Vladmir | thirty-three

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— Como ela está? — Levantei-me rápido quando vi Raquel saindo do quarto.

Irina não aguentou o que viu, até eu que já vi de tudo um pouco na vida foi difícil acreditar na cena do crime, e está sendo difícil tirar da cabeça a carnificina que fizeram na casa dela.

— Ela dormiu depois do calmante. — Raquel me entregou uma receita médica. — Precisa comprar esses também.

— Para qual finalidade? — Segurei o papel, entendi o que estava escrito e conhecia parte das drogas que Raquel receitou.

— Ela precisa se sentir bem, eles vão ajudá-la durante o dia. Outros são para manter a cabeça dela desligada, não pensar tanto e o último foi o que dei para ela dormir. Irina precisa dormir e se alimentar bem durante a medicação.

— Entendi. Vou ficar com ela.

— Não, Vlad — ela ficou na minha frente. — Irina não vai conseguir acordar tão cedo. Eu mesmo venho durante o dia verificar pressão, batimentos. Também é preciso fazer alguns exames quando ela acordar. E assim que ela acordar eu o mando chamar.

Raquel tinha razão. Então eu saí da porta e andei um pouco pelo jardim, fumando e pensando quando Russel chegou.

— Nikolay esteve lá na noite passada com alguns homens do clã.

E só de pensar que Irina estava para ir lá a noite, sentindo-se agitada como se algo estivesse prestes a acontecer e estava.

— Irina estava aborrecida ontem e queria de toda forma ir até a casa dos pais, parecia que ela previa.

— Isso não era difícil de acontecer, Vladmir. Nikolay iria querer atingir Irina e se livrar dos pais dela o mais rápido possível. Não vamos esquecer que eles têm o segredo sobre a origem de Irina e isso fazia parte da mentira que a mãe contou.

— Mas Irina estava convencida que não se importaria mais com os pais, e exatamente ontem a noite ela começou a se agitar.

— Está tentando me dizer que ela é sensitiva?

— Que ela é sensível a tudo ao redor — expliquei. — A sensação que tenho é que ela vai se quebrar, mas quando ela se coloca de pé e fala de todo o coração eu observo uma jovem forte e inteligente...

Russel me olhou intrigado.

— Você está se apaixonando por ela?

— Estou protegendo-a — o lembrei. — E assim que ela se sentir melhor eu vou a proteger ainda mais...

— Bem, isso explica algo. — Russel fechou seu paletó. — Um dos empregados da casa foi encontrado pela região e confessou que Nikolay expulsou todos de lá antes de falar com os donos da casa. E a única coisa que ele escutou quando estava indo era que a mãe dela gritou dizendo que Irina deveria saber a verdade, saber quem era a mãe dela.

— Então era iria se redimir com a "filha" contando a verdade?! — Fiquei surpreso.

— Parece que sim. E se Irina realmente tivesse conseguido ir visitá-los, ontem à noite como queria, ela hoje saberia de tudo.

— Não até eu acabar com tudo do que restou de Nikolay e o clã — enfatizei.

Irina dormiu o dia inteiro e quando acordou pediu para em chamar. Eu sabia que ela iria querer falar sobre os corpos mutilados e a frase na parede. Eu tinha todas as respostas para ela, mas a verdade ainda não iria protegê-la.

Quando entrei no quarto ela se mostrava abatida, seus olhos estavam inchados e seu corpo encolhido debaixo das cobertas.

— Eu os matei — ela disse, sem me olhar. — No fundo eu sabia que era assim que terminaria. E apesar de meu pai não merecer compaixão alguma, minha mãe se deixou apodrecer por ele. Ainda assim... morrer daquele jeito.

Me sentei ao seu lado.

— Quem faz aliança com Nikolay deveria saber o fim antes mesmo de pensar duas vezes, eles sentenciaram o fim quando resolveram ficar do lado de um animal como ele.

— Mas se minha mãe não estava gravida, o que a fazia ter tanto medo ao ponto de mentir? La estava escrito que eles não são meus pais, mas se eles não são quem são... e será que era esse o segredo que Nikolay usou para intimidá-los a se aliar a eles?

— Irina, calma...

— Não. — Ela tirou os lençóis de cima e tentou sair da cama, mas logo caiu em meus braços se desequilibrando por fraqueza.

— Vou pedir o jantar. — A coloquei sentada na cama e pedi comida.

— E o velório? — ela perguntou, com voz fraca.

— Deixe comigo. Qualquer coisa relacionado, eu cuido. Você quer ir? — Ela negou. — Faz bem.

— A única coisa que quero saber agora é sentido daquela frase no local do crime. 

BONECA RUSSAWo Geschichten leben. Entdecke jetzt