Capítulo 1

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Maria Letícia

21:34h, sexta-feira, junho

Respirei fundo tentando não brigar com o Felipe de novo, tava complicado. Eu já tinha falado mil vezes que não ia pra festa nenhuma, ele se fez de doido e veio me buscar.

Rei: Vamo cara, tu quase nunca sai com nós - balançou meus braços - Bailão tá só o frevo - me sacudiu - Por favor, Lelê..

Maria: Felipe, eu já disse que não vou - gritei - Não quero ir pra porcaria de festa nenhuma, não quero - explodi gritando com ele que arregalou os olhos me olhando.

Rei: Tudo bem, calma - segurou minhas mãos - Respira, tá tudo bem.

Encostei minha cabeça no ombro dele que suspirou pesado olhando pro espelho a nossa frente.

Maria: Eu só quero ficar sozinha, só quero evitar ver pessoas, Bat - sussurrei.

Rei: Relaxa, não precisamos ir - beijou minha cabeça - Foi mal - falou baixinho me soltando.

Maria: Só desculpo se fizer chocolate quente pra mim - ele riu assentindo.

Rei: Eu te amo tá? - assenti e beijei seu rosto - Você é minha pessoa favorita - cantarolou - É, tu é - beijou meu nariz e eu sorri olhando ele.

Maria: Deveria largar tudo e virar cantor - sorri e ele bateu na minha testa negando.

Rei: Tudo o quê se não tenho nada? - eu ri.

Felipe agarrou minha mão me guiando até a cozinha, parei vendo ele pegar as coisas pra fazer meu chocolate. Ele me pegou pela cintura me colocando em cima do balcão e balancei meus pés. Alcancei o pote de biscoito pegando um enquanto observava o garoto que chamo de melhor amigo.

Conheço o Bat desde os três anos, conheci na escolinha, era a última semana dele lá . Depois que saiu eu passei uns dias sem vê-lo e só fui me aproximar mesmo quando mudei pro morro com meus pais e minha irmã.

O apelido é por causa que quando o conheci era uma festinha fantasia, ele tava de Batman, uma gracinha, três dias depois da festa ele ainda ia vestido de Batman dizendo que era o super herói, tava mais pra um morcego atropelado com a fantasia toda amassada.

Agora ele tem vinte e três anos e eu não consigo esquecer desse apelido de jeito nenhum.

Eu tenho quase dezenove, tenho ansiedade, sou bem chatinha e moro sozinha em uma casa na entrada do morro que meu pai deixou pra mim.

Saudades do meu pai, muita saudade.

Hoje faz seis meses que ele se foi.

Eu era uma criança feliz, cheia de amigos e tinha um ótimo relacionamento com meus pais.

Éramos eu, minha mãe, meu pai e minha irmã mais nova, família linda e mesmo com muitos problemas éramos felizes. Até que tudo foi por algo abaixo, por causa da minha mãe.

Carla destruiu nossa família com uma traição, ela começou a se envolver com o marido da amiga e vizinha dela, viraram amantes e ninguém suspeitava de nada.

Até que um dia tudo veio a tona, aí a coisa complicou, brigas, discussões, gritaria..era só o que eu vivia e ouvia, meus pais brigavam, a mulher do amante da minha mãe batia nela na rua, todo mundo vendo aquilo, pra mim era vergonhoso de mais.

Felipe sempre esteve comigo no meio desse caos todo, quando eu chorava ele sempre tava lá me ajudando, ele é incrível.

Comecei a ter crises e mais crises, todo dia eu chorava e batia em mim mesma, era horrível, na minha cabeça eu tava descontando toda a raiva que sentia, as marcas no meu corpo nunca me deixavam esquecer tudo que aconteceu.

É você, 𝓜𝓪𝓻𝓲𝓪 𝓛𝓮𝓽í𝓬𝓲𝓪Where stories live. Discover now