfiava que estivesse a par de tudo. E quando digo tudo, era de absolutamente tudo. Seu olhar exalava a confiança que transbordava dentro de si, deixando óbvio que ela possivelmente tinha uma solução para qualquer problema que lhe aparecesse. Mais especificamente os meus problemas.

— Não confio em você — deixo claro antes de mais nada. Seu curto sorriso continuou firme em seus lábios.

— Mas deveria, muito diferente do que você pode achar, eu não sou a vilã dessa história, Rosellyn — Minha língua coçou para tocar no assunto Joshua e sua falha tentativa de me sequestrar, mas me mantenho quieta. Penso que não deveria trazer tal assunto à tona. De qualquer maneira, ela já estava muito bem ciente dele.

1 4 3 • jjkWhere stories live. Discover now