Vladmir | eighteen

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Eu iria olhar em seus olhos, buscar em seus gestos, mapear em sua voz se aquele fato – no qual meu pai era o culpado por minha família destruída e assassinada – teria realmente um fundamento.

Subi cada um dos degraus da escada que levava ao nadar de cima sentindo cada vez mais meu coração estragado bater violento em meu peito.

Minha mente trazia o sorriso de Violet, o choro do nascimento de Pietra. As lagrimas de alegria da minha esposa no altar ao receber minhas promessas. Os pequenos braços erguidos da minha filha buscando meu colo. A paz em meu lar. O amor dentro de mim.

Tudo foi roubado para nunca mais voltar. Tudo foi destruído por motivos banais, desejos mesquinhos, planos cruéis.

Abaixo do umbral da porta, eu vi Michelly Ivanovich. Olhando seu jardim de inverno como se não tivesse culpa algo de mortes de inocentes. Vestido com seu roupão cor de vinho e costurado a fios de ouro com bordado do brasão na família em seu peito, Michelly tinha seu olhar, foi ali que vi... perdido como de quem sentisse que nada seria fácil dali por diante.

Como se soubesse da minha chegada em seu cômodo, ainda de costas, ele declarou:

— Eu amava sua mãe. Ela era uma mulher forte que não se curvava aos nossos rituais. Eu era um tolo apaixonado que fazia suas vontades. — Ele baixou a cabeça e virou-se para mim. Me olhou diretamente. — Ela me deu você, meu primogênito. Olhou para sua esquerda, onde estava sua cama e sorriu. — Foi o dia muito tumultuado, eu lembro, ela sofreu no trabalho de parto, o clã não existia, era apenas um sonho meu, e minha realçai com seu tio estavam muito tumultuadas, mas consegui chegar a tempo de ver você nascer. Oito anos depois, descobrimos a doença de sua mãe, meses depois, ela se foi, e você tomou o espírito dela. Cresceu contra o sistema. Não se aliou ao clã, não permitiu que as regras fizessem parte de sua vida. Não se curvou a mim. Amou uma mulher cristã, teve filho com ela e abandou sua família para viver aquilo que você chamava de amor da sua vida. O meu erro foi fazer com você, o que fiz com sua mãe, permitir os caprichos.

— Você matou minha família. — Aquela frase doía de dentro para fora. — Você colocou, diante de mim, pessoas inocentes, de joelhos, afirmando serem os assassinos, enquanto, ao meu lado, estava o verdadeiro assassino.

— Você deveria ter casado com Irina.

Andei até ele.

— Você não deveria ter matado minha filha, minha mulher!

— Eis um Ivanovich, herdeiro da minha cadeira, dono de tudo o que construiu, o novo chefe dessa família. Um dia o filho a casa retornar e executa aquilo que lhe é destinado.

— Um dia aquele que me fez descer ao inferno, iria pagar com sua própria vida — afirmei mirando a arma em sua cabeça.

Meu pai se virou, andou até a cama, debaixo dela tirou uma caixa longa, tirou de dentro uma pequena espada do clã e estendeu.

— Assim que acordei, esperava por você, por esse momento. Eu sabia que seu amigo estava próximo de achar o culpado. As pessoas são falhas, os crimes são revelados.

Baixei a arma e peguei a espada. Era ela feita de prata, sua bainha de ouro cravejado de diamantes. Nela estava escrito: pela ordem e pela honra.

— Você tem que arrancar a minha cabeça e colocar sobre a mesa do clã com as provas da minha traição contra meu próprio sangue. — Ele instruiu. — Os deuses não vão me reconhecer e me deixaram entrar no paraíso.

— Paraíso? — repeti.

— Sim.

— Você matou um bebê e sua mãe, mas ainda se sente no dever de morar no paraíso? Desgraçado! — Lhe dei um soco tão forte que seu corpo desequilibrou e caiu sobre a cama.

O puxei o colocando de pé, lhe dando outro soco, dessa vez a parede o segurou.

Levei meu corpo contra Michelly Ivanovich, enfiado a espada em seu estomago com a mesma frieza que matei homens e mulheres pensando que fossem os culpados.

— Ah!.. — ele gemeu engasgado. — A cabeça filho...

No fundo, escutei os gritos de sua esposa.

— Isso foi por te me tirado Violet — Não conseguia ver o rosto do assassino. Apenas a cena pela qual eu estava com minha mulher, fria e sem vida em meus braços. Arranquei a espada de seu estomago e enfiei dentro do seu coração. Michelly agonizou. — Esse é por matar minha filha, minha bebê. — A cena da minha pequena roxa e sem vida em seu berço me motivou a tirar a espada e enfiar novamente.

— Não! — Minha madrasta caiu de joelhos aos prantos, gritando, suplicando por aquele que dava seu último respiro. Porque ela sabia. Não era apenas seu esposo que morreria.

Coberto de sangue pelo homem que dizia me amar, ter ficado feliz no meu nascimento, eu deixei seu corpo cair sobre o chão da casa na qual eu fui criado.

Com a outra mão segurando a arma, me virei para a mulher dele.

— Não, Vladimir! Me livre de um fardo que não cometi, meu pecado foi ser a esposa de seu...

Antes que ela terminasse, lhe respondi com uma bala no meio da testa. Cumprindo assim uma das regras do clã, a morte do chefe de família terá que ser laçada com a morte de sua mulher.

Da porta, Kira gritou em agonia.

BONECA RUSSAحيث تعيش القصص. اكتشف الآن