"Seu bastimos lhe salvou!" — Foi o que eu escutei de Violet quando decide viver meu amor com ela, quando me desvinculei de tudo que já tinha sido um dia.
O jantar da reunião familiar que levaria o futuro do clã estava próximo de acontecer. O que significava o clã para mim? Um bando de homens cruéis que se acham deuses e querem determinar a vida dos demais como bem entendem.
Nikolay me esperava no andar de baixo, próximo a sala de jantar. O burburinho era alto quando desci as escadas que chegava até o salão de visitas.
Uma quantidade considerável de pessoas ali, mas não era maior que a quantidade de problemas que eu iria causar.
Boa parte daquelas pessoas são todos parente, quase que todos, parentes muito distantes. E em total, todos temiam ao grupo fundado pelo meu pai. Se sentiam oprimidos pelas regras arcaicas e penosas.
E por que eles nunca se uniram e se rebelaram? O clã não só tinha poder psicológico como também homens prontos para punir os que se voltassem contra eles.
— Todos, sem exceções, vieram hoje — Avisou Russel, ao se aproximar.
— Meu querido sobrinho — cantarolou Nikolay, com uma falsa felicidade ao me ver, abrindo os braços para um abraço entre tio e sobrinho.
Me afastei. Todos notaram. Nikolay ficou sem graça. Ele ainda mancava, tinha a bengala sempre por perto, mas aquela noite parecia andar melhor.
— Você parece um grande homem de negócios — disse Nikolay, disfarçando seu desconforto na vergonha que acabou de passar.
Irina logo apareceu vestida com um lindo vestido branco. Nikolay iria, com toda certeza, tentar casar-se com ela aquela noite. Usaria a presença de testemunhas e do sacerdote supremo do clã para lhes darem a benção.
Não perdi tempo. Avisei onde seria o jantar e todos se dirigiram para o local. Um total de duzentas mesas foram postas para servi a todos. Um grupo mais a frente tocava músicas antigas, lentas e de tom baixo, para deixar o ambiente atrativo.
Irina me viu. Olhou apreensiva. Ela poderia confiar que eu queria ajudá-la, mas não tinha certeza se Nikolay iria ter uma carta na manga, ele sempre tinha.
Todos comeram com animação. Flagrei por várias vezes o sacerdote olhar para Nikolay e vise e versa. Realmente tramavam algo. Depois do jantar, Nikolay chamou todos para sua atenção.
Irina baixou a cabeça, completamente angustiada. Talvez na sua mente ela se questionava-se: Do que adiantou o banho, o padre, as palavras bonita de salvação se o próprio diabo me tem acorrentado.
— Atenção de todos, por favor! — Nikolay estendeu a mão para Irina, ela olhou para os dedos dele, hesitando, mas fez o que seu noivo queria e se ergueu.
Os pais de Irina a olhavam sem se aproximar. Ela só foi tirada do quarto quando todos foram a mesa. Era assim que Nikolay a manipulava. Sempre reclusa, sem necessidade de contado com ninguém. Irina ficou de pé, diante de todos e o sorriso vitorioso de Nikolay.
— Quero aproveitar o jantar que meu querido sobrinho organizou para finalmente se casar com a mulher da minha vida.
Vi Irina colocar a mão no estomago como se tentasse conter o jantar que, possivelmente, queira sair depois da notícia.
Os pais de Irina, que até aquele momento não havia se quer trocado duas palavras com a filha, suspiraram de alívio.
Os demais ali bateram palmas, felizes.
— Mas claro, isso acontecera quando meu sobrinho primeiro nos comunicar o motivo do jantar, de trazer todos aqui — ele jogava seu olhar presunçoso para todos.