Irina | forty-four

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Vladmir se deu por ferido, vencido, seja lá o que ele sentia no momento que perdeu o controle por mim, o fez sair pisando duro e batendo forte na porta.

— Foi apenas um teatro para machucá-lo? — Russel duvida das minhas intenções.

— Não gosto de teatros ou brincadeiras de mal gosto — esclareci.

Russel ficou me olhando, assim meio perdido. Depois me deu um sorriso desconcertante.

Ele era um homem grande, extremamente forte e com feições serias. Ele mal sabia dar um sorriso carinhoso, embora fosse muito atencioso comigo.

— Então a ideia do casamento é realmente verdade?

— Sim.

Eu não tinha dúvida alguma quanto minha decisão. Se era para ficar com alguém, que eu ficasse sem amar. Precisava de lealdade e proteção e quero acreditar que Russel era capaz para me dar essas duas coisas.

— Não posso me casar com você — ele disse, o que eu já esperava. — Vladmir além de seu meu patrão, somos amigos de longa data. Ele gosta de você, fez uma basteira enorme, é verdade, mas ele gosta de você.

— E você gosta de seu amigo? — Sentei e o estudei. Russel estava nervoso com a ideia de casamento entre nós.

— Como um irmão.

— Faria qualquer coisa para seu irmão?

— Onde quer chegar? — Me olhou meio de lado, intrigado.

— Se você realmente gosta de seu irmão, sabe que eu sou uma parte importante dos planos dele, e faria qualquer coisa para minha segurança...

— Irina...

— Também sabemos que tem um psicopata a solta e se me pegar, me casara a força e me tomara toda a herança. Eu preciso estar casada, Russel. Ao menos até minha maior idade.

— Você quer que eu fique um ano com você?

— Preciso.

Ele sentou próximo a mim, com os pensamentos confusos. Sentia que era o que precisava ser feito. Vladmir havia perdido toda a minha confiança e se casar com Russel era uma decisão necessária.

— A única coisa que precisa é perdoá-lo. Perdoe e continue com o plano de casamento com Vladmir.

— Você quer escutar minhas escolhas e entender ou quer me aborrecer com algo que não tem a mínima chance de acontecer.

— Você está com raiva, ferida, mas ainda o ama e isso tem que ser levado em consideração.

— Sabe o que não foi levado em consideração? — O encarei. — A ideia que eu poderia saber de tudo, assim eu não acreditaria que ele estava se casando por amor, por proteção... talvez, mas essa nem era toda a verdade.

— Se lhe ajuda em seus julgamentos, eu também sabia e não lhe contei. — Tentou sair da situação.

— Você não tinha nenhum compromisso comigo, apenas com Vladmir. E a julgar o pouco que lhe conheço, sei que aceitando o casamento vai ser um excelente marido.

— Isso é loucura! — Ele se ergueu, agitado. Estava sufocando com a ideia de não me ajudar e de machucar seu amigo. — Vladmir não vai concordar, ele é seu tutor. Precisamos da permissão dele.

— Ele não terá nada que fazer quando eu e você estiver junto e com a ideia fixa que casar comigo é o melhor para todos nós.

— Você quer puni-lo, Irina. Quer destroçar o que ainda resta dele.

— Eu não quero saber dos pedaços ou partes inteiras de Vladmir! Preciso que me ajude.

Russel começou a andar de um lado a outro. Pensativo. Distante.

— É um casamento de verdade? Digo... teremos lua de mel e dormiremos na mesma cama?

— Não. Infelizmente o resto que eu tinha de esperança para me relacionar com alguém foi tirado de mim.

Me sentia sozinha, seca e oca. Toda aquela chama foi se apagando até virar cinzas.

— Se Vladmir conceder a permissão... acredito que, da forma que você impõe, eu consigo iniciar o casamento.

— Vladmir aceitando ou não, vamos nos casar. Ele não tem muita escolha.

— Eu sei, Irina, mas se a gente conversar com ele e falar sobres os limites do casamento.

— Você não vai falar nada!

— Você quer machucá-lo ainda mais.

— Além do casamento ser, sim, uma forma de proteção, machucar quem me machucou não me torna um diabo e nem mais santa. Coloque da seguinte forma: eu preciso de um marido e Vladmir precisa de uma punição.

— Me deixe pensar mais. Conversaremos a amanhã mais um pouco. — Ele sugeriu. — Até lá, não fale nada sobre Vladmir e a ideia de casar comigo.

— Tudo bem.

Russel assentiu e me deixou sozinha na sala. Eu fiquei analisando todo o plano e as consequências dele, e ainda assim o considerava o melhor no momento.

Antes de anoitecer, um furacão abriu a porta do meu quarto e entrou furioso, interrompendo minha leitura na cama.

— Você mandou me expulsarem? — Raquel estava com muita raiva. Não a culpo pelo sentimento. Ela deseja ficar ao lado de Vladmir o mais perto possível. Mas aqui não era seu lar e quem determinava as visitas era eu.

— Mandei lhe realocarem.

— Você quer que Nikolay me mate!

— Quero que todas as pessoas que não gostam de mim tenham um pouco de vergonha na cara e saiam da minha casa.

— Seu medo é que a fraqueza de Vladmir o faça cair em meus braços.

— Você veio falar de moradia ou homens?

— Admita! Você está se matando de ciúmes — Raquel chegou mais perto. Levante-me da cama.

— Não se aproxime de mim!

— Você o deixou por capricho, que me punir por capricho — Raquel chegou mais perto.

— Saia do meu quarto, agora! — Apontei o caminho que deveria seguir.

Mas Raquel avançou em minha direção e enfiou uma faca no meu estomago. Senti uma dor me partir ao meio. A olhei atordoada, sema creditar e ter uma única chance de defesa.

Ela se afastou com expressões em choque.

O sangue chorando forte. O quarto começou a girar. Eu nem tinha força, tamanha era dor, para gritar por socorro.

— Você me forçou a isso! — Ela gritou, atordoada. Colocando toda a culpa em mim.

Todo o resto foi uma cortina e em segundo apaguei.

BONECA RUSSAWhere stories live. Discover now