Capítulo 10

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Caçula

19:23hrs, terça-feira, julho

Fernando, as vezes Nando, sempre Caçula. Não sei nem o que falar de mim, talvez eu saiba mas não sei onde começa, e..talvez comece quando nasci não é? Ou quando tava na barriga da Fabíola, sei lá. Mas como começar a contar uma coisa que eu não lembro?

O que me contavam era que quase morri antes mesmo de nascer, minha mãe engravidou nova, até o dia que nasci só sabiam de um bebê, meu irmão Felipe ou Rei.

Fabíola passou nove meses achando que tava esperando só um filho, e eu lá, junto com ele, só que cara cês acreditam que eu me perdi?

Acho que quando sai do saco do meu pai eu era o mais lerdo, não sei nem como consegui chegar no útero da mãe. Do nada eu lá, nas costelas dela, escondido não sei pra quê.

Tá, isso não teve graça nenhuma.

Pulando várias partes e resumindo a história eu fui criado longe disso tudo, tava mal pra caramba e não tinha condições nenhuma de eu ficar aqui, meu pai teve a brilhante ideia de me mandar pra França, uma porcaria lá. Minha tia era chata pra porra, e eu nem podia reclamar.

Fui criado por ela e via meus pais só por chamadas de vídeo, meu pai ia me ver uma ou duas vezes no ano e Fabíola nem aparecia.

Depois que meu irmão nasceu eu ainda fiquei lá, no escurinho, acredito que eu tava era com medo, sei lá.

Sou mais novo oito horas, é, oito mermo.

Tive várias doenças e infecções, não era nem pra eu tá aqui, agora não me perguntem como que eu tô.

Acho que era pra eu tá né, o universo queria que eu tivesse.

Depois que fiz dezoito anos eu vim pra cá, que bom que eu vim, ainda tive a chance de ficar com meu pai um pouco.

A Fabíola nem me olhava direito, parecia sentir raiva, nojo, não sei.

E porra, eu sou tão legal e lindo. Quem não ia gostar de mim?

Agora eu sou outro cara, nem parece que nasci quase morrendo, as doenças que eu tinha se foram e agradeço a Deus por isso.

É bom não ter que ir em hospital todo dia, é daora respirar direito sem precisar de um monte de remédio e é melhor ainda tá com meu irmão.

Ele é com certeza a pessoa que eu mais amo nessa vida.

Giovana: Nando, me ajuda com esse aqui - me chamou apontando pro guarda roupa.

Caçula: Claro - fui até la.

Eu tava na casa dela ajudando com os móveis do bebê, colocar no lugar, montar, arrumar o quarto, essas parada.

A Maria tava toda boba com o bebê e já comprou os móveis do quarto, chegou hoje e ela pediu pra eu ajudar a Gigi.

Eu acho que a Letícia tá querendo dá uma de cupido, ela disse que não tá, mas vai saber.

Tomara que dê certo..

Tô de olho na Giovana tem um tempo, ficava vendo ela passar pelo morro, as vezes a gente trocava uns olhar, mas eu nem falava nada, ela também não falava comigo.

A gente só fazia uns gestos quando se via por aí, um olhar, um aceno, essas coisas.

Graças a Lua me confundir com o Felipe a gente se aproximou um pouco e depois do aniversário da Maria um tantinho mais.

Já rolou até um beijo, mas a bunita finge nunca aconteceu.

Caçula: Tá bom aqui? - ela assentiu - Quer deixar o berço onde?

É você, 𝓜𝓪𝓻𝓲𝓪 𝓛𝓮𝓽í𝓬𝓲𝓪Where stories live. Discover now