Capítulo 33 - Como demanda o testamento

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Mon

Voltar para vida real depois de tudo foi demasiado difícil. Pensar em estar naquela mansão enorme, na vida que eu levava antes com Sam, tudo me dava um medo absurdo.

Por qual razão me afetava? Fácil. Imagina você estar num lugar que parecia mágico. A garota mais gostosa e magnética com toda atenção voltada para você e até segurando seu cabelo para vomitar depois de uma fodida ressaca de vinho?

Está bem, essa parte eu preferia esquecer, mas isso não tirava o fato de que Sam Havia sido carinhosa, prestativa e tinha me dado horas de um prazer intenso com somente beijar sua boca.

Eu não aguentava estar longe dela e a incerteza de que voltaríamos a estar tão próximas me corroía, ainda mais quando dormi sem ter desfrutado das mãos dela em mim, sem que eu pudesse lembrar de nada mais depois daquilo.

Eu gostava dela e não disse, queria ter a chance de fazer isso na volta, mas também queria saber em que medida o que vivemos pareceria real em nosso dia à dia.

Quando chegamos no Rio de Janeiro era domingo de noite. Setembro trazia uma brisa leve que nos exigia um casaco extra e pantufas quentes, além de um filme deitado. Foi o primeiro que busquei fazer assim que cheguei depois de dar comida e banho para o Chai.

O pequeno, era claro, não durou muito acordado, dormindo mais cedo do que eu esperava e me um com meus pensamentos para me atormentarem naquele momento. Todos eles girando em torno de Sam, claro.

E como se ela estivesse adivinhando aparece com somente sua cabeça para dentro do quarto depois de algumas batidas. Havia em seu rosto um sorriso travesso e uma postura leve como vi em nossa última viagem, aquilo me tranquilizou no ato.

— Quer descer? Vou fazer um jantar e achei que você ia gostar de comer junto comigo — Ela falou com expectativa. Como eu poderia frustra-la? E não queria.

— E a riquinha sabe algo de cozinha? — Questionei descendo com ela que somente riu sem dizer nada.

— Na verdade não, mas achei que seria bom te chamar para quem sabe você me ensinar — Ela falou quando chegamos na cozinha. Revirei os olhos assim que me sentei por ter que levantar. Não teria jantar se eu não fizesse algo aparentemente.

— Que convite, hein? — Ironizei atravessando a ilha do balcão, recebendo um cheiro seu no meu pescoço. Parecia que ela estava morrendo de saudade de me tocar e compartilhava do mesmo sentimento. Virei para ela e confortavelmente envolvi seu pescoço.

— Podemos pedir então — Ela falou me dando um selinho demorado e eu neguei mordendo seu nariz.

— Não, vou te ensinar uma coisa básica que você deveria ter aprendido há muito tempo — Falei beijando sua boca como deveria e como queríamos, deixando Sam na ponta do pé para aproveitar melhor aquele contato viciante. Eu amava aquela boca.

— Vou adorar aprender com uma professora assim — Ela disse distribuindo beijos pelo meu pescoço e chegando a minha orelha, me provocando até que eu tivesse que me afastar.

— Pegue um vinho para gente e coloque uma música. Vou mostrar para você um dos meus maiores talentos — Eu disse para Sam que me obedeceu prontamente. Pelo som embutido da casa começou a tocar uma música instrumental calma. Um mistura de violinos.

— Eu gosto de música clássica — Sam falou servindo nossas taças enquanto eu pegava os ingredientes, passando para ela os tomates para que começasse a cortar. Faríamos uma carne assada com batata e queijo, simples e delicioso.

— A gente é mesmo diferente, não é? — Eu reparei, mas não como se fosse uma novidade.

— Sim. E isso te assusta quanto? De zero a dez? — Sam Questionou cortando cubos enormes e desproporcionais. Parei de lavar as batas e fui até ela. Envolvi sua cintura e passando os braços por ali cheguei aos seus pulsos.

A família que eu herdei (Versão Freenbecky)Onde histórias criam vida. Descubra agora