Vladmir | twenty-eight

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Quatro semanas depois.


— Fique quieto para que eu consiga limpar — Irina falou aborrecida, pela segunda vez.

Ela estava cuidando de mim desde o segundo que cai no chão com um buraco abaixo do meu fígado. Felizmente nada de ruim aconteceu. Mas ela sente culpada por eu ter levado uma bala em seu lugar.

A ferida estava sarando, mas Irina fazia questão de limpar três vezes ao dia. As refeições eram no quarto. Conseguia caminha melhor, mas ela estava comigo, impedindo que eu me esforçasse. Era um pouco ridículo e ao mesmo tempo bonito todo esse cuidado.

Quase um mês completo, eu conseguiria fazer muito mais coisas que Irina pudesse imaginar. Mas também estava gostando do seu cuidado.

— Talvez eu consiga mais uma bala antes do Natal — brinquei, ao vê-lo concentrada me colocando um curativo novo.

Ela ergueu o rosto. Seus olhos estavam severos.

— Não fale bobagem, Vladmir. Isso é sério! Você poderia ter morrido.

— Você também. Mas não estamos mortos. Kira estar.

— Kira encontrou o caminho que buscava. — Irina fechou o curativo. — Ela teve a chance de ser melhor, não optou por isso... então é o que é. Pronto.

— Obrigado.

— Já disse que não quero mais ouvir essa palavra quando estiver cuidado de você por causa desse ferimento.

Ela estava muito severa.

— Relaxe — pedi.

— Você não ver, não é? Se você... se você tivesse...

— ...Morrido. Você nunca iria se perdoar. — Toquei suas mãos. Elas estavam frias, um pouco tremulas. Irina realmente não estava bem. — Mas eu estou bem. E agora, graças a você.

Ela colocou tudo em uma maletinha e fechou. Peguei as duas mãos e tentei colocar dentro da minha camisa erguida até a barriga.

— O que está fazendo? — Ela não puxou as mãos, mas não colocou dentro da minha roupa como sugeria o movimento.

— Quero te mostrar algo — tentei explicar. — Ao menos fazer você sentir.

Ela me deixou guiar suas mãos e coloquei sobre alguns ferimentos. Eram cicatrizes que não dava para ver direito porque haviam pegado a tonalidade da minha pele, mas ao toque dar para sentir.

— Balas, facas... — Falei. — Todos os ferimentos que me fizeram sangrar. Mas aqui... — Coloquei sobre a direção do meu coração. — ... aqui está o maior ferimento que já fizeram na minha vida, e ainda assim, com todas as merdas que tentei me jogar, ainda estou vivo.

Irina não tirou suas mãos despois que as larguei. Ela ficou parada, sentindo meu coração pulsar, meu sangue esquentar, meus músculos ficarem rígidos. Até minha respiração ficar irregular.

— Você está febril.

Não era do ferimento.

— Cobertores quentes — menti.

Ela encaixou seu olhar no meu. Parecia excitada, confusa e ansiosa.

Irina é jovem, linda e cheia de cicatrizes físicas e emocionais. Nunca, ninguém, conseguiu ajudá-la de verdade, e fazer com que ela se tornasse uma pessoa livre estava duplicando seu carinho por mim.

Gosto e quero sua atenção. Sou um homem solitário, carente de gestos verdadeiros... cheios de cicatrizes como ela. Contudo, por experiência, eu acredito que nosso envolvimento não seja saudável suficiente para ela conseguir voar. Eu não quero que ela se mantenha parada. Quero que Irina voe, conquiste e viva.

Ela se inclinou na direção da minha boca. As mãos ainda dentro da minha roupa. Seus olhos estavam um pouco embriagados pela excitação. Conseguia sentir seu cheiro delicioso. O calor confortante do seu hálito. A macies de suas mãos ainda ali, me tocando sem movimentos. O corpo ficou mais próximo. Ela tinha seios lindo. Fartos o suficiente para saciar as chupadas. A boca entreaberta carnuda era a mensagem perfeita para dize-me que o beijo nunca seria tedioso, ao contrário, já toquei seus lábios e eles me deixam duro em um segundo.

— Você é especial para mim — ela disse, perto da minha boca, olhando em meus olhos.

— Você é importante para mim — declarei, colocando minhas mãos sobre as dela.

Me inclinei e a beijei. Irina puxou suas mãos e as colocou em meus cabelos, colocando seu corpo sobre o meu. Minhas mãos foram imediatamente no decote. Os seios duros e fartos enchendo minhas mãos.

Ela gemeu na minha boca, enfiando a língua e fazendo movimentos lentos. Ela aprendeu rápido a me provocar, então para se vingar, lhe dei um golpe baixo. Peguei uma mão dela e coloquei sobre a minha calça de dormir. Ela sentiu o quanto eu estava duro e sua anatomia.

Ela parou o beijo e me olhou.

— Nunca havia tocado em um homem — ela disse, com voz irregular.

— Eu nunca toquei em alguém como você. — A peguei pelos cabelos colando nossos lábios mais uma vez.

Escutamos alguém limpar a garganta, foi quando notamos a presença de Raquel. Eu achei invasiva. Deveria ter se retirado quando me viu junto com Irina.

— Desculpa — ela disse, sem graça. — Mas preciso conversar com você com urgência, Vlady

Irina se recompôs, mas deu para ver a insatisfação. Pegou sua caixinha de primeiros socorros e saiu sem olhar para Raquel.

— De verdade, me desculpe — ela repetiu, se aproximando.

— O que você quer conversar?

Ela fez contato com o lugar que Irina estava sentada.

— Posso?

Assenti.

Ela sentou e cruzou as pernas. Hesitou um pouco, mas finalmente disse para que veio.

— Quero conversar com você sobre Irina.

— O que tem ela?

Raquel me olhou com pesar. Como se Iriana estivesse com uma doença mortal.

— Sinto muito no que vou dizer, Vlady, mas é muito importante.

— Então fale de uma vez. Só não acho justo querer falar de Irina sem a presença dela. — A repreendi. — Se tem algo de errado ou contra Irina, deveria conversar com ela.

— Não é esse o caso.

— E qual é? Fale de uma vez!

— Irina, ela está doente.

— Que tipo de doença?

Raquel respirou fundo.

— Mental, Vlady. Irina é louca e precisa de interferência médica o mais rápido possível.

Sorri em deboche.

— Você está errada.

— Sou psiquiatra, sei o que estou lhe dizendo. A algo de errado com essa medida e ela precisa de intervenção médica o mais rápido possível. 

BONECA RUSSAWhere stories live. Discover now