Capítulo 54

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Katrina

09:38hrs, sábado

Nascida e criada em família rica, pais empresários, distantes e frios.

Eu fui uma criança triste e cresci cheia de traumas, decepções acumuladas que nunca consegui contar pra ninguém.

Papai é empresário, tem várias lojas em shoppings, tem empresas de carros e oficinas espalhadas pelo Brasil todo e algumas empresas fora do país.

Assim que nasci minha mãe me deixou com uma babá, ela só passou um mês comigo por causa do resguardo e logo fui cuidada por várias pessoas que nem eram da família. Segundo ela, não podia deixar os negócios por conta dos sócios.

A minha infância toda foi ruim, eu queria os meus pais e eles nunca estavam lá.

Papai até que tentava, ele sempre que podia tava comigo, quando viajava vivia me ligando, minha mãe não gostava muito que ele me ligasse, então fazia isso quando tava sozinho.

Eles viviam viajando, as vezes eu os via uma vez no mês, uma vez a cada três meses e assim ia.

A dona Nita, dizia que era pra me dar uma vida boa, mas se aquilo ali era vida boa eu não queria nem saber como era a ruim.

Dona Nita era minha babá, ela era incrível, parecia uma avó, me tratava igual tratava os netos e eu a amava muito, ela morreu a alguns anos em um acidente de avião.

Minha primeira palavra foi Nita, ainda lembro dela me contando isso, os olhinhos brilhavam e ela ficava toda boba.

Tinha a Ruth, Matilda e Teresa, minhas babás também, sempre tinha duas em casa e outras duas de folga, elas faziam tabelas pra cada uma cuidar de mim num certo horário, de dia e de noite.

Eu morava em um condomínio muito chique, casona enorme, carros caros na garagem, era uma vida de princesa, só que sem o rei e a rainha.

Lembro direitinho da primeira vez que fugi de casa pra conhecer o mundo, eu tava cansada de viver no meu mundinho cor de rosa, queria saber como era tudo fora daquela bolha.

Não sei nem como vim parar no morro, mas eu lembro bem de andar por horas com minha bolsinha de cachorro e uma lata de refrigerante na mão.

Eu tinha doze anos, não sabia nem os riscos que corria fora do meu mundo, mas queria saber onde ia parar.

Cheguei aqui era de tardezinha, fiquei andando, todo mundo me olhando estranho, eu já tava com medo das pessoas, mas aí eu vi um garoto, ele tava sentado no barzinho, tinha umas feias no colo dele.

Ele era lindo.

Fui até lá e perguntei as horas, era só uma desculpa pra falar com ele, o menino sorriu e era mais lindo ainda sorrindo.

Marcelo.

Tinha dezesseis anos, carinha de criança e atitude de homem, eu tava encantada por ele, ele era muito legal.

Conversou comigo por horas e eu já tinha falado a minha vida todinha pra ele, Marcelo me apresentou os outros, Dário, Denis e Lucas, eles eram mais legais ainda.

É você, 𝓜𝓪𝓻𝓲𝓪 𝓛𝓮𝓽í𝓬𝓲𝓪Donde viven las historias. Descúbrelo ahora