Irina | parte 03 | forty-one

325 73 21
                                    



Todos planejaram em minhas costas.

O teatro na noite em que o clã se voltou contra as ideologias de Vladmir não passou de uma manobra feita para o seu plano.

Ele sabia me envolver. Queria que eu me tornasse uma pessoa cheia de gratidão por tudo que fez para me tirar da casa de meus pais, impedir o casamento com Nikolay. Se voltar contra todos para que eu não fosse levada pelo clã. Tudo encenação.

Fui a boneca russa que eles brincavam tirando minhas camadas, puxando de mim tudo o que eu tinha para no fim ser apenas obetvos para seus benefícios próprio e me deixar no canto como se eu fosse um objeto de baixo valor.

- Se você buscar se acalmar um pouco... - Sofia aconselhava enquanto eu andava de um lado a outro lendo mais documentos. - E depois conversar com Vladmir, talvez, sem os ânimos a flor da pele...

- Ele não confessou com ânimo a flor da pele nenhum! - Expliquei. - Ele olhou nos meus olhos e revelou bem claro que tudo, sempre! Sempre! Foi um plano para pegar Nikolay.

Coloquei os documentos na caixa e fechei.

Sofia ficou olhando meus movimentos. Preocupada com minha saúde mental. Era uma pancada atrás da outra, sem muito tempo de intervalo para conseguir respirar.

- Quem você acha que mandou tudo isso? - Sofia olhou para caixa.

- Talvez o próprio Nikolay. - Falei e a menina ficou pálida. - Raquel também é uma possibilidade já que sabia tanto, talvez tenha visto nas coisas de Vladmir e trouxe para desmascara-lo. Pode ser uma manobra para eu deixa-lo, e funcionou. O que vejo de importante em tudo isso é me manter longe de mentirosos que gostam de brincar com sentimentos dos outros.

- Você disse para mim, minutos antes de tudo isso acontecer, que ele te ama, Irina. Pensa melhor. Possivelmente Vladmir já vinha se organizando para lhe contar, e quando viu tudo nas suas mãos antes dele revelar lhe contou uma versão mais crua.

- Uma versão mais crua? - Fingi sorrir. - É sério isso, Sofia? Você está amenizando o fato dele ter brincando comigo, com minha vida, com minha trajetória, minhas lutas e sentimentos para  dar essa porcaria de explicação?

- Não é minha intenção defender Vladmir - tentou se explicar. - Só que eu não acredito que ele chegou ao ponto de dizer que te ama sem que seja verdade. Sejamos bem realista, ele não mentiu pra você em momento algum, ele omitiu fatos que planejava contar.

- Qual a garantia que ele me contaria tudo? Confrontei Vladmir sobre o fato dele dizer que me amava, sabe o que ele fez? Ficou em silêncio!Daria para confiar em alguém assim?

Meu corpo e mente estavam exaustos. Eu não sabia o que fazer dali por diante, mais uma coisa é certa,Vladmir vai sair da minha vida o mais rápido possível.

Alguém bateu a porta do meu quarto e Sofia correu para atender.

- É o advogado que você mandou contratar.

Pedi para que ela o deixasse entrar.

O homem de paletó entrou cauteloso na minha suite.

Ele parecia inglês. Alto, forte e ruivo. Os olhos de um azul intenso. Ombros largos e fortes.

- Sou Richard - ele falou olhando para Sofia, depois para mim.

Notei que Sofia se encantou com o advogado.

Peguei a caixa e coloquei sobre a mesa que nós mantinham longe.

- Sou Irina. Ao menos era assim que eu era chamada antes de saber a verdade.

- Do que se trata o pedido de assessoria? - Ele olhou a caixa.

- Herança de família. Essa casa era dos meus pais e por muitos anos Michelle Ivanovich se apossou dela com sua família. Agora eu quero que todos saiam. De uma forma dentro da lei.

O advogado olhos o documento da propriedade.

- Posso me instalar em algum cômodo para analisar tudo com calma? - Richard perguntou, pegando todos os documentos.

- Tem uma sala adjacente aqui. - O guiei. - Estarei do outro lado. Quando tiver um parecer, ainda que vago, me chame.

- Claro.

Fechei a porta.

- Você não está brincando mesmo. - Sofia soltou.

- Não.

Me sentei no sofá com ansiedade nas alturas.

Teve uma hora que a chuva começou a cair então lembrei do altar de rosas. Do casamento pelo qual eu nem dormia direito de tão ansiosa. Pensamentos foram ampliando e lembrei da viagem de lua de mel. Dos planos que fizemos dias antes.

Até me lembrar das últimas vezes que me entreguei para ele, sem medo, sem vergonha, só querendo ser feliz. As memórias estavam ali dentro de mim, ainda vivas demais para fingir que nada aconteceu, e ao mesmo tempo tão distante da realidade ao ponto de me fazer não cair mais nas mentiras de Vladmir.

Curiosa, fui olhar a chuva que caia. Horas antes estava um sol tão lindo. Agora uma tempestade jorrava lá fora.

Vi o altar destruído. As flores aos pedaços sendo levada pela água da chuva. Algumas cadeiras viradas e jarros espedasados.

Tudo estava quebrado. Tudo.

- Senhorita.

O advogado me tirou dos pensamentos.

Sofia estava na sala de visitas da minha suite e felizmente não ouviu o que o advogado tinha para falar.

- Analisando a documentação que a senhorita me deu, o senhor Vladmir tem diretos de ficar na casa.

- E por qual motivo? - indaguei com indignação.

- Ele é seu tutor. E como a senhorita completou recentemente apenas dezessete anos, o senhor Vladmir tem o direito de ficar na casa, comandar os negócios da sua família e determinar tudo o que for saudável e seguro para senhorita até chegar seus dezoito anos.

Cai sentada na minha cama.

- Legalmente, o senhor Vladmir manda em tudo até sua maior idade.

BONECA RUSSAWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu