Capítulo 17 - A pessoa que merecia a família que herdei

484 56 7
                                    

Sam

A noite estava realmente linda. Se uma coisa eu tinha que concordar em relação a Constanza era que ela sabia bem organizar uma festa não importasse o tempo que dispunha para isso.

Poderiam ser três dias ou três horas, ninguém conseguiria acomodar cem pessoas numa mansão bebendo do bom e do melhor com música de alta qualidade e uma decoração impecável como ela.

Nem mesmo eu, no auge de minhas intenções malignas, consegui chegar perto daquilo, portanto, me sentia bem em pensar que ao menos estava vestida como deveria para ocasião. Eu e Mon.

Agora imaginem que ela quase abriu mão dos vestidos mais assertivos sob a desculpa do preço. Não que eu fosse uma pessoa que não cuidasse das finanças, afinal sequer tinha adquirido ainda grandes posses com a herança, mas não era como se fôssemos a falência por conta de dois vestidos que por sinal nos deixaram como o casal mais bonito da comemoração.

Ela com seu vestido de diamantes e eu com um de mangas longas com um decote também generoso, feito de rendas e algumas telas da cintura para baixo. O vestido tinha uma transparência que deixava minhas curvas quase a mostra, mas nada que não fosse devidamente amenizado por uma inocente trança grega.

Me sentia elegante e sensual, mas sobretudo sortuda, pois a única mulher que literalmente brilhava mais do que eu era a que iria para cama comigo hoje.

Por falar nela Mon não precisava mais circular sozinha pela festa como na primeira desse gênero que realizamos na mansão. Eu não queria que ela se sentisse deslocada e, por essa razão, levava-a de braço entre os convidados e fazia questão de integra-la nas conversas.

— A temporada de Paris está um espetáculo, Sam. As roupas, as joias, você certamente deveria conferir — Irene disse no meio de uma conversa. Nem era um comentário idiota dessa vez, mas eu estava com tanta preguiça de sua língua solta que não estava mesmo a fim de estender nossa troca por nem mais um segundo do que fosse adequado.

— Claro que vou, aliás, vamos. Tenho a pretensão de levar Mon e Chai para Paris no ano que vem assim que o pequeno sair de férias — Nem tinha pensado sobre, mas aquela era só mais uma informação para que ela espalhasse se quisesse. Estava com o "foda-se" ativado para suas opiniões.

— E onde você aprendeu a falar francês, Mon? Não sabia que as favelas estavam tão avançadas no que concerne ao acesso à educação. Isso é um ótimo avanço, aliás! Quem sabe assim poderemos acabar com esse injusto sistema de cotas. Sabe que o Jairzinho, o meu filho, não entrou para faculdade por causa disso? — Irene proferiu e vi nos olhos de Mon a resposta atravessada antes que chegasse em sua garganta. Aquele velha era muito escrota, mas dessa vez ela tinha passado do limite do aceitável por muito.

— Essa com certeza é uma ótima história que a minha mãe adoraria ouvir, Irene. E por falar nela olha ela chegando. Tenha uma ótima noite e aproveite — Eu disse tirando Mon de perto dela e pegando uma bebida para ela assim que o garçom passou por nós duas.

— Tenha uma ótima noite e aproveite? Não fode Sam! — Ela disse tomando a bebida da minha mão assim que ofereci com uma certa brutalidade.

— Eu sei que ela foi estúpida... — Comecei e Mon negou.

— Você é estúpida. Aquela velha é uma preconceituosa nojenta e não é dessa noite. Ela me fez passar o inferno da última vez que nos vimos e quando não foi energicamente repreendida se viu no direito de ser ainda mais. E tudo o que você disse foi para ela aproveitar sua festa? Se você não sabe dizer o que ela precisa ouvir ao menos permita que eu faça as honras, o que eu não posso é deixar acontecer uma terceira vez e ela ser ainda pior. Remédio para gente que nem ela é uma vergonha bem feita — Pontuou querendo voltar até Irene que conversava com a minha mãe e eu a segurei no lugar.

A família que eu herdei (Versão Freenbecky)Where stories live. Discover now