Malu
16:46, domingo, dezembro
Entrei no carro do Gabriel e passei o cinto no meu corpo encarando a rua, suspirei encostando a cabeça no banco e ele arrancou com o carro subindo os vidros.
Branco: Prefere comer enquanto conversamos ou primeiro comemos e depois conversamos?
Malu: Tanto faz - resmunguei olhando minha unha - Podemos comer no Bin?
Branco : Pode ser - olhou pra mim e depois pra rua - Olha..
Malu: Depois, Gabriel - interrompi ele.
Conversar agora seria um erro, eu com fome sou chata, impaciente e grossa.
Ele balançou a cabeça e continuou a olhar pra rua atento ao trânsito. O caminho não era longo, mas agora parece que não tem fim, o que ataca minha ansiedade num nível jamais visto.
Eu e o Gabriel estávamos ficando com muita frequência depois da primeira vez, mas tem duas semanas que nós brigamos e ele começou a me evitar.
Talvez, só talvez, eu tenha evitado ele primeiro.
Malu: Posso mexer aqui? - perguntei olhando pra ele - Vou conectar no meu celular - ele assentiu sem desviar o olhar da rua.
Coloquei uma música num volume baixo e encostei a cabeça no banco, respirei fundo e soltei o ar devagar batendo as unhas na tela do celular.
Assim que chegamos eu desconectei tirando a música e sai do carro, o Branco me olhou inteira e saiu na frente me fazendo revirar os olhos e seguir ele.
O Gabriel pediu nossos lanches enquanto eu tava quietinha com meus pensamentos todos brigando por espaço na minha cabeça.
A real é que eu tô apaixonada pelo meu amigo de infância e não sei como agir nessa situação, pode parecer besteira, ou não, mas eu não sei como lidar com isso.
Nunca senti por ninguém o que ele me causa, fiquei com medo desse tanto de sentimento novo e acabei fugindo, comecei ignorando mensagem, ligação, evitei ver ele.
Não sei mesmo o que devo fazer, achei que ia querer me jogar de cabeça e deixar rolar, mas eu tô assustada e com medo de não ser pra ele o mesmo que é pra mim.
Acho que tenho medo de amar demais.
Engoli seco olhando as pessoas das mesas aos lados, alguns sozinhos, mas a maioria em grupos pequenos ou casais.
Suspirei desviando totalmente a atenção pra o homem na minha frente.
Branco: Quer? - ofereceu o molho e eu assenti.
Malu: Obrigada - peguei colocando no meu hambúrguer.
A gente comeu sem trocar uma palavra, talvez ele esteja querendo me dar espaço e tempo pra pensar, mas eu acho que tá piorando tudo.
Porque se eu penso demais minha cabeça vira de ponta cabeça e eu começo a falar sozinha pra tentar encontrar uma solução pra tudo, e falar sozinha me ajuda a organizar minhas ideias, o que é bem estranho.
JE LEEST
É você, 𝓜𝓪𝓻𝓲𝓪 𝓛𝓮𝓽í𝓬𝓲𝓪
TienerfictieSempre foi você, por isso nunca consegui me apaixonar de verdade, era você, tinha que ser.