30 - Uma noite de erros

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Os pulmões de Mika clamavam por ar, suas pernas por descanso e seu coração por um momento em que pudesse voltar a bater calmamente.

Quando saíra com Maely do dormitório, cada uma com um caminho diferente para seguir, não imaginou que tanta coisa passaria. Devia ter aceitado o convite da amiga para ajudá-la a procurar sua pulseira perdida nas trilhas da floresta e no gramado próximo dele. Muito provavelmente nenhuma decisão ruim teria sido comparada com a de beijar João Pedro.

Ainda sentia os lábios do garoto sobre os seus. Eles formigavam com a falta do contato.

Mika fez uma careta, balançando desesperadamente a cabeça.

Aquilo tinha sido um erro. Um deslize, uma loucura, uma irrealidade.

Ao longe, avistou uma silhueta masculina caminhando apressadamente em um dos caminhos de pedras do gramado. Não demorou para reconhecer Armando, que encolhia os ombros e olhava com receio ao redor. Mika nem mesmo conseguiu julgá-lo pelo medo de andar no exterior, pois todos os alunos temiam o que podia acontecer nos horários mais tardes. E, ainda assim, ela e Maely haviam criado coragem para sair e seguir sozinhas. Começava a enxergar o grave problema naquilo.

Em uma das conferidas por cima dos ombros, Armando também percebeu Mika, que já corria em sua direção. Viu o garoto arregalar os olhos, parecendo prestes a questioná-la o que fazia ali. Mas Mika não lhe deu chances. Ao estar mais próxima, agarrou-se ao pescoço do garoto e o beijou. O beijo mesmo; com toda intensidade e pouco fôlego que lhe restava.

Não se surpreendeu ao ter Armando agarrando sua cintura e a trazendo para mais perto. Aquilo não importava. Nem mesmo importava se alguém os veria pelas câmeras ou algum monitor em suas rondas os encontraria naquela situação. Tudo o que Mika queria era beijar Armando e tirar João Pedro da cabeça.

Não funcionou.

João e seu beijo continuavam ali, como um chiclete grudado na sola do tênis.

Mika e Armando precisaram se afastar por culpa da falta de fôlego. Ao encarar o garoto tão próximo ao seu rosto, seu estômago revirou, mas não de forma boa. Armando sorria largamente, passando com carinho o dedão em sua bochecha. Percebeu que a mão dele tremia em contato com sua pele.

— Isso quer dizer um sim à minha pergunta de mais cedo?

Mika engoliu em seco.

Preciso esquecer o João.

— É claro.

O (amor) Assassino Está Entre NósWhere stories live. Discover now