Capítulo 115

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Paola

21:38hrs, quinta-feira

Eu sempre quis um príncipe encantado, sempre.

E eu achava que realmente ia ter um, mesmo que na favela, eu achava que iria encontrar um homem incrível que fosse me dar todo amor do mundo e que ia me amar mais que qualquer outra coisa, que eu ia ser a princesa dele e que não iria ter nada acima de mim na vida dele.

Eu queria um principe.

Nem que fosse um príncipe favelado que ao invés de espada segurasse um fuzil, nem que ao invés de uma capa usasse um colete a prova de balas, não iria me importar com as gírias usadas, nem com a cara de bandido, sendo um cara legal pra mim tava ótimo.

Me tratando como a mulher mais incrível do mundo tava bom, eu não tava pedindo muito, quer dizer, pedir amor e pedir pra ser a única é pedir muito?

Eu só queria um cara que fosse bom pra mim e que nunca me faltasse com respeito.

Quando falo que queria um príncipe encantado não é literalmente um, óbvio, não teria nem como achar um desse no mundo em que vivo, mas poxa, se eu procurasse direitinho com certeza ia achar alguém que me amasse tanto ao ponto de dar a vida por mim.

Com quinze anos eu achei que tinha encontrado, grande decepção.

Ele era bom, bonito, educado, me tratava bem e as vezes eu até pensava que ele era mais do que eu merecia..

Mas aí ele me traiu.

Com uma mulher de vinte e oito, sério, eu fiquei sem chão.

Ele tinha dezessete, era um moleque ainda, eu não sei o que diabos deu na cabeça dele.

Daí foi só confusão, eu fui até a mulher pra tirar satisfação, ela meteu a mão na minha cara e a briga passou a ser da minha mãe com a vagabunda.

Dona Cat não deixou barato não, foi em cima da mulher mesmo, deixou ela no chão, acabou com ela e ainda saiu sem nenhum arranhão.

Depois de uns dias a maluca veio querer me bater de novo, a Camila tava comigo e foi nesse dia que o inferno pra aquela mulher começou, a Gata marcou direitinho a cara dela, minha prima tinha só dezoito anos mas parecia mais velha só pelo jeito de agir.

Ela me defendeu de um jeito que nunca pensei que alguém ia me defender, e foi aí que a gente se aproximou pra valer, antes eu e a Gata só conversávamos em festa de família, aí depois que ficamos amigas.

Ela me apresentou os amigos e queria que eu arrumasse um novo namorado, mas nenhum deles me interessou, nem mesmo o Farpa que era o que eu achava mais bonito.

Eu também achava os gêmeos lindos, mas não era pra mim, não sentia atração, vontade de ficar e nem nada.

Em uma das festas que a Gata me levou eu conheci algumas mulheres e foi nesse dia que descobri que queria era uma princesa.

Eu sentia que era errado querer beijar uma mulher mas ao mesmo tempo eu não controlava o desejo e queria realmente aquilo.

Mas ainda era estranho pra mim.

Passei seis meses tentando tirar aquela vontade da minha cabeça, fiquei maluca e sai pra festas quase todos os dias, ficava com muitos homens numa noite, pra tentar esquecer a atração por mulher, e caramba, não tava funcionando.

Minha mãe ficava louca comigo indo pra tudo que é festa, principalmente por eu ser menor de idade, mas aqui no morro não tem isso de menor de idade nas festas ser proibido, passou de quatorze já entra nos bailes, eles proíbem a entrada só quando a mãe da adolescente vai diretamente na boca falar com o Moreira, e minha mãe não teve nem coragem de ir.

É você, 𝓜𝓪𝓻𝓲𝓪 𝓛𝓮𝓽í𝓬𝓲𝓪Where stories live. Discover now