Capítulo 30 - Uma viagem como testemunha

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Sam

Todo mundo ao meu redor sabe que eu não muito afeita ao trabalho. Qualquer oportunidade de faltar, mandar alguém me substituir ou simplesmente ignorar que algo era da minha responsabilidade era quase uma especialidade minha como administradora, mas quando Mon bateu na porta do escritório atrapalhando uma partida minha de Pet Rescue eu soube que não podia me negar a fazer alguma coisa.

O que foi? Eu não adoro animais, mas aquele joguinho de salvar cachorros era realmente viciante. Eu me sentia até mal quando algum deles ficava preso e não restavam mais chances, era desolador.

— Acho que tem algo de errado com essa filial em Itú. Alguns dados de lucro não batem com a arrecadação total do mês. É como se estivéssemos injetando dinheiro, estivéssemos tendo retorno, mas entre sanar as contas e pagamentos fosse mais dinheiro do que deveria. Eu posso estar bem equivocada com isso, mas se você puder ver... — Ela disse me estendendo alguns balanços.

E antes de olhar eu desejei que aquela fosse uma impressão equivocada e que seu desespero não passasse de uma leitura de uma pessoa leiga até porque eu queria muito voltar para os bichinhos. Porém, no momento que bati o olho verifiquei o que me dizia.

— Tem alguém desviando dinheiro nosso dinheiro — Eu sacramentei sem precisar de mais. Era uma coisa tão descarada é tão porca que chocava não ter sido descoberta antes. A pessoa que estava fazendo isso não tinha qualquer medo de ser pego, inclusive — E o que vamos fazer com isso? — Complementei minha fala.

— Vamos lá para saber o que está acontecendo no lugar mesmo — Mon Disse como se fosse totalmente óbvio.

— Você está maluca? Não tem como a gente fazer uma viagem para São Paulo — Questionei prontamente. Sair do meu conforto no Rio para me embrenhar em algum interior por aí? Mas eu não ia mesmo. Nem que eu nascesses de novo, nem que passasse por cima do meu cadáver...

***

— Remelento você está confortável nessa cadeira? Sabe que é uma viagem relativamente longa então você tem que estar confortável — Eu disse conferindo seu cinto pela enésima vez. A aeromoça me olhava meio impaciente e outra vez eu estava respeitosamente cagando para sua opinião. Não havia possibilidade daquele voo decolar se ele não me confirmasse aquele último item.

Eu já tinha perguntado sobre banheiro, comida, água e sobre seu conforto, nem tinha demorado tanto assim. Quando ele fez um legal concordei em voltar para o meu assento e me acomodei para o alívio do resto dos tripulantes.

— Sabe que eu nunca andei de avião? — Mon Confessou quando a aeronave começou os preparativos para começar a correr sobre a pista.

Apesar de ser uma informação óbvia dada suas condições sociais antes da herança eu fiquei realmente chateada. Eu poderia ter checado ela também, mas sequer fiz algo sobre.

— Quer que eu mande ele parar? — Eu disse quando o avião começou a se mover para Mon que desatou numa risada e revirou os olhos.

— Só segura a minha mão — Ela pediu num misto de medo e entusiasmo, me fazendo não poder mais que apertar seus dedos nos meus enquanto o voo pegava altura. Minha mão segurava a dela, a dela a de Chai e a dele a do Peixoto com quem dividia sua poltrona. Foi assim até haver a indicação de que poderíamos começar a circular livremente na aeronave.

— Vai assistir o que? — Ela questionou quando me viu tirar meu IPad da minha bagagem de mão.

— Não sei, não decidi ainda — Esclareci e cinco minutos depois Monestava fuçando no meu aparelho, rodando entre os arquivos até se agradar de um título.

A família que eu herdei (Versão Freenbecky)Onde histórias criam vida. Descubra agora