Capítulo 98

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Caçula

sexta-feira

Entrei no quarto devagar e já senti mó parada estranha, mas eu queria tanto ver ela que deixei todo sentimento ruim de fora.

Eu não sei o que deu em mim mas quando acordei hoje eu só queria ver a Fabíola, hoje tô indo embora pra casa e não sei quando vou ver ela de novo.

Queria saber como estava antes de voltar pra Rocinha.

Assim que ela me viu se agitou mas tentou ficar calma, cheguei perto e segurei sua mão que tava gelada.

Fabíola: Tá fazendo o que aqui? - falou baixinho encarando a parede.

Ela tava mal e quase não ficava com os olhos abertos, senti uma dor no peito por imaginar o tanto que ela sofreu lá, presa, sendo torturada por tanto tempo.

Caçula: Tava louco pra te ver, pra saber como cê tava..

Fabíola: Tu é o Nando - sorriu fraco - O-oi - tremeu a voz.

Caçula: Achou que era o Felipe? Ouvi dizer que mãe nunca confunde os filhos - ela sorriu de lado.

Fabíola: Vocês tão iguais, eu vi ele pelo vidro, quer dizer, eu acho que era ele.

Caçula: É, acho que era - sentei na cadeira perto dela - Como a senhora tá?

Fabíola: Melhor, mas ainda muito dolorida, é insuportável essas dores - reclamou - Mas tudo bem, o importante é que tô viva.

Caçula: Isso aí, e logo vai tá tudo bem, tenho certeza - ela assentiu olhando pro teto - Por que não olha pra mim?

Fabíola: Não consigo - falou baixinho - Eu não sei..- seus olhos encheram de lágrimas - Não consigo.

Caçula: Ei - toquei o rosto dela - Tá tudo bem, olha pra mim - pedi - Sou teu filho pô - ela me olhou chorando - Calma tá.

Fabíola: Era pra tu me odiar, por que não me odeia como o Felipe? Eu não fui uma boa mãe, não mereço que esteja aqui..

Caçula: Não importa se foi boa mãe ou não, pode ser de agora em diante, fica tranquila.

Fabíola: Me desculpa, desculpa por tudo, me perdoa - balancei a cabeça - Me perdoa por ter sido uma péssima mãe, por ter te deixado longe tanto tempo, me perdoa por ter ficado afastada quando tu voltou, desculpa por tudo - pediu chorando baixinho.

Caçula: Tá tudo bem, tudo bem, mãe - abracei ela como dava, eu não tava com dor mas sentia um incomodo por causa da cirurgia.

Fabíola: Eu amo você, filho, eu amo muito você - ela beijou minha cabeça e eu beijei a testa dela me afastando - Diz que pro Felipe que eu amo ele, eu queria pedir perdão por tudo, eu juro que não queria deixar o pai de vocês, mas ele me traiu e eu não ia suportar ficar lá e sofrer mais, fala que eu sinto muito por tudo.

Caçula: Eu falo, mas olha aqui, vocês vão conversar, ele vem aqui comigo e a gente conversa tá bom? Fica calma, cê não pode ficar nervosa assim - limpei as lágrimas dela.

Fabíola: Quando ele vir eu já não vou tá mais aqui..- olhou pro nada.

Caçula: Não diz um bagulho desse não, vai tá aqui sim, para de nóia - ela balançou a cabeça e sorriu fraco - Vai ficar tudo bem, tá bom?

Fabíola: Eu acho que não - suspirou - Só.. me desculpa por tudo, eu queria falar contigo quando voltou mas eu sentia tanta vergonha por ter te deixado de lado, por ter rejeitado um filho, preferi te manter longe pra não machucar mais.

É você, 𝓜𝓪𝓻𝓲𝓪 𝓛𝓮𝓽í𝓬𝓲𝓪Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum