Raquel | thirty-one

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Eu o vi aquela rocha esfarelar quando o raio caiu sobre ele. Quando sua família inteira foi covardemente assassinada. Eu senti o Vlad que conhecia, o homem feliz, cheio de vida e força, astuto e batalhador cair sobre a morte – Mas ela não quis levá-la.

Eu segurei sua mão no dia em que sua pequena filha, apenas uma bebê, foi enterrada junto com Violet. Ele tremia como se seus músculos não suportassem de ver o amor de sua vida em um caixão. E caiu. Ele caiu de joelhos rompendo em um choro de quebrar o coração.

Passei a visitá-lo uma vez na semana. Quando me dei conta, estava todos os dias em sua casa.

Vlad não só havia se enterrado em sua casa como também estava sem alimento e banho.

Aos poucos eu e Russel conseguimos tirar ele do quarto. Abrir as janelas. Fazer ele comer alguma coisa. Tomar um banho por dia.

Foi difícil, mas também conseguimos convencê-lo a sair da casa onde ele morava com Violet. O pai o recebeu e ainda assim era difícil Vlad se reerguer.

Mas me senti até mais em paz depois que ele se mudou e acabei aceitando uma viagem para um curso de especialização na minha área de psiquiatria.

Foi difícil deixá-lo. Um carinho que tinha em meu peito foi crescendo mais do que deveria. Eu sabia e entendia que Vladmir nunca iria querer abrir seu coração para ninguém. Que se uma mulher tivesse a permissão de se aproximar dele seria para um jogo carnal.

Não teria maturidade alguma para participar de um jogo como esse, então ficar longe por um tempo foi o plano que decidir trilhar para que o carinho que havia virado paixão apenas morresse.

Mas ai eu o vi novamente e tudo acendeu como uma lareira elétrica. Rápido e com fogo alto. Ele estava diferente. Parecia mais forte e determinado, com planos e objetivos novos.

E tinha mais uma coisa muito diferente nele. Vlad colocou uma importância muito grande em salvar uma garota que foi concebida para ser sua esposa.

Dessa história toda eu já sabia de tudo. Tradições que também nunca me ambientei e principalmente fiz questão de não participar. Perdi meus pais ainda jovem, mas jovem suficiente para suprir minhas necessidades e não precisar de ninguém para cuidar de mim.

Quando cheguei a cidade logo fui informada de um jantar onde Vlad tomaria a herança de seu pai e o poder que o Senhor Michelly tinha sobre todos.

Mas ao longo de todo o espetáculo havia muito mais que uma tomada de posição, havia a garota, que antes rejeitada, agora era a prioridade de Vladmir.

Uma menina jovem. Quase uma criança quando fica perto dele. E para finalizar ele quase morreu por conta dela nessa mesma noite.

— Está frio aqui fora — falei, ao me aproximar dele

Ele parecia muito da necessidade de fumar, pensar, analisar as coisas. Irina era uma garota perturbada, precisava de ajuda e parecia que ninguém aqui sabia disso. E Vlad estava encantado por ela. Queria a todo custo ser seu herói. Mas por quê?

— Minha cabeça está fervilhando com meus pensamentos. — Ele soltou a fumaça entre seus lábios nunca tive a bondade de receber um beijo.

Seu olhar era preocupado, sua face retraída.

— É sobre o que falei outro dia? — Queria tocar no assunto de Irina novamente. Aquela menina precisava de muito mais que alguém para lhe salvar de homens cruéis, ela precisava de atendimento psiquiátrico.

BONECA RUSSAWhere stories live. Discover now