Irina | nineteen

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— O que está fazendo aqui? — Vlad me olhou rapidamente, assim que entrei e vislumbrei o ambiente todo quebrado.

Ele estava em pé, junto a lareira, em uma das salas do lado leste da mansão.

Vlad encarava os porta-retratos sobre a bancada quente. Com uma garrafa de vodca na mão a sensação que tenho ao olhá-lo era de um cadáver se movendo entre os vivos.

Não falei completamente nada. Fechei a porta, ele nem ao menos se deu ao trabalho de se importar.
Sem pensar suas vezes, corri para seus braços, apertando-o contra mim, senti gradativamente o toque dele. Seus braços circulando meu corpo, sua respiração muito baixa, seu hálito de bebida, seu corpo aquecido pelo fogo.

Para ele encostar a lateral do seu rosto ao meu, Vlad precisava curvar seu corpo.

Gradualmente fui perdendo a habilidade de respirar à medida que ele me apertava na angústia de sua dor. Tão logo senti um líquido quente descer pelo meu pescoço.

Ele chorava.

Mesmo sentindo o peso de Vlad sobre mim, mesmo não conseguindo respirar direito, e sabendo que seria quebrada ao meio por meu noivo, aquele era o único lugar que eu gostaria de estar por toda a minha vida.

— Vou matar Nikolay, arrancada cada membro do corpo dele — disse Vlad, baixo, cansado, mas carregado de ódio.

Busquei os olhos vermelhos carregados de dor e revolta.

— Não pode matá-lo — falei sabendo que era a coisa mais burra e mortal. — Não mate-o, quero me casar com Nikolay — revelei sem revelar mais nada.

Vlad se afastou de mim com expressões de confusão.

Uma hora antes...

Do andar de baixo, escutamos o silêncio assim que Vlad sumiu pelo corredor ao subir as escadas.

— Me tirem daqui! — Nikolay gritou, acordando os empregados do transe ao ver o filho que Michelly ir de encontro do pai para matá-lo.
Dois homens o ergueram no momento que escutamos um gemido. A esposa de Michelly correu para o quarto e não demorou escutarmos os gritos.

Vlad havia acabado de assassinar seu pai por meio de vingança.

Ficamos todos parados, completamente incrédulos.

Kira correu sobre as escadas, mas não deu tempo, o tiro que escutamos logo em seguida, havia perfurado a cabeça de sua mãe.

Só depois Nikolay foi levado.

— Quero você comigo — ordenou ele.

Nikolay foi levado a uma maca, e sedado.

Por todo o tempo em que um médico lhe tirava a bala da coxa, em uma sala cirúrgica na mansão, eu pensava em como estava Vladmir.

Minhas células pareciam carnívoras me devorando de dentro para fora agitando meus nervosos em uma ansiedade louca de encontrá-lo. Sabia que não era a hora.

Quando Nikolay foi levado para o quarto, fiquei sabendo por um dos empregados que parte dos membros do clã haviam chegado na casa.

Com Vladimir, eles se trancaram no escritório. Fiquei apreensiva. Depois um homem entrou com várias pastas na mão, era o mesmo que havia entrado na mansão assim que Vladmir chegou acusando Nikolay da morte de sua família.

Russel, talvez esse fosse seu nome.

Ele olhou rápido para mim e desapareceu assim que fechou a porta. Em poucos minutos um empregado saiu do escritório com uma sacola grande e transparente cheia de roupas repletas de sangue.

BONECA RUSSAOnde histórias criam vida. Descubra agora