Capítulo 4 - Armadura

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Olá olá!

Enfim mais uma quarta-feira chegou e com ela novo capítulo! E a cada vez estamos mais perto de descobrir quem é o noivo e conhecendo mais a Alissa...

Será que finalmente vamos  encontrar algum motivo que faça ela querer ficar ou só mais estresse pra essa princesa "pinsh-ariana"?

Hoje deixei uma musiquinha junto ao capítulo <3 

Se gostarem do capítulo, não esqueçam de deixar o votinho 

Sem mais delongas, bora ao que interessa!

***

A poucos metros do salão, meus pés se enraízam no chão. Aperto a saia com força. O burburinho ininteligível das conversas se junta ao zumbido interno.

Mamãe me alcança e para ao meu lado por um segundo, apenas para um último olhar de advertência. Controle-se e entre, é o que as íris esverdeadas dizem. É sábia o suficiente para não pronunciar as palavras em voz alta, já que não estamos mais na segurança familiar do quarto.

Não, esse é o coração da Corte Real.

E hoje, além dos nobres de costume, há os que já chegaram para prestigiar a Princesa-Herdeira em seu baile de aniversário, o último antes da coroação... ou apenas o último que irão presenciar.

Mamãe, de queixo erguido e pose majestosa, a rainha encarnada, entra no salão.

Me obrigo a inspirar profundamente, empurrando o magma entalado no peito para um porão.

Só preciso passar por essa noite e então terei tempo para pensar melhor; são só algumas horas, prometo a mim mesma.

Alexander costumava falar sobre usar a imaginação para ajudar a passar por situações complicadas; criar cenários e soluções e usá-los como escudo mental. Respiro fundo mais uma dezena de vezes, a cada inspiração vestindo uma peça da gélida armadura de indiferença, feita sob medida para enfrentar a corte. E, com a pose de herdeira que esperam encontrar, percorro os últimos metros e atravesso a porta.

O salão mais usado para jantares e para passar tempo em noites corriqueiras é mediano e vagamente pentagonal, em tons pasteis de azul, branco e salmão. Mesmo que a corte esteja mais cheia, não é o suficiente para o lugar ficar apertado. Mas é o suficiente para eu me sentir sob uma lupa quando dezenas de olhos se voltam em minha direção.

Como na biblioteca, finjo não sentir e vasculho o salão, procurando papai para a obrigatória reverência.

Olho primeiro na direção do aparador de bebidas apenas porque fica quase em frente à porta, do outro lado do salão, e porque ele pode estar conversando com algum nobre... Mas ali há apenas um punhado de rapazes me encarando de forma desconfortável enquanto cochicham – e param apenas para fazer uma reverência apressada à distância. Mais para a direita, desgarrado do grupo, alguém de sobretudo preto está com o rosto virado enquanto os ombros sacodem no que parece um acesso de tosse...

E é a poucos metros dele que avisto meus pais.

Papai está com uma sobrecasaca azul-escura – de alguma forma, mamãe o convenceu a usar da forma "correta" essa noite e até mesmo usar um colete carbono. Ele franze a testa para mim enquanto mamãe, que mal lhe alcança o ombro, segura seu braço e fala algo – provavelmente o teor de nossa conversa.

Inclino a cabeça numa reverência dura, para não levantar mais cochichos, e me viro na direção oposta.

Para os janelões e a varanda.

Apesar de ser costume descer para o salão às sete, o jantar só é servido às oito. Ainda tenho uns minutos. Quinze minutos, se for o cronograma de sempre. Quinze minutos de aflição silenciosa na qual o nó em meu estômago vai continuar se apertando mais e mais enquanto preciso fingir que nada está...

Tratado de VidroWhere stories live. Discover now