45 - Sangue

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As pegadas pararam metros antes da entrada do dormitório masculino. João começava a desconfiar que talvez Janildo tivesse planejado aquilo ou como uma maneira de enganar o caminho ou para incriminar outra pessoa.

Como imaginou antes, o local estava vazio. Nem mesmo viu qualquer monitor para barrar a entrada de possíveis garotas. Os responsáveis não imaginavam que as pessoas podiam fazer outras coisas em um momento de festa?

Pelo menos, com o dormitório vazio e sem muito monitoramento, Mikaely poderia entrar com ele. Porém, aquilo também os deixava em perigo caso encontrassem com Janildo em algum corredor.

Temeroso com o que poderia passar, João apressou os passos à escada e já começou a procurar pela sua cópia da chave do quarto. Como no início da festa, a dúvida de ter desligado ou não a luz do quarto voltou à sua mente. Saíra tão apressado, que nem mesmo havia conferido aquele pequeno detalhe. Pelo menos poderia corrigir o possível erro.

Conferiu por cima dos ombros o estado de Mika. Não sabia como ela havia conseguido parar de chorar, principalmente após ver uma amiga morta. Porém, os olhos vermelhos e inchados não ficaram melhores.

João voltou a olhar para frente, segurando-se para praticamente não correr pelos corredores. O coração estava acelerado. Temia qualquer instante em que Janildo pudesse dobrar a esquina adiante, segurando uma faca.

Devia ter desconfiado antes daquele homem. Sabia dos casos de assédios dele, que eram ignorados pela coordenação. Porém, nunca havia imaginado a hipótese dele ser capaz de matar as garotas.

Enfim chegou ao corredor de seu quarto, já avistando a porta ao longe. A luz ligada.

— Idiota esquecido — murmurou.

Logo alcançou a porta e começou a destrancá-la. Na ação, Mikaely o alcançou e ficou atrás de suas costas.

— Vou só pegar o carregador e em um pulo a gente já...

Entrou no quarto distraído, mas logo arfou ao perceber que ele não estava vazio.

Primeiro seus olhos se direcionaram ao tênis largado no chão, uma de suas solas deixando evidente a terra e grama grudadas. Em seguida, percebeu a faca pontiaguda em uma das mãos. Não uma faca de serra, mas aquelas que eram usadas para cortar carnes e legumes. Na outra mão, um chaveiro simples, com uma única chave. Então, o moletom cinza com a logo da escola. E sangue nele. Muito sangue.

O silêncio pareceu durar uma eternidade.

Mal teve tempo de reagir, pois Armando partiu para cima deles.

O (amor) Assassino Está Entre Nósحيث تعيش القصص. اكتشف الآن