Capítulo 24 - O direito de acrescer algo entre nós

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Sam

Carreguei Chai até a cozinha e peguei a caixa de primeiros socorros para ele, me sentindo um pouco culpada por de repente ter provocado aquela situação.

Se eu não tivesse provocado Mon junto a Giovanna ela teria ido dormir de vez e ele provavelmente não teria saído, de forma que não estaria agora chorando toda vez que o remédio encostava no joelho.

Foi por essa razão até que tomei a frente dessa situação. Eu sabia que Mon era a mãe, mas eu estava terrivelmente culpada e queria consertar isso da melhor maneira que eu poderia sem poder voltar no tempo.

Por falar em voltar no tempo algo ainda me tomava e me fazia querer rebobinar para alguns minutos atrás: O gosto do beijo dela que ousou se incrustar invisivelmente no canto dos meus lábios.

Eu podia senti-lo toda vez que respirava e aquilo começava a me deixar aturdida bem quando eu tinha que fazer um curativo no loirinho chorão.

— Pronto — Falei e ele negou com a cabeça limpando os próprios olhos. Mon parecia querer rir de alguma coisa e eu era a única que não estava entendendo a piada.

— Tem que dar beijinho no curativo para sarar mais rápido, ninguém te ensinou isso não? — Ele falou alçando o seu joelho devidamente vedado. Olhei para mãe dele querendo saber o quão prejudicial poderia ser negar isso.

Mon talvez entendendo o meu conflito tomou o espaço e deu um beijinho, repetindo o ato pelo rosto do menino que não estava satisfeito ainda.

— Pelo menos no meu rosto, para eu dormir bem — Chai implorou por um carinho e eu não podia somente negar. Não se pode fazer isso com uma criança machucada, portanto, beijei o joelho e depois o seu rosto tentando não fazer contato visual depois de tudo.

Sentia minha bochecha ardendo de tanta vergonha, ainda mais quando ele me devolveu com vários beijinhos no rosto. Eram muito bons, mas aquilo não estava me ajudando com conseguir me manter com a cara fechada.

— Agora podemos dormir — Ele falou indo para os braços da mãe e pegando a minha mão para que eu não pensasse em ir para outro lugar se não dormir.

Parei na porta do seu quarto quando os entreguei ali, definitivamente não esperando terminar a noite como acabou, mas sabendo que teve fim por ali.

— Então é isso — Mon falou com os dedos entrelaçados. Ela brincava com eles de uma forma que parecia meio nervosa.

— Boa noite — Eu disse me despedindo do pequeno, pensando depois se deveria com a mãe dele que me olhava de um jeito indecifrável.

— Não seja ruim, dê um beijinho de boa noite nela também — Chai falou antes de entrar para o quarto, deixando o constrangimento por conta de nós adultas.

— O Chai ele... — Mon começou, mas dessa vez eu que a deixei sem palavras quando me apoiei em seus ombros e deixei um beijo em sua bochecha. Foi um impulso, mas eu queria fazer e fiz aquilo.

— Um beijinho não se nega nem ao pior inimigo, não é? — Eu falei me afastando enquanto Mon parecia confusa e meio envergonhada.

Seus lábios se abriram e ela tentou formular uma frase, mas nenhum áudio saiu em sua ação. Parecia ter morrido com as palavras em seus lábios e muito disposta que assim fosse.

Como eu também não a pressionei apenas virei as costas e entrei no quarto. Os lábios estavam quentes e minha cabeça a mil, mas mesmo assim eu não queria desligar daquilo.

Portanto, naquela noite, apesar da interrupção de Chai eu não bebi. Eu queria como toda pessoa comum dormir pensando em tudo o que aconteceu e no que poderia ter acontecido.

A família que eu herdei (Versão Freenbecky)Onde histórias criam vida. Descubra agora