12 - Mais vinganças

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Após tantos adiamentos para a prova de História — o que Mika achava ser uma intervenção divina para ela evitar falar com João Pedro —, enfim a professora Danielle tinha conseguido imprimi-las.

Enquanto a professora as distribuía às duplas, Mika ignorava a importuna presença do garoto ao seu lado; o culpado dos longos dias de dor no corpo. Mesmo com o pé melhor e as casquinhas dos machucados crescendo, sua raiva por ele não diminuía. Nem ela ou Armando voltaram a sentar na mesa com ele. Mantinha contato apenas com Rikelmy.

Sem nenhuma palavra, João pegou a folha e escreveu seu nome, em seguida passando para Mika.

A pior parte era saber que teria que fazer aquilo sozinha. E aquele desgraçado ainda ganharia em cima dela.

Mika respirou fundo e começou a responder o que sabia.

Estava concentrada em uma questão sobre a Segunda Guerra Mundial, quase marcando a questão, quando João Pedro a impediu com uma das mãos.

— Tá errado.

Ela o fitou, franzindo o cenho.

— E você sabe algo?

João revirou os olhos.

— É claro que sim. Não é como se eu pudesse confiar em você.

Mika apertou um dos punhos e respirou fundo.

Socar a cara daquele garoto não adiantaria muito. Talvez um pouquinho... Um tapa já seria bom. Mas se pudesse bater sua cara no chão e chutar...

Acordou de seus pensamentos homicidas ao ver João Pedro marcar de caneta outra alternativa, diferente da que queria.

Mika o encarou raivosa, suas narinas dilatadas e rosto vermelho, mas o garoto não se importou.

— Não é essa, seu idiota!

Ele revirou os olhos novamente.

— É claro que é. Não estudou não, otária?

Mika fechou a cara e estava perto de retrucar grosseiramente, quando a professora Danielle percebeu a discussão e se aproximou da mesa.

— Bom dia... Algum problema? — Ela semicerrou os olhos para os dois.

— A prova é em dupla, mas a Mikaely não quer que eu ajude na prova. — João Pedro empinou o queixo. — Talvez queira usar isso contra mim e me tirar mais nota.

Mika respirou fundo.

Não podia bater nele. Não na sala de aula.

— Não estava pensando em fazer isso — se defendeu. — Só disse que a opção que ele marcou está errada.

A professora suspirou audivelmente.

— Aprendam a trabalhar em equipe e a ouvir a opinião um do outro. — Ela balançou a cabeça e se afastou deles.

Pelo restante da prova, ambos ficaram calados, assim como emburrados. Comunicavam-se apenas por dedos, apontando a alternativa que achavam ser a correta. Para a surpresa de Mika, concordaram nas respostas das alternativas seguintes.

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O gabarito saiu logo no fim da prova. Contudo, Mika preferia que ficassem sem saber pelo resto da vida deles.

João Pedro estava certo, e era claro seu contentamento e orgulho por aquilo. O sorriso presunçoso que lhe deu no mesmo instante que sua alternativa apareceu como correta fez Mika repensar se seria muito ruim bater nele ali, na frente de todos.

Para não dar lugar aos pensamentos violentos, levantou da mesa assim que tocou o sinal e foi embora sem olhar para trás.

Ainda teria sua vingança. Mas era um prato que se comia frio...

O (amor) Assassino Está Entre NósOnde histórias criam vida. Descubra agora