34 - A última peça?

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Mika observava ao longe Ismael sendo arrastado pelos policiais. Escutou os gritos dele pedindo provas melhores do que um moletom manchado de sangue, ao qual afirmava ter sido roubado antes; dizia que ele não era o culpado.

— Meu Deus... — Yandra falou logo ao seu lado, o tom de voz carregado de surpresa.

Demorou para Mika voltar à realidade e ter controle sobre o corpo.

Algo tinha acontecido; algo muito importante. Precisava saber sobre.

— Vem — foi tudo o que disse enquanto se apressava em direção ao grupo de alunos e funcionários que se formavam a alguns metros das duas viaturas na entrada do internato.

Escutou Yandra praticamente correndo atrás dela. Mas Mika não diminuiu o ritmo. Com o coração apertado, apressou-se para alcançar alguém que pudesse lhe dar alguma informação. Só ao estar mais próxima dos portões que davam à entrada da instituição que Mika notou outro veículo. Um veículo que se tornara mais comum ali. Pertencia ao IML.

Precisou respirar fundo para não se render ao desespero.

Podia ser qualquer coisa. Qualquer pessoa. Sua esperança não acabaria ali.

Com o grupo mais próximo, Mika conseguiu escutar os cochichos deles:

— Pois é... Então descobriram o real culpado?

— Vamos ter paz de novo aqui.

— E o que vão fazer com os outros funcionários acusados?

Mika respirava ofegante, mesmo quando se entrosou no grupo.

— O que aconteceu? — indagou, logo recebendo a atenção da maioria.

Uma mulher, que parecia trabalhar em alguma parte da coordenação pedagógica e que não estivera na sala de lá com Mika e Yandra, foi quem respondeu:

— Há algumas horas dois alunos estavam fazendo uma prova de jardinagem e encontraram enterrado um moletom com manchas de sangue. Os dois reconheceram ser da mesma pessoa e foram atrás do diretor Paulo na sala dele. Mostraram o moletom e pediram as imagens das câmeras da noite de primeiro de abril. Mesmo com algumas imagens apagadas, o que deixou tudo ainda mais suspeito, confirmamos que Ismael Nylton esteve com esse mesmo moletom. Em um momento das imagens, ele aparece com o capuz levantado e levando a primeira vítima, Clara Silva, em direção contrária ao luau. Outras imagens das câmeras dessa noite foram apagadas, mas suspeitamos que tenham seguido à estufa, onde o corpo da garota foi encontrado. Ainda não temos como provar que o garoto cometeu os outros assassinatos, mas ele está em uma situação bastante ruim. E com o novo corpo que encontraram em uma parte mais distante da floresta, suspeitamos que ele também a tenha matado, pois muitos afirmaram que os viram juntos na atividade de ontem. — A mulher soltou um longo suspiro, parecendo cansada depois de falar tanto. — É uma situação triste. Mas não precisam se preocupar, a instituição já está cuidando de tudo.

Contudo, Mika nem mesmo conseguia mais compreender o que ela falava.

Seus ouvidos zuniam. O coração batia fora de compasso.

— Um novo corpo? — encontrou forças para questionar.

— Sim. A aluna que encontrou o moletom também identificou o corpo e disse ser uma amiga dela, que estava sumida desde a noite de ontem. Parece que o nome dela é Maely.

A partir daí, tudo se tornou um caos na mente de Mika.

O (amor) Assassino Está Entre NósWhere stories live. Discover now