Capítulo 07 - Pontos de um mesmo testamento

611 71 8
                                    

Sam

Nos encaixávamos como peças de um quebra-cabeça. Eu era uma quina com um vácuo para encaixe e uma ponta, Mon, ao contrário, tinha três delas e era uma peça que ia bem no meio. Isso nada mais quer dizer que ela sim era uma pessoa mais aberta a se conectar com as pessoas enquanto a mim custava muito.

Mon aparentemente também tinha seus traumas emocionais, mas éramos os dois resultados possíveis quando as pessoas te decepcionam: Você se torna esperto, mas seu coração permanece amável, como ela era ou ficava reprimido e tinha que fazer todo o caminho de volta para se reencontrar se percebesse que precisava ser melhor, algumas pessoas nunca se davam conta disso, mas eu havia.

E queria ter dito a ela a verdade dos fatos. Pela primeira vez desde o acontecido quis olhar em seus olhos e confessar que a minha conversa com Daniel me levou a refletir sobre algo que eu não estava fazendo bem. Queria rogar suas desculpas e resolver as coisas.

Mas então ela foi radical sobre as mentiras e com um medo absurdo de perder a única coisa que me fez bem em muito tempo eu simplesmente nada disse. Me confortei na desculpa que ela mesma deu e me deitei com ela em minha cama.

Continuava aqui ainda, com nossas pernas entrelaçadas e nossos dedos se movendo dentro uma da outra. Estávamos deitadas de lado, nossos lábios tocavam-se e outra vez eu ousava esquecer do mundo em sua pele, pois era simples demais fazer isso.

Com minha mão passeando por seus ombros, minhas unhas descendo por suas costas e, finalmente, meus dedos entrando em sua boceta e indo fundo, provocando-a como ela fazia comigo com seus dois dedos.

O lençol cobria nossos corpos, mas o nosso tesão denunciava uma desnudez crua que se apoderava de nós duas e nos tornava duas viciadas no corpo uma da outra, da forma mais primitiva que pudesse haver.

Os dedos de Mon seguravam minha nuca e massageavam os cabelos causando-me um alívio delicioso e mais um movimento involuntário dos quadris em direção aos dedos, tentando retirar deles o máximo do meu prazer.

Quando o gozo chegou não foi somente para mim. Poucos segundos depois que o orgasmo me abateu senti Mon apertando meus dedos, se contraindo no entorno dos dois, não me restando nada mais que morrer de prazer ao sentir o meu se misturando com o dela, o dar e o receber em seu estado mais puro.

— Agora você vem dormir comigo? — Mon perguntou quando satisfeitas nos deitamos. Eu estava na cama e ela com os dois braços sobre meus seios, o queixo embaixo deles me encarando enquanto conversava. Cabelos em polvorosa, lábios vermelhos, o rostinho de quem daria para mim a noite inteira. Eu casaria com aquela expressão se ela pudesse mante-la por toda a vida.

— Ou podemos ficar aqui — Dei como alternativa fazendo um carinho demorado em sua nuca. Mon fechou os olhos de genuíno prazer.

— Você está insistindo por qual razão? — A morena quis saber dando um beijo no meio dos meus seios e depois voltando a estar deitada. Se ela ficasse manhosa eu só teria a escolha de me ajoelhar no pé da cama e orar para não cair em tentação, pois uma garota com aqueles olhos e querendo sempre era algo que poderia fazer eu me perder e não me achar mais.

— Eu adoro o estrupício, isso não é segredo para ninguém, mas não podemos foder na mesma cama que ele dorme. Seria traumático que ele acordasse no meio da noite e visse a mãe dele sendo enforcada por mim — Pontuei trazendo uma mão para garganta dela que deu um sorriso. Como ela gostava...

— Você tem razão, mas sempre dormimos juntos, ele está acostumado — Ela falou, mas pelo seu tom deu para ver que a mamãe coruja estava gritando dentro do peito.

— Eu sei, mas ele tem seis anos e logo vai precisar ter um quarto e as coisas dele também. A própria cama é uma das primeiras experiências de independência da criança. Será bom para o desenvolvimento dele e, ademais disso, você não vai ficar sozinha. Há outra companhia no seu colchão se quiser — Me ofereci e ela revirou os olhos para mim. Levei uma mordida no ombro com força e depois vários beijos sobre ele.

A família que eu herdei (Versão Freenbecky)Where stories live. Discover now