Capítulo 08 - Os termos do benefício

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Mon

Conviver com Sam era um desafio diário. Quando ela não era extremamente ríspida vinha com piadinhas de mau gosto para o meu lado insinuando que poderíamos fazer coisas que jamais faríamos, pelas seguintes razões:

1 - Era muito nojento, porque meu pai consideraria que somos irmãs;

2 - Por ela ser uma mulher estúpida em todos os sentidos.

Se ela fosse assim tão bruta na cama quanto era na vida eu... Definitivamente não tinha chance de acontecer. Eu gostava de mulheres também, mas não importava o que aquela fizesse eu não sentiria um único mísero sentimento bom por ela.

Queria uma convivência pacífica? Qualquer pessoa normal iria escolher. Queria poder tomar cafés sem briga? Sim, é claro. Queria poder receber meus amigos sem ter receio de um surto daquela chata? Mais ainda. Estava morrendo de saudades de Duda e queria ver o que ela acharia daquela vida nova.

Meus planos de vê-la pareceram menos distantes quando Sam propôs que fizéssemos um jantar na mansão, afinal, se podíamos receber os amigos dela não seria nada mal passar também a fazer isso com os meus em outra ocasião.

— Você se opõe? — Chegou a me questionar, mais não vi razões para fazê-lo. Segundo Armênia na lista só tinham antigos amigos do meu pai que queriam cumprimentar Sam pela volta do país e a mim pela entrada na sociedade.

Precisar de uma solenidade para entrar em qualquer lugar me parecia a coisa mais século passado desde a volta da calça boca de sino, mas quem era eu para julgar? Se na comunidade a gente fazia feijoada depois do batismo não era nada demais fazer uma janta para uns chegados por esse motivo.

— Já decidiu o que vai usar senhorita Mon? — Armênia questionou da porta com um lanchinho. Eram quatro horas e o jantar seria às sete.

— Sinceramente? Entendo muito pouco para saber o que seria adequado para essas ocasiões —Falei. Ainda não tinha feito compras desde que cheguei aqui, afinal, havia muitas coisas entre meu processo de me adaptar aquela realidade, a administração da loja e a retomada dos meus estudos.

Tinha um mês que minha vida virou de ponta cabeça e dia após dia enfrentar essa realidade parecia difícil. Principalmente por Sam que aparentemente adorava me colocar em situações de tensão.

Escolher uma roupa para uma festa que eu não sabia nem como era provocava uma descabida ansiedade. Eu não era como ela ou Armênia que tinha presenciado inúmeros desses eventos.

Espera...

— Mas acho que eu conheço alguém que entende — Falei animada para surpresa da senhora que nas primeiras horas que nos vimos tratou logo de oferecer comida ao meu filho. E se ofereceu algo que o deixa feliz eu automaticamente gosto da pessoa. Logo, eu consideraria Armênia para uma ajuda tão importante — Você — Apontei cruzando meus braços como se tivesse encontrado um gênio numa lâmpada. A mulher parecia um tanto espantada.

— Eu? — Perguntou surpresa.

— Claro que sim! O que você já não esteve nesses jantares o Flamengo não tem de taça Armênia, então preciso que me ajude hoje —Pedi e insisti fazendo tanto bico que ela cedeu prontamente.

— Sam recebeu o modista há vinte minutos e ele ainda não saiu. Como é em cima da hora e sei que ele trouxe vários vestidos acho que podemos pedir para que ele passe aqui. Imagina a honra? Vestir as irmãs Anantrakul numa única noite? — Não éramos exatamente irmãs e Sam fazia questão de deixar isso claro, mas não insisti naquela informação, não quando não queria me aprofundar em pormenores.

As palavras de Armênia fizeram-se realidade. Catamos o homem no corredor e com todo o prazer ele me apresentou seus modelos, sendo o escolhido um vestido vermelho bordô até os joelhos com um lindo decote e um corte lateral na coxa. Eu ficava escandalosamente bela nele.

A família que eu herdei (Versão Freenbecky)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora