Vladmir |thirty-six

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Ela estava nervosa. E linda. Perfeita. Seu sorriso contagiando ao meu.

— Penso se foi uma boa ideia ter feito o pedido justamente hoje — digo, segurando as mãos trêmulas dela.

— Você fez o que seu coração mandou. — Ela colocou uma mão sobre meu peito. — Eu apenas aceitei.

— Não diga apenas — pedi. — Seu Sim mudou nossas vidas.

Os olhos dela brilharam contra os meus. Nem mesmo todas as luzes naquele jardim conseguiria aquele brilho.

Me senti eufórico. Ansioso. Vivo! Irina tinha razão, sempre teve. Fomos marcados um para o outro. Embora tenha sido em circunstâncias diferentes. Épocas distantes. Eu um adolescente recusando o pedido do meu pai e ela apenas uma criança que começaria suas privações segundos os  antigos costumes.

— O que mudou nossas vidas foram seus posicionamentos. — Percebi aquele olhar lindo lacrimejar. — Caso contrário, eu estaria casada com Nikolay. Sendo que... tudo o que mais queria era estar com você.

— Como eu expliquei, no quarto, eu só quero tirar o título de tutor para marido. Assim você não sofrer nenhum tipo de julgamento injusto, igual aconteceu com Raquel. Eu lhe desejo muito, Irina, e não está sendo fácil ficar na mesma casa que você sem te tocar...

— Porém... vou ser sua mulher, e livre. — Completou com voz baixa. — Não se preocupe. Ninguém saberá sobre nosso plano diabólico.

Sorrimos.

— Mas a liberdade total será dada quando tudo voltar a normalidade. Você poderá ir para onde e quando quiser. Você levando meu sobrenome, seja qual for o território, terão que pensar duas vezes ao tocar em você.

— Isso soa muito dominador.

— Isso soa como proteção. Você será uma esposa livre. E quando achar que não precisa mais de mim, é só pedir o divórcio.

— Não fale assim. Eu não preciso ir a lugar algum, sabe disso. Contanto que você venha comigo.

E eu iria.

O jantar foi servido. O brinde dos convidados foi feito e os parabéns cantado.

Irina estava radiante. Nunca a vi sorrido tanto como aquela noite.

Uma sensação melancólica machucava meu coração com medo de ve-la sentindo dores emocionais ou com mais feridas em sua alma.

Desejei que aquela Irina vivesse sempre entre nós. Leve. Despreocupada. Sem amarras. Coração limpo e sorriso puro.

Ela ganhou presentes de encher um cômodo da casa, além de carros, dinheiro, viagens, um barco, joias raras de monarcas europes, propriedades... cada um mais valioso que o outro, mas o único presente que ela não parava de admirar era o anel, da minha mãe, que peguei no cofre do escritório antes de ir até o quarto dela  para lhe pedir em casamento.

A segurança do lugar estava tranquila. Quando a luz do dia estava quase aparecendo, os convidados começaram a se retirar.

Irina estava exausta. Passou a noite inteira se divertindo, Sofia ao seu lado. Eu sempre de olho e os seguranças pronto para protege-la.

— Raquel saiu da festa pouco depois do encontro de vocês e depois voltou chorando — disse Russel, quando entrei no meu quarto para pegar uma chave eletrônica.

— Eu tenho Raquel como alguém muito especial na minha vida, mas essa noite ela passou dos limites.

— Raquel está ferida emocionalmente  e tanto eu como você, Vladimir, sabemos porque.

— Ela é adulta, inteligente, linda. Consegue o homem que quiser — tirei a gravata. — Sou grato por tudo o que você e ela fizeram por mim quando minha mulher e filha partiram. Mas não vou deixar que Raquel fale, contra mim, tudo o que vem à cabeça, como se desafia-se minhas decisões.

— Em parte, a culpa é sua — Russel me acusou sem pressa. — Você sabe que ela sempre te amou, sabia que ela faria qualquer coisa por você, e mesmo moribundo você a colocou por várias noite em seu quarto.

— Não fale besteira, Russel. Sempre fui muito claro com todo mundo que esteve e está em minha vida. Raquel sabia que não passaria de algumas noites de transa.

— Embora você fosse claro nas intenções com ela, colocar na cama alguém que morreria por você foi covardia.  Raquel fugiu de você assim que teve oportunidade porque sabia que iria sofre ao entrar na sua casa e lhe encontrar com outra. Ela tinha medo da obsessão que começou a nutri a cada noite que passaram juntos. Violet era destemida, por isso você a amava e agora você viu em Irina a mesma falta de medo que Violet tinha com você. Esse jogo está ficando perigoso demais.

— Acho melhor Raquel ir para outro lugar.

— Dê para ela mais alguns dias, Raquel não está bem e é provável que ela mesma vá embora antes que possamos perceber.

— Preciso ir. — Pego a chave eletrônica que havia deixado na mesa de cabeceira.— Preciso levar Irina a um lugar.

Procuro-a por todos lados e finalmente a encontro. Girando lentamente, no meio do jardim, solitária, de olhos fechados, sentindo a neve cair por sua pele.

Era uma visão angelical.

— Você vai congelar — Avisei minha chegada, colocando meu casaco sobre os ombros dela.

— Está perfeito para mim.

— Não está cansada?

— Sim, bastante, mas ficar aqui está sendo tão bom, não queria que acabasse.

— E não acabou. — A peguei pela mão e guiem para dentro de casa. — Tem mais uma coisa que quero que pertença a você.

Subimos as escadas. Chegamos na ala sul e subimos a última escada, a ala dos quartos principais. Fomos ao corredor a direita e ali está a a porta.

Irina estava com um sorriso divertido escondendo expressões intrigada.

— Porque me trouxe até aqui?

Ela olhava para a porta e depois para mim.

Eu abri e a deixei entrar. Era a maior suíte da casa. Continha uma sala de visitas. Uma fonte no caminho de uma pequena sala de refeições e em seguida a ala da cama. Dois banheiros, um para banhos rapidos e outro com hidromassagem, banheira de porcela, bancada de massagem.
Um closet tão grande quanto a ala da sala de visitas. E a varanda principal que dava para o jardim central.

— É uma casa dentro de outra casa — ela brincou, passeando com os dedos no piano que pedi para deixar ali. — Porque me trouxe aqui?

— Porque quero que fique aqui. No quarto da senhora da casa.

— Aqui? — Ela olhou ao redor. — Mas quem ficava aqui?

— Minha mãe. Apenas quando meu pai ficou viúvo ele deixou que a segunda esposa dormisse com ele. Esse quarto é o mais seguro de todos. E você merece ficar aqui.

Tinha champanhe  próximo a cama. Abri para tomar junto com ela. Servi duas taças e depois a entreguei uma.

— Então ficaremos em quartos separados.

— Apenas até o casamento. Quero que fique aqui, é mais uma prevenção a sua segurança que qualquer coisa. Nós casamos em poucos dias, até lá vou precisar sair muito e quero que esteja aqui, tenho medo que fique entediada, mas é o que posso lhe oferecer agora. Logo nossos inimigos saberiam que você é noiva e podem tentar contra a sua vida.

Brindamos as novas etapas.

— Ao nosso plano romântico.

BONECA RUSSAWhere stories live. Discover now