14 - Amigos

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Enfim a vida de João parecia melhorar, por mais egoísta que fosse o motivo.

Armando havia contado, em uma mistura de tristeza e raiva, que Mikaely terminara tudo. Como um bom primo, consolou ele e disse que ainda havia muito peixe naquele rio. Porém, infelizmente, Armando só queria aquela piranha. Mas daria um tempo para seu grande amigo se recuperar. Era óbvio que logo voltariam ao normal.

1 semana depois

A aula de História estava chata.

Sem aguentar mais o monólogo sem fim da professora, preferiu pegar seu caderno e começar a rabiscar na última página.

Quando é que a aula vai acabar e vou poder tentar jogar roblox?

— Você desenha bem.

Encarou Mikaely, que havia sussurrado para ele.

Franziu a testa com força e depois olhou a merda que fazia. Sem dúvidas, não era um desenho bonito. E pior ainda era saber que aqueles elogios e comentários sem sentido da garota começaram alguns dias antes.

Suspeito.

— Qual é o teu problema?

Mikaely pareceu ofendida.

— Não posso elogiar seus dons?

— Cuida da tua vida.

Ela abriu um pouco a boca, pasma. Em seguida cruzou os braços, olhando para frente, e resmungou:

— Desculpe se estou tentando melhorar o clima entre nós. Não está mais aqui quem falou.

Semicerrou os olhos em sua direção.

— Você nem tem motivos para querer melhorar algo comigo. E ainda partiu o coração do meu primo.

Ela suspirou de maneira dramática.

— Preferia que eu continuasse com ele e traísse? Ou que fingisse algo que não sinto mais?

João arqueou uma sobrancelha em sua direção, julgador.

— Ah, então já está com outro...

Mikaely revirou os olhos.

— É claro que não. Só estou evitando futuras intrigas.

Ainda assim, João não se convenceu. Porém, ao invés de focar na aula, continuou a discussão aos sussurros:

— Então por que quer ser minha amiga logo agora?

— Não quero ser sua amiga. Quero estar bem com minha dupla de História, principalmente para fazer esse novo trabalho. Então se não quer ficar sem nota como da última vez, é bom cooperar.

Enfim aparecia um argumento justo.

— Está bem. Podemos tentar nos dar bem.

— É o mínimo depois do que você fez comigo — ela murmurou.

João revirou os olhos. Ao invés de retrucar com grosseria, preferiu questionar:

— Quando quer começar o trabalho?

— Pode ser hoje? Podemos nos encontrar na biblioteca meia hora depois das atividades da tarde. Quanto antes terminarmos, melhor.

Apenas assentiu e focou o olhar na professora, que fitava os cochichos deles de esguelha. Era melhor evitar uma bronca.

— Está bem.

— Ótimo. Vou te esperar naquelas mesas do fundo.

João arqueou uma sobrancelha.

— Se você se atrasar, pode ter certeza que vou embora.

Mikaely apenas revirou os olhos.

— Não se preocupe, idiota.

João Pedro resmungou.

Idiota era ela. Mas era melhor evitar intrigas. Seriam "amigos".

Haha, amigos... Claramente aquilo não daria certo.

O (amor) Assassino Está Entre NósDove le storie prendono vita. Scoprilo ora