Capítulo 14 - Toda água que podermos herdar

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Mon

Tinha uma hora que a mãe de Sam tinha saído e ela ainda estava parada em frente à piscina. Não se movia muito, somente olhava para água e eu estava começando a ficar realmente preocupada.

Queria ir até lá, mas como ela não me chamou tive medo de que de repente ela me rejeitasse e não me quisesse do lado dela. Geralmente não era algo que me impediria, mas ainda estava sofrendo as consequências de não poder chamar ela de amor e ser apresentada como filha de Mauro.

Era isso que eu era? Tudo bem, não era namoro, mas aquela nominação tão fria e distante que me fazia lembrar que estávamos em voga de um contrato me fazia temer certos passos.

— Mamãe porque você está parada aqui e a Sam ali? — Chai perguntou me dando um tremendo susto. Como ele saiu do quarto se eu tranquei quando ele dormiu ontem?

Aparentemente eu não tinha feito isso e se a Sam percebesse ia ficar muito brava comigo. Isso se conseguisse olhar para algo além desse sofrimento que estava passando agora.

Quando desci as escadas eu a percebi numerável como nunca e isso me partiu o coração. Somente compreendi a dimensão daquilo, no entanto, quando a senhora se identificou como mãe dela. Naquele instante quem se transformou fui eu.

Me tornei uma Chaia, se me permitem o trocadilho com meu sobrenome. Ela fez mal para minha mulher e eu não deixaria que fizesse outra vez tão facilmente. Tanto que, quando propôs o jantar, pensei em dizer que não de uma vez por todas, porém, não queria atravessar as decisões de Sam que era adulta e dona de si.

Eu já tinha sido dominante demais em relação a ela naquela conversa, me faltando apenas urinar no seu pé para provar que era minha, não precisava falar por ela e ir até o cúmulo da situação. Quando ela aceitou, no entanto, me questionei se não deveria tê-lo feito, pois de longe a possibilidade de um jantar de aniversário parecia cheirar mal.

— Acho que ela está triste — Falei para Chai que me encarou.

— E você? — Ele questionou ainda confuso.

— Acho que estou triste também — Admiti para ele que me pediu para abaixar e me deu um abraço apertado, acompanhado de vários beijinhos que me arrancaram bons sorrisos.

— E agora? Melhor? — Chai questionou me dando cheirinhos também. Seu amor era capaz de melhorar tudo no mundo.

— Muito — Falei soltando ele quando tirou seus bracinhos de mim.

— Acha que funciona com a Sam também? — Ele perguntou e antes que eu respondesse o menino levado saiu correndo na direção da piscina sem medo algum.

Isso era o que mais me dói de pensar que Sam não teve uma infância feliz. Quando somos crianças o nosso senso de rejeição é mínimo. Não enxergamos maldade, não temos medo de que as pessoas nos machuquem e confiamos no melhor de todos. Se caso isso se quebra o trauma é terrível, mas se conseguimos nos manter com essa pureza nos mantemos como adultos bondosos.

Chai tinha a chance de ser alguém benevolente, meigo e compreensivo, enquanto Sam havia se tornado na quebra de todos os sentimentos positivos que depositou nos mais velhos alguém assustado.

Meu filho tocou o ombro dela e ela o olhou. Naquele momento meu corpo gelou por receio de que ela não fosse legal com ele. Eu entenderia seu momento, mas isso faria Chai ficar triste mesmo assim e eu, como mãe, terminaria ficando decepcionada com a minha mulher.

Que tudo acontecesse entre nós, que nos magoássemos, mas que eu nunca visse Chai com lágrimas dos olhos por conta dela, por mais que por uma consequência dele ter passado do ponto em não entender os limites.

A família que eu herdei (Versão Freenbecky)Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora