Capítulo 10 - Um benefício de aniversário

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Mon

O sorriso de Samera uma das coisas mais bonitas que eu tinha experimentado em tempos, não importava o quanto ela batesse contra o meu carrinho.

Toda vez que seus olhos riam junto com os lábios era como se eu tivesse ganhado anos de vida, e olha que era ela a aniversariante.

Como tal, a que nem queria vir para festa aproveitou até o que não pensei que faria: Entrou no pula pula com Cris, na torre com Giovanna e não cansou de dançar na pista todas as músicas infantis que tocou.

Eu sei, poderia ter investido em algo mais condizente com a idade dela. Seria mais coerente até, mas o que eu senti no momento em que comecei a pensar aquela comemoração era que Samnão precisava de mais um jantar formal com pessoas que ela não conhecia.

Que o que fazia falta e ela nem imaginava era poder correr descalça, comer algodão doce e dançar da forma mais estranha e menos sensual possível. Ela precisava viver coisas naturais e quem sabe renovar antigas lembranças.

Queria que a data de hoje simbolizasse isso: Uma nova forma de ver o que outrora foi sofrimento. Todos nós deveríamos ter a chance de viver de novo, em outras circunstâncias e épocas, algo que era significativo. Todos merecíamos uma outra chance e eu estava proporcionando isso à ela.

Nos outros anos, quem sabe, poderíamos comemorar nós três num barco correndo pelos mares da Europa... E ali estava eu apaixonada demais para não pensar em futuro. Aquilo começava a me assustar.

— Essa é a melhor festa que já fizeram para mim — Samdisse chegando perto com suas bochechas ruborizadas de tanto que tinha feito esforço. Aguentaria mais tarde? Não tinha certeza, mas eu seria feliz somente abraçando ela hoje.

— Espero que não seja a última — Eu falei recebendo-a nos braços e colando nossas bocas num beijo cheio de carinho. Se ela estava tentando me informar que era a primeira de muitas deu certo, pois eu fiquei tonta de amor com o afeto que dedicou em seus lábios.

— E esse parabéns sai ou não? Eu quero bolo — Giovanna gritou endossando as pessoas em volta a se juntarem ao processo. Até Armênia e Kirk, as pessoas mais educadas que conheço, aproveitaram para exigir o momento mais esperado.

— Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação eu vou pedir que entrem com o bolo — Eu disse dando um último beijinho na ponta do seu nariz antes de mandar que entrassem com aquele Megazord de três andares que a confeitaria me garantiu que ela gostaria.

Era um bolo da cor amarela, haviam flores em volta dele e uma vela no alto que parecia soltar faíscas. Como a noite já estava vindo o efeito dele sobre o por do sol junto aos olhos claros de Samprovocou um efeito de ensaio fotográfico.

O verde brilhava na explosão de amarelo, laranja e azul marinho que se abatia sobre aquela linda imagem que ficaria comigo até depois de muito tempo: Samfeliz, plenamente, sem sentir nenhum único peso em seus ombros, nem pelo passado ou presente. Sendo ela, somente a mulher que poderia ter sido se ninguém nunca a tivesse machucado por alguns minutos.

O cântico de parabéns não demorou para vir, todos celebrando sua presença sob a mesma voz e sentimento, vibrando que Samtivesse do mundo toda graça, bondade e amor, pois merecia por ter vencido todos esses anos com todos esses percalços.

Ela era uma garota cercada de privilégios. Teve acesso a boas escolas, saúde de qualidade e segurança, mas manter tudo isso e não saber de que servia quando não era planejada ou amada poderia ter acabado com seu coração, mas havia algo de bom nele.

Havia, pois com todos os motivos para que fosse terrível acabou se tornando humana, daquelas que escondia um coração bonito por trás da casca de mulher irredutível que precisou vestir.

A família que eu herdei (Versão Freenbecky)Where stories live. Discover now