Irina | thirteen

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Vlad ajudou seu pai com rapidez. O colocou em sua cama e ministrou um remédio que Anuva deu em sua mão.

O que pareceu foi que Vlad não estava tão surpreso com o fato de seu pai passar mal de uma forma tão violenta.

Fiquei olhando eles socorrerem Michelly e não demorou para um médico de confiança deles entrarem no quarto.

Aos poucos eu fui me afastando até desaparecer do local. Andei até meu quarto, mas com desejo de tentar fugir, ainda que soubesse que não iriam tão longe quanto a distância da entrada daquela propriedade.

Pensei em meus pais, principalmente em meu pai que me vendeu de modo tão covarde para Nikolai, desconsiderando a ajuda que Vlad havia oferecido.

Ao entrar no quarto, hesitei um pouco de ir me deitar. Mas o que me chamou atenção foi o silêncio no local.

Fiquei com meus ouvidos em alerta, andei com cautela e mantive minha atenção afiada. Quando vi a cama vazia senti um gelo no estômago.

– Fugiu do quarto. – Nikolai me pegou de surpresa, chegando por trás.

Eu levei um susto ao escutar sua voz, instantaneamente me voltei para ele girando meu corpo muito rápido e caindo sentada na cama.

– Nikolai.

– Onde você estava? – Ele vestia um roupão de seda azul, estava aberto mostrando seu corpo quase nu, se não fosse a calça de seda da mesma cor. Os olhos deles me perseguiam minuciosamente e sentia que sua respiração estava um pouco alterada. – Fala! Onde porra você estava?

– Seu irmão sofreu uma overdose – falei o acontecido mais recente, no intuito de me safar de seus questionamentos, mas ao que me pareceu era que Nikolai estava surdo de raiva.

– Você saiu do quarto sem mim? – Ali estava a ira dele.

Nikolai havia determinado que iriamos jantar juntos, o que não aconteceu. Ele dormiu e por lógica eu fui comer. Não havia engolido nada ao longo do dia, apenas rancor, decepção, drogas e raiva.

– Você dormiu – tentei argumentar. – Estava com fome. Não bebi nem ao menos água o dia todo.

Ele deu um sorriso de lado, passou a mão no cabelo castanho e olhou para o lustre que estava posicionado sobre sua cabeça, depois para mim.

– Estava com Vladimir, não é?

Neguei.

Ele não acreditou e perguntou mais uma vez.

– Estava ou não estava com seu primo, Irina?

– Não! É verdade, eu saí do quarto, jantei com sua família e logo depois voltei para seu lado, mas então eu notei um clarão no lado de fora e vi que era uma fogueira – falei exatamente o que ocorrera, mas apenas o necessário –, corri para fora e quando cheguei lá percebi que haviam pegado todas as minhas roupas e ateado fogo, escutei um grito e quando voltei para dentro seu irmão estava no chão e Senhora Ivanovich chorando desesperada.

– O que mais? – Era como se Nikolai soubesse de todos os meus passos e estivesse apenas esperando o que eu estava omitindo.

Sim, possivelmente. Alguém observou eu e Vladimir juntos, e esse alguém deve ter entrado no quarto e contado tudo para Nikolai, que por meu pensamento estava dormindo como uma pedra.

– Mais nada – conclui.

Mas foi apenas eu fechar a boca que o cretino ergueu o braço e me deu um tapa que fez minha cabeça bater em um dos pilares da cama – que sustentava seus véus de organza – e me fez cair no colchão com uma dor infernal.

– Você estava com ele! – Nikolai subiu no meu corpo. – Eu sinto o cheiro dele em você. – Ele passava o nariz no meu pescoço e depois no meu rosto, na minha boca, me segurando forte para que eu não escapasse, não tentasse me defender. – Está cheirando a álcool também.

Era horrorizam-te senti-lo tão próximo de mim, me tocando de forma violenta, me abordando de modo abusivo.

Fechei meus olhos muito forte, como se quando eu abrisse pudesse voltar para meu quarto na minha antiga casa, ou no mínimo não estivesse com Nikolai em cima de mim.

– Andaram se beijando, sim?

– Para, Nikolai. – Tentava mover meu corpo, mas ele era grande e pesado e sua fúria tornava a raiva ainda mais violenta.

– Mal se tornou minha e está sendo a putinha do meu sobrinho a quem lhe rejeitou?

Tentava usar meus braços para me proteger. Como eu era tola. Nunca conseguiria controlar a força dele.

– Olha para mim sua vadia! – Ele segurou meu rosto o fazendo olhar, descendo a mão para meu pescoço.

Eu queria vomitar até perder as forças. Queria poder acreditar que logo iria abrir meus olhos e nada estaria acontecendo. Mas estava acontecendo.

Sem receio Nikolay começou a me enforcar.

– Você deu para ele? Hum? Você estava trepando enquanto eu dormia?

Ele soltou meu pescoço.

– NÃO! – Gritei abafado e comecei a me debater porque a outra mão pesada estava me mantendo deitada enquanto apertava meus cabelos.

A única coisa que queria em minha vida: que Nikolai não existisse.

– Não vou lhe estrangular até a morte. Mas não procure gentileza em mim, não vai encontrar.

O que ele quis dizer era que eu seria torturada sempre que ele achasse necessário.

– Vou ver onde está meu irmão e venho em seguida. Tome um banho e fique nua debaixo dos lençóis que volto para terminar a conversa.

Ele saiu de cima do meu corpo assim que terminou de falar. Foi ao banheiro lavar as mãos e em seguida saiu do quarto batendo a porta com tanta força que meu corpo estremeceu.

Não conseguia reagir depois daquilo, nem ao menos me mover para fora da cama. Sentia dor no pescoço e cabelos. As lágrimas que tinham em meus olhos foram do grito que havia dado. Além disso eu não conseguia chorar, tão pouco respirar.

Puxei minhas pernas para cima da cama e dobrei os joelhos, assim fiquei em posição fetal por um longo tempo que nunca consegui medir.

Mas fui tomada por espanto quando escutei a porta abrir e fechar com mais uma pancada.

Nikolai parecia ansioso e nervoso. Me viu sobre a cama na mesma forma que havia me deixado.

– Por que é tão difícil acatar ordens? – Ele ressaltou me pegando pelos cabelos, me colocando de pé. – Tire o resto de suas roupas.

Com hesitação eu tirei. Nunca havia ficado nua para um homem. Agora deveria ficar sem o resto de minhas roupas, vulnerável.
Nua, ele me olhou de cima a baixo.
Logo depois fui arrastada para o banheiro e jogada na banheira. A água fria foi ligada e tão logo Nikolai saiu do quarto e voltando em minutos, mas dessa vez ele tinha bolsas de gelo que despejou na banheira.

– Vou morrer de frio. – Me encolhi no canto da banheira.

– Isso é para você derreter o fogo da sua pele e pensar dez vez antes de se encontrar com Vladmir – jogou mais gelo.

Quando tentei sair Nikolai me ameaçou bater-me novamente erguendo seu punho – me encolhi. Pegou uma corda em seu bolso e amarrou meus pulsos um no outro, novamente tentei me salvar dos abusos dele, mas acabei amarrada de toda forma e com a boca amordaçada.

– Preciso trabalhar. Vai ficar aí dentro até a hora que eu achar que deva sair, então eu ligo para um empregado para lhe tirar dessa banheira, mas até lá você vai ter que saber que o único motivo de estar nesse lugar foi por ter beijado meu sobrinho.

Ele sorriu para mim. E saiu me deixando até que eu desmaiasse de frio.

BONECA RUSSAWhere stories live. Discover now