Capítulo 57

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Moreira

09:52hrs, quarta-feira

DJ: Se ainda quiser eu faço o serviço - repetiu e bufei.

Moreira: Eu já disse que não precisa mais, tá surdo nesse caralho?

DJ: É só largar os três na porta do abrigo, é de boa, pensa bem.

Moreira: Eu pedi pra tu desenrolar já tem um tempão, agora não precisa mais desse serviço. Me livrar dos três ia ser bom, tava nem ligando pra nada, a lei se virava pra achar os pais deles...- ouvi alguém derrubar algum bagulho no chão e parei de falar.

DJ: Então chefe, precisando é só dar a ordem.. se preferir eu apago eles - desliguei.

Moreira: Gui? - subi as escadas - Gabriel? - abri a porta do quarto do Guilherme e tava vazio.

Só falta ter escutado coisa errada.

Moreira: Gabriel? - bati na porta do quarto dele, entrei devagar e também tava vazio.

A cortina balançou olhei os pés da Tina no sapatinho do balé, fui até lá arrastando a cortina e ela me olhou assustada balançando a cabeça.

Moreira: Ei, o que foi? - falei calmo tentando tocar no rosto dela.

Valentina: Sai, não me toca - se afastou limpando as lágrimas - Você é mau, você é igual o papai - gritou chorando.

Moreira: Tu entendeu errado, juro que não é isso que tá pensando - me aproximei e ela gritou chorando muito - Calma, não vou tocar em tu não.

Gui: Tio, acredita que eu esqueci a Tininha em casa - entrou no quarto dando risada e parou ficando sério olhando pra gente - O que foi, Valentina?

Moreira: Ela entendeu uma parada errada..- tentei mais uma vez me aproximar dela.

Valentina: Não toca em mim, não chega perto - correu pra o outro lado do quarto.

Gui: O que tu fez com minha irmã? - me encarou sério.

Moreira: Nada, eu não fiz nada, ela entendeu tudo errado - sentei na cama olhando os dois.

Gabriel: Que demora do cara..- tapou a boca quando me viu - Eu não ia falar palavrão não hein.

Valentina: Eu não quero ficar aqui - chorou abraçando o Guilherme.

Gui: O que foi que tu fez com ela? - perguntou de novo aumentando o tom de voz.

Valentina: Ele quer entregar a gente pra polícia, pra eles acharem a mamãe - balancei a cabeça negando.

Guilherme me olhou mais sério ainda, o moleque parecia não ter medo de nada. Levantei encarando os três tentando achar um jeito de explicar, Valentina chorava muito, Gabriel tava quieto sem falar nada, podia ver seus olhos vermelhos e me senti um filho da puta.

No começo eu quis sim entregar eles, não tava nem aí pra nada, não tinha que cuidar de criança abandonada pelos pais, ia até ter uma conversa com a Maria Letícia por ter falado pra me procurarem.

Cheguei a oferecer dinheiro pro DJ levar eles pra algum abrigo e largar eles lá.

Mas aí eu vi a Valentina, ela tava toda tristinha, com fome, suja, tava magra de mais. Dei um lanche daora pra ela, a garotinha comeu com gosto e toda hora agradecia.

Foi por causa dela que decidi fazer o certo, agora eles são meus filhos e ninguém é doido de dizer que não.

Amo os três igual, aprendi amar eles, eu nem queria isso, mas rolou.

É você, 𝓜𝓪𝓻𝓲𝓪 𝓛𝓮𝓽í𝓬𝓲𝓪Onde histórias criam vida. Descubra agora