O n z e

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Embora tudo estivesse acontecendo há mais de duas semanas, apenas fui me dar conta no que estava prestes a fazer quando entrei no quarto de Joshua. Um quarto escondido aos fundos da boate Érotice, mas ainda sim, seu quarto. Exclusivamente seu quarto. Assim eu fingi acreditar.

Ali dentro eu tive noção da profundidade do problema a qual estava me metendo. O engraçado era ter aceitado que não iria recuar, e saber que já não sentia medo de me afundar cada vez mais naquela loucura.

Assim que passei pela porta rodei no lugar, impressionada com a fascinação que Joshua tinha em pintar tudo de preto.

— Fique à vontade, vou pegar uma toalha molhada para te limpar — foi o que ele disse assim que trancou a porta com voltas demais.

— Toalhas? Achei que iria usar a língua — eu disse. Joshua ficou visivelmente abismado com minha audácia. Parou no caminho, sem saber o que fazer.

— Ainda é uma opção — se recuperou rápido do baque. Já o carinha que chiava em meu ouvido iria, ao que tudo indica, me matar assim que deixasse o lugar. E nem mesmo me referia à Jungkook. — Basta saber se é o que você realmente quer — foi minha vez de ficar confusa.

— Tá me dizendo que não quero transar com você?

— É o que seus olhos dizem — deu de ombros, indo até o banheiro com algumas toalhas de rosto em mãos, voltando de lá com apenas uma, molhada o suficiente para me limpar sem me molhar mais que o necessário.

— Certos rumores fazem ser impossível acreditar que você  consiga ver o que uma mulher quer só em olhar em seus olhos — falo em provocação. Ele sorri.

— Rumores inválidos. Caso contrário não saberia como dar prazer à uma mulher.

— Argumento válido. Mas ainda sim, isso soa tão longe da sua realidade.

— Da minha realidade? Não seria da realidade que revistas de fofocas criam baseado naquilo que faço elas acreditarem ser verdade?

Touché — passo a língua por meus lábios secos. O pouco que bebi do coquetel de Karla me deixou com sede. — Só é um pouco impressionante saber que Joshua Cavan é na verdade um cavalheiro — dou meia volta e me sento no sofá. Outro sofá de couro. O inimigo infindável de coxas grossas.

— Não é uma questão de cavalheirismo, mas passar a língua em seu corpo não é exatamente o que você está demonstrando querer no momento.

Se fosse em outra ocasião, eu estaria pulando no colo daquele homem e Deus sabe-se lá o que estaria fazendo. Afinal, quando julguei sua aparência alguns dias atrás, fui terrivelmente péssima. O cara tinha seu charme. Não era um total palerma. Porém, faltava algo nele que me incomodava. Só não sabia dizer o que exatamente poderia ser.

— Certo, pode parecer estranho, ou mesmo não muito fácil de se entender, mas eu realmente não faço esse tipo de coisa. Não pense que sou uma mulher atirada.

— Em momento algum isso me passou pela cabeça — sorriu de canto.

— Tive uma importante razão para minhas intenções tão descaradas.

— Fiquei interessado em saber que razão seria essa — Se sentou no puff em minha frente. Pernas abertas e as mãos cruzadas entre elas. Joshua era alto e tinha ombros largos. Entendia a razão pela qual Karla queria roubar sua atenção.

— Não é nada que seja interessante à você. Só acontecimentos irritantes na vida de uma mulher como eu — noto que seus olhos não conseguiam sair do decote do vestido, até que passo a toalha na região. Ele piscou algumas vezes, buscando tentar focar sua atenção diretamente em mim.

1 4 3 • jjkOnde as histórias ganham vida. Descobre agora