40 - O esquecimento leva à briga

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João Pedro queria paz na cabeça, principalmente após realizar uma prova no último tempo de aula. Então, logo após o almoço, apressou-se para tomar um bom banho. O mais demorado que pudesse, sem se preocupar com qualquer menino na fila da vez.

Enquanto preparava suas coisas para ir ao banheiro, Rikelmy indagou:

— Ei. Tu faz aula com quais professores mesmo?

— Se quer a resposta de alguma tarefa, seja mais específico. — João Pedro soltou um rápido bufo, colocando a toalha sobre os ombros. — Quer saber, pega minhas coisas e procura o que tu quer. Quero ir logo tomar banho. Tô me sentindo grudento de suor.

Antes que chegasse à porta, escutou o chamado de Armando:

— João?

— Hm? — grunhiu como resposta.

— Vou pegar também se encontrar algo que me sirva nas matérias.

João Pedro revirou os olhos de maneira dramática, um fraco riso escapando de seus lábios.

— Faz o que tu quiser, mano. Só me deixem ir.

Assim que fechou a porta atrás de si, apressou-se para chegar na área do banheiro. Como imaginou, não estava com tantos meninos disputando cubículos ou pia. Enquanto passava por alguns desses alunos, escutou por partes suas conversas:

— Pois é, a festa provavelmente vai ser irada.

— É depois de amanhã, não?

— Não, maluco. É amanhã mesmo.

— Melhor ainda. Tô torcendo pra pegar a Clara.

Mesmo com João sabendo que não era a mesma Clara que aquele menino se referia, não conseguiu evitar um desconforto no coração. Parecia irreal que a garota havia sido assassinada. Passou o quê? Quase dois meses desde a descoberta da morte? Para João, era quase a uma vida antiga que pertencia aquela informação.

Entrou no primeiro cubículo que encontrou disponível e logo colocou água quente para cair do chuveiro. Com o clima nublado no exterior, seria ótimo poder relaxar em um banho mais agradável. Com as gotas mornas caindo em seu rosto e corpo, pouco a pouco sentiu a tensão diminuir. Respirou fundo por um momento, desejando o poder de levar embora todos os pensamentos ruins e insistentes com um simples suspirar.

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A primeira coisa que notou ao abrir a porta do quarto, após retornar do banho, foi que apenas Armando estava ali. Em seguida, estranhou o fato dele estar parado no meio do quarto. Só então, ao fechar a porta com cuidado e dar um único passo em direção ao primo, percebeu o que ele segurava: não apenas seu caderno de História, mas um papelzinho. Um bilhete. Um maldito bilhete que devia ter jogado fora após o fim da aula.

João Pedro não teve muito tempo para reagir ou fazer algo para Armando não o ler. Na verdade, era mais provável que seu primo estivesse relendo as informações do que encontrando o bilhete pela primeira vez.

Armando levantou o olhar para ele. Sério. Carregado de ódio.

João Pedro engoliu em seco.

Merda.

O (amor) Assassino Está Entre NósWhere stories live. Discover now