Capítulo 29 - Promessas como herança

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Mon

Voltamos para casa aquela noite num silêncio gostoso. Giovanna havia saído com uma mulher lindíssima e disse que chegaria pela manhã, enquanto eu e Sam retornamos a mansão com um carro alugado. Havia sido um trajeto tranquilo e aquilo contrastava com um turbilhão na minha cabeça.

Estar perto de Sam era como andar numa gangorra: Agora eu me encontrava no alto e a vista era bonita aqui em cima, mas baseado em todas as variáveis que a nossa relação podia assumir num estalar de dedos eu ficava, naturalmente, insegura.

Sam era atrativa. Educada, eloquente e linda como poucas mulheres que eu havia visto em minha vida e para piorar em minha tentativa de resistir parecia ainda mais intensa quando ficava olhando para mim. Ela era profunda como um mar aberto e era difícil para uma garota carioca como eu, que tanto amava a água e areia, não querer mergulhar nos seus paradoxos.

Ela me confundia. Eu tinha vontade de sacudir seus ombros, mas também trazer ela para perto de mim e beijar sua boca. Era tão inevitável não fazer e quando eu fazia sentia todo calor me inundar como o verão chegando. E estávamos em período de chuva.

— Você vai dormir agora? — Ela perguntou assim que atingimos a sala de casa. Eu estava descalça agora e Sam observava minhas ações.

— Acho que sim. Amanhã temos trabalho e o Chai tem escola. Faria sentido me recolher agora — Falei pela lógica olhando para seus olhos verdes. Parecia haver algum pedido ali, alguma coisa que queria ser dita porque era sentida, mas ela não conseguia.

— Queria estar com você — Sam revelou de uma maneira um pouco ambígua. Não sabia o que ela estava dizendo.

— Mas estamos aqui, não estamos? — Eu disse me fazendo de desentendida e ela negou com suas bochechas quase ruborizando. Ela era uma mulher imponente 90% do tempo, mas era aqueles 10% que encantavam. Quando ela pedia a marra de canalha e ficava sem jeito. Era difícil não pensar em entrar de cabeça no que quer que aquilo fosse.

— De outro jeito — A morena falou olhando as próprias mãos. Parecia irritada com a falta de traquejo e eu mais me divertia. Não era ela a camisa dez que me intimidava? Parece que o jogo virou não é mesmo?

— Que jeito? — Questionei me aproximando dela, há poucos centímetros, para testar suas reações. Hoje eu havia tido coragem de encarar as duas esmeraldas que levava nos olhos e fui valente, mas dessa segunda vez eu falhei. Tive fracasso, pois pior do que era seu olhar com fogo era quando demonstrava paixão.

— Desse — Ela disse segurando em minha cintura e me puxando para os seus braços, me beijando logo depois.

Sua língua invadiu a minha boca com voracidade, um ímpeto que parecia ter sido conservado em seu peito por toda noite. As nossas duas enredavam-se e não havia espaço para considerar que aquela era melhor sensação da terra naquele segundo.

Comer era bom, sorrir era bom, dançar era bom, transar era fabuloso, mas ter os lábios de Sam agindo sobre os meus era surreal. Era como reunir pequenos prazeres e depositá-los em pequenas doses sobre a minha boca durante o seu movimento que sequer era lento.

Sam literalmente me comia e eu deixava que me devorasse, sendo minha única reação as mãos desesperadas correndo diretamente para os seus cabelos que eu puxava impedindo que não saísse de mim, embora ela não tivesse a intenção.

Suas mãos acariciavam a minha cintura como sua boca ao desfrutar a minha, me arranhando como seus dentes faziam com meu lábio inferior antes que ela mordesse e levasse até a boca. Olhos abertos. Abertos para mim.

Sam veio faminta dando alguns passos e quando senti a parede atrás de mim passei a imaginar suas intenções, portanto, a surpreendi subitamente colocando ela contra o concreto.

A família que eu herdei (Versão Freenbecky)Onde histórias criam vida. Descubra agora