Vladmir | twelve

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Estava olhando para o fundo do meu copo vazio. O crepitar da madeira ao fogo era um som que me tranquilizava, mas naquela madrugada nada estava fazendo minha cabeça relaxar. Nem o silêncio na biblioteca, o conhaque ou o som do fogo consumindo a madeira.

Nada até a lembrança daquele beijo macio nos lábios de Irina em meus lábios, do cheiro suave cobrindo meu lar.

Peguei a garrava, que estava ao pé da cadeira posicionada em frente a lareira da biblioteca, coloquei mais conhaque em meu copo e bebi um gole lembrando do quanto ela é diligente no que deseja.

Ela é uma boa menina, pensei levando o copo a boa com um meio sorriso.

Alguém bateu na porta e dei a ordem que entrasse.

– Seu pai está dormindo – disse Anuva, esposa de meu pai.

Não cheguei a olhar diretamente para ela. Estava com os olhos vermelhos pelo álcool.

Anuva não se moveu. Acho que ela esperava alguma reação minha. O que eu deveria dizer? Michelly encheu o nariz de heroína, bebeu e em seguida teve mais uma overdose em menos de um ano. Ele era tão miserável quanto eu, mas sabia ser um pouco mais idiota.

Infelizmente agora está debilitado em uma cama. E não sabemos quando teremos Michelly de volta ao comando. Talvez seja isso que Anuva veio buscar de mim, ordens, uma direção do que fazer agora.

– O médico foi embora? – indaguei olhando para a fogo.

Ela demorou um pouco para responder. Quando meus olhos a encontraram, ela assentiu.

– Onde está o miserável do Nikolai e a noiva dele?

– Nikolai está com seu pai nesse instante. Acho que Irina finalmente foi dormir.

– Onde está a irresponsável de sua filha?

– Eu não sei – respondeu de forma cansada. Depois respirou fundo. – Não vejo Kira desde a confusão entre você e Nikolai.

Tomei o resto da bebida e coloquei o copo ao lado da garrafa. Depois fiquei de pé e andei até próximo a Anuva.

– Sugiro que dome sua cria.

– Vladimir...

– Ela queimou todas as roupas de Irina, sabia disso?

Anuva engoliu seco, parecia envergonhada. Ela sabia que havia criado uma peste.

– Não – ela olhou para seus dedos da mão, depois ergueu os olhos para mim. – Vou resolver esse problema, prometo.

Ela estava para sair, mas a peguei pelo pulso e a fiz ficar.

– Outra coisa que quero que você faça.

Senti Anuva nervosa.

– Sim – Anuva tinha um olhar assustado.

– Não entre mais no meu quarto, não se atreva a querer me trapacear.

Anuva ficou sem cor.

– Eu sinto muito – disse com voz emocionada. – Seu pai...

– Não importa, Anuva – falei mais severo. – Você me enganou.

– Perdoa-me, Vlad. Prometo que isso não vai mais acontecer.

– Não, isso não vai acontecer porque eu não quero você dentro da minha casa, me observando.

Ela estreitou os olhos.

– Não, eu não faço isso.

Ela puxou o braço, eu estava a machucando.

– Já lhe disse – Anuva esfregou o local onde eu apertei. – Não vai mais acontecer.

Anuva abriu a porta e saiu rápido.

O dia chegou sem o sol para aquecer. Eu ainda estava na biblioteca bebendo quando chegou um empregado para me deixar uma bandeja de café da manhã.

Peguei a xicara de café.

– Onde está Irina?

– Não há vi essa manhã, senhor.

Bebi o café e coloquei de volta a bandeja.

– Ela não desceu para tomar café?

– Não. Também não pediu. Tentei deixar uma bandeja para ela no quarto, mas Nikolai proibiu minha entrada. Só pediu o máximo de gelo que de conseguisse.

Isso ficou estranho.

– Onde está Nikolai?

– Ele saiu tem mais ou menos uma hora. O senhor me desculpe pelo meu intrometimento, mas quando ele saiu tentei entrar novamente e deixar comida para a noiva dele, mas encontrei a porta trancada, chamei a senhorita Irina e ela não respondeu.

– Quem tem a chave mestra?

– Anuva. Mas eu a peguei hoje para abrir alguns quartos – ele foi falando e tirando a chave do bolso.

A peguei imediatamente e saiu para o quarto de Irina.

Abri a porta e não a encontrei em sua saleta.

– Irina?!

Nenhuma resposta.

– Irina? – Entrei no cômodo onde fica sua cama, estava vazia.

Entrei no closet, vaguei pelo corredor e em seguida entrei no banheiro, passei pela pia principal e chuveiro, mas foi na banheira que a encontrei. Amarrada e amordaçada, nua dentro de água cheia de gelo, completamente inconsciente.

Tirei a amordaça de sua boca e a corda que a mantinha presa dentro da banheira. A coloquei em meus braços, ela parecia uma pedra de mármore frio.

– Irina, fala comigo? – Coloquei em sua cama, puxei os lençóis e cobri seu corpo, apertei em meus braços, foi quando notei uma mancha em sua boca, Nikolai havia batido nela. – Porra, Irina, fala comigo!

Ela não reagia.

O empregado que havia me falado do caso entrou no quarto e ficou espantado com o que viu.

– Chama uma ambulância, agora!

Eu não sentia o pulso dela, porra eu não a sentia em nada.

BONECA RUSSAWhere stories live. Discover now