Kira | twenty

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Havia se passado quase uma semana, há contar pelo velório de Michelly e sua minha mãe. Eles não foram enterrados com as honras devidas. Vladmir fez questão de ressaltar o motivo da morte – Assassinato por um membro da família.

Os outros filhos de Michelly fizeram questão de não aparecer ao velório. Eles sentiam nojo do pai. Apenas alguns seguranças e Vladmir foi ao velório.

Os dois corpos foram enterrados separados, o que na tradição deveriam ter sido cremados juntos, unidos suas cinzas em uma taça de ouro que ficaria no centro de uma cerimônia do clã. A cabeça, que não foi cortada, era o sinal significativo que Michelly e minha mãe não arderia no inferno. Ao que Vladmir não permitiu.

Sobre as responsabilidades seguintes, Vladmir era o senhor da casa, caso ele quisesse comandar o que o pai deixou. Ele quem determinara quem ficaria ou não, uma vez que seus irmãos não se familiarizam com o local, muito menos com os negócios da família Ivanovich.

— O que significa essas malas?

Revirei os olhos, era a chata da Sofia entrando no meu quarto – pela quinta vez só hoje.
Eu estava sentada sobre minha cama, olhando um pouco de neve cair sobre o peitoral da minha janela.

— Como a puritana da Irina disse, julgo que não me cabe mais aqui dentro.

A olhei com desprezo.

— Você não tem ninguém, muito menos para onde ir. — Sofia abriu sua boca tola. — Vladmir pode não ter muita paciência com você, mas lhe expulsar como quem chuta um cão ele não vai fazer.

Sai de perto daquela lesma.

— Você sabe o que ele vai ter que fazer? — Indaguei para ela. — Vai conseguir qualquer verme para que eu me case e vire uma dona de casa! Prefiro morrer a ser uma cadela para esses cães!

— Um casamento no clã é para a vida toda. Você pode amar, refazer sua vida.

— Refazer minha vida? Amar? Não seja tola, Sófia. Prefiro ir para rua.

— Não, você não prefere. — Ela ficou de pé. — Se juntar a alguém vai lhe trazer segurança. Seja qual for a que você estiver precisando.

— Sabe qual a única segurança que vou sentir? Quando Vladmir estiver tão enfiado em sua depressão que vai ter um pouco de coragem de pegar o revólver e estourar a cabeça pensando que a dor vai passar, mas não vai, porque ele precisa queimar no inferno!

— Michelly matou uma mulher e sua filha, inocentes, apenas por caprichos. A morte foi uma vingança assegura por lei!

— Lei? Onde estava a lei quando Vladmir matou pessoas inocentes?

— Não é bem assim.

— Ah! Não? Quer saber, Sófia? Estou me fodendo para o que você pensa ou qualquer um dentro dessa merda de mansão.

Sai do meu próprio quarto porque não importava o quanto eu a xingasse, Sofia é daquelas meninas boazinhas e irritantes que faz todo o esforça para lhe converter de alguma ideia normativa.

Quando passei pelo corredor, escutei um gemido sufocado.

Olhei para minha direita e vi Nikolay tentando mover a perna enfaixada.

— Cagando nas calças? — o provoquei.

Nikolay olhou para mim e gargalhou.

Não fui convidada, mas entrei no quarto.

— Você viu minha noiva?

— Deve estar atrás de seu sobrinho.

Ele deu outra gargalhada. O cretino era um puro doente metal.

— Você acredita que, como presente de aniversário, seria interessante eu colocar Irina com outro, na nossa cama, e o vê-lo foder ela com força?

— Você é doente e sádico.

— Possivelmente. Infelizmente estou um pouco encrencado depois da morte de seu Daddy e da mulher que você chamava de mãe, mas não tinha um pingo de consideração.

— Falou o imaculado. Você tem merda na cabeça, Nikolay, é sádico e se excita em torturas. Está com medo da prisão?

— Nem tanto. Suponho que o clã não vai me aceitar a influência de Vladmir. O que vai me fazer adiantar os planos de sair dessa casa o mais rápido possível, embora eu tenha um pouco de imunidade.

— Imunidade? — Gargalhei, ele estava mentindo.

— Sim, cherry. — Ele suspirou. — Você não entenderia, também não vou me esforçar, mas saiba, de nós, sou o menos atingido nesse momento.

— O buraco em sua coxa me diz o contrário.

— Detalhes. Mas sei como te ajudar. Afinal de contas, eu quem coloquei sua mãe e você aqui, nessa casa, posso muito bem lhe proporcionar o mesmo conforto.

— Você quer que eu chupe seu pau, como eu fazia com seu irmão, em troca de luxo? Precisa de uma amante?

— Seria divino. Mas não. Quero que você mate uma pessoa, em troca, você ganha um lugar bonito e seguro para ficar, uma pensão e sua liberdade.

— Quem você quer que eu mate?

— Feche a porta primeiro.

BONECA RUSSAWhere stories live. Discover now