11 - Defeitos

19 2 7
                                    

Armando foi o primeiro a se aproximar deles. Como não queria arranjar briga com o primo, João preferiu agir como se fosse um acidente. Colocou as mãos na cabeça e abriu a boca em um grito silencioso.

— Meu Deus, Mikaely! Você está bem? — questionou assustado, aproximando-se dela. — Por que pediu pra ir sozinha logo aqui? — Tentou pegar em seu braço para ajudá-la a levantar, mas Mikaely bateu raivosa em sua mão.

Eu quis? — A indignação escorria de seus lábios. — Você me empurrou, seu idiota!

Ela tentou se levantar, parecendo ter intuito de batê-lo, mas assim que se firmou em um dos pés, gemeu de dor, voltando ao chão no mesmo instante. Armando foi acudi-la, assim como as suas amigas que enfim haviam se aproximado.

— Por que fez isso, João? — seu primo perguntou, nitidamente chateado.

— Mas eu não fiz nada! — Bufou, apontando para Mikaely. — Essa doida que se soltou de mim e foi sozinha. O que queria que eu fizesse?!

— Mentiroso — Yandra acusou, aproximando-se dele. — Eu vi você empurrar ela.

— Você estava mais de olho no Rikelmy do que na gente. — João cruzou os braços, arqueando uma sobrancelha.

Raquel passou na frente da amiga, ficando cara a cara com ele.

— Não foi só ela que viu. Eu e a Maely também. — Ela franziu as sobrancelhas. — Vai ficar negando mesmo?

— É claro que sim. Eu sou inocente!

Mikaely levantou com a ajuda de seu primo, ambos o mirando raivosos. Armando ajudou a garota a andar. Enquanto o fazia, disse:

— Você é um idiota, João Pedro.

Preferiu não se estressar ainda mais com a situação. Saiu caminhando para o lado contrário do grupo.

Quando estivesse a sós com o primo e contasse suas motivações, Armando tinha que ficar ao seu lado. Eles sempre seriam primos. Uma ficante não seria um muro entre eles.

════════ ✥.❖.✥ ════════

Assim que entrou no quarto, ignorou a presença de Ismael, que lia um de seus mangás estranhos, e deitou na sua cama, escrevendo uma mensagem de desculpas para Clara, pois não iria encontrá-la no passeio. A internet naquele internato era horrível. Contudo, pelo menos foi disponibilizada uma que era possível enviar e receber mensagens de texto.

Quando largou o celular, bufou alto e escondeu os olhos da luz do teto com um dos braços.

Não viu o tempo passar. Talvez tivesse cochilado. Não sabia direito. Mas escutou quando Armando entrou no quarto e deitou em sua própria cama.

Seu primo não disse nada para ele. Na verdade, começou a conversar com Ismael, pessoa que estava se tornando mais próximo. Então restou a João escutá-los falar sobre os mangás de terror que estavam lendo, assim como das atividades das aulas que estavam juntos.

Minutos mais tarde, ouviu eles se despedirem, Ismael dizendo que iria tomar um banho antes do jantar.

Quando enfim ficaram sozinhos, João tirou o braço do rosto e fitou o primo. Pela expressão que viu — boca em bico e a testa franzida —, soube que Armando ainda estava irritado.

— Não vai nem querer saber como ela está?

João suspirou com a pergunta.

Não, não queria saber. Mas podia fingir.

— Melhorou da dor?

— Mika torceu o pé, ralou os cotovelos e parte do joelho.

— E o que os monitores falaram?

— Pediram que ela tomasse mais cuidado ao andar de bicicleta.

João apertou a boca em uma linha fina.

Mikaely não o havia entregado? Por quê?

— Ela não colocou meu nome no trabalho — confessou.

Armando suspirou e parou de encará-lo, fitando a tela de seu celular.

— Eu sei. Ela contou.

O silêncio durou por alguns segundos. João pensou em voltar a se deitar, mas então o primo continuou:

— Ela também disse que você não fez nada. Nem a procurou para falar sobre o trabalho. Então foi justo não colocar seu nome.

João bufou.

— Ela é minha dupla. Tem que colocar meu nome.

Armando revirou os olhos.

— Você está errado, mas não aceita isso. E ainda a machucou. Espero que peça desculpas dela.

João soltou um riso zombeteiro.

— Nunca. Ela também me deve desculpas pelo o que fez. Então estamos quites.

Seu primo balançou a cabeça e começou a descer de sua cama, dizendo:

— Você é um imaturo, João. Só quero ficar longe de você por agora, antes que pense em te bater.

João Pedro cerrou os punhos.

— E você é um possessivo trouxa.

Armando o encarou por cima dos ombros, antes de sair do quarto. Seus olhos faiscavam de raiva.

E desde ali não se falaram por duas longas semanas.

O (amor) Assassino Está Entre NósOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz