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Narração por Luna. 

O dia amanheceu chuvoso, do jeitinho que eu gosto. Dia chuvoso é bom para ficar quietinha dentro de casa e fazer um aglomerado de nadas. Porém, eu precisava ir à faculdade. Estou no terceiro período de Medicina e tenho uma aula importantíssima hoje. 

Sentei na cama, desliguei o despertador do meu celular. Fiquei enrolando sentada na cama, até que me toquei e me dirigi ao banheiro. Fiz minha higiêne pessoal e tomei um banho de 20 minutos. Sai do banheiro enrolada na toalha e fui até o meu closet. Escolhi minha roupa, fiz uma make básica, prendi meu cabelo em um nó, passei perfume e hidratante corporal, coloquei alguns acessórios e estava muito bom. Peguei meu material coloquei na minha bolsa, peguei meu celular e chaves do meu carro. Sai do meu quarto, fechei a porta e desci às escadas. 

Meu pai tomava café da manhã calmamente enquanto lia seu jornal. Passei por ele e dei um beijo no seu rosto. 

—Bom dia, pai. –Dei um beijo em seu rosto e sentei-me à mesa. Coloquei minha bolsa no chão e comecei a tomar meu café. 
—Bom dia, filha. –Ele sorriu-. Jantamos juntos? 
—Claro pai. Algo de especial? 
—Chamei a Andréia e o filho dela para jantar conosco. 
—Sem problemas, será um prazer conhecer finalmente sua namorada. –Sorri-. Deixa eu ir, estou atrasada. –Terminei meu suco, peguei minha bolsa e sai de casa. 

Fui para a garagem, tirei meu carro e dirigi até a faculdade. 
Meus pais são divorciados, porém mantemos um relacionamento saudável. Nas férias vou visitar minha mãe, Clarissa, na Itália e meu irmão mais velho, Caio. Meu pai não me conta muito da Andréia, porém parece que a relação dele está começando a ser oficial, ainda mais pra trazê-la lá em casa pela primeira vez. 

Cheguei à faculdade, parei meu carro na vaga, peguei minha bolsa e sai do carro. Fui indo onde seria minha aula hoje e encontrei com o Felipe no caminho.

—Oi Lipe. 
—Oi Luna. –Ele beijou o topo da minha cabeça-. Vamos para a aula? 
—Vamos. –Sorri. Dei o braço a ele e fomos caminhando 
—Vai ter uma chopada esse final de semana, vamos? –Ele perguntou. 
—Sabe que não gosto dessas coisas. –Ri e rolei os olhos. 
—Não custa nada perguntar não é mesmo? 
—Fazer o que né. –Rimos. 
Antes de entrarmos em nossa sala, o Lipe encontrou com o Gael, amigo dele. 
—E ai mano. –O Gael disse, ignorando a minha presença. 
—E ai, Gael. Dormiu aonde seu puto? –Ele riu. 
—Na casa da Íris. –Ele mordeu os lábios. Nojento. 
—Até depois mano. –O Lipe riu, bateu no ombro do Gael e assim seguimos até nossa sala. 
—Não sei como consegue andar com esse nojento. –Rolei os olhos. 
—Ah ele é maneiro! –Ele riu. 
—Só se for no seu mundo né? Ele trata as garotas feito lixo. –Reclamei. 
—As meninas que se deixam ser tratadas assim, todo mundo sabe da fama dele não é mesmo? 
—Fazer o que né. –Tive que concordar, pois entramos em sala de aula e o professor já estava aguardando os alunos. 

A manhã seguiu-se tranquila. Muito conteúdo, forçando o máximo da mente, estudo e mais estudo. É disse que eu gosto. Vou me dedicar muito para ser uma grande médica e poder ajudar principalmente aqueles que mais necessitam de cuidados médicos e de amor. 

O Lipe era muito dedicado também, porém seus amigos viviam o arrastando para as festinhas que era organizado pelos estudantes da faculdade ou para alguma boate. Ele me chamava sempre, tadinho, nunca desistiu. 
Após o término da aula, fomos liberados e sai na frente do Lipe. Ele logo me alcançou na porta. 

—Você entendeu o que ele disse? –O Lipe perguntou. 
—Eu entendi sim. –Respondi-. Até fiz algumas anotações importantes. 
—Você pode passar lá em casa pra poder me explicar? –Ele pediu.
—Seus amigos não estarão lá? –Perguntei. 
—Ui, a senhorita Luna Belucce quer ficar sozinha comigo? –Ele riu safado e me agarrou de lado. 
—Para de ser besta, Lipe. –Fiz cara de brava ao falar. Mas ele me fez cócegas e eu acabei rindo. 
—Desculpa, sua tarada. –Ele riu. 
—Eu não sou tarada. –Defendi-me. 
—Imagina se não fosse, tem um fogo que só. –Ele me zoou. 
—Pode parando, seu idiota. –Pedi rindo-. Mas eu vou sim, podemos estudar agora? É que de noite tenho um jantar com meu pai e provavelmente minha nova madrasta. 
—Então quer dizer que o Senhor Belucce está saidinho? –Ele riu. 
—Pelo visto está sim. 
—Topa almoçar comigo então? –Ele entrou na minha frente e começou a andar de costas e olhando para mim. 
—Aonde vamos comer? –Perguntei. 
—Não estou com fome pra almoçar, apenas um lanche está ótimo. 
—Então faço alguma coisa lá em casa mesmo. 
—Melhor assim. –Ele se indireitou e fomos andando. 

Ao sair da faculdade, vi a Maia junto com a turminha dela bebendo e fumando sentados em uma mesa em uma área coberta. Junto estava o Gael, fumando também. 
A Maia nos viu, acenou e veio andando na minha direção e do Lipe. 

—Oi Luna. –Ela me abraçou e beijou meu rosto com bastante vontade. 
—Oi Maia. –Retribui o abraço na mesma intensidade. Ela estava com o cheiro de cigarro que me enjôou, junto com cheiro de maconha. 
—Andou aprontando né? –Falei arqueando uma das sobrancelhas. 
—Não é nada demais linda. –Ela acariciou meu rosto. 
—Eita vela. –O Lipe assoviou como um passarinho e olhou para o céu. Dei uma cotovelada nele discreta. 
—Está indo para onde? –Ela perguntou. 
—Dar umas aulas particulares para o Dr. Presto Atenção em Tudo Mas Não Aprendo Nada. –Falei e a Maia riu, porém com uma cara estranha.
—Hm, então depois nos falamos. –A Maia disse e deu um meio sorriso-. Bom estudo para os dois. –Ela saiu andando e voltou correndo para sua galera. 
—Ela nem disfarça que está afim de você. –O Lipe comentou. 
—Nem começa, Lipe, por favor. Vamos logo. –O puxei o fomos para o estacionamento. Entrei em meu carro e ele subiu em sua moto. 

Liguei meu carro, liguei o som (Run-COIN) e dei partida no carro seguindo a moto do Lipe. 
No caminho comecei a pensar na Maia. Eu e ela nos conhecemos na biblioteca da faculdade, nos aproximamos por conta de um livro que ela queria, porém estava comigo. Começamos a conversar, descontrair e então ela me contou que era lésbica. A amizade continuou a mesma, mas desde que eu comecei a conversar com o Lipe ela veio agindo muito ciumenta, vive tendo crises de ciúmes, para de falar comigo. O Lipe diz que é porque ela gosta de mim, mas o que eu posso fazer se não consigo corresponder? A Maia é uma mulher e tanto, porém tem certos hábitos que não combinam nada comigo. Até mesmo se fosse lésbica ou bissexual, a Maia não faria o tipo que eu escolheria namorar. Não temos nada que nos liga emocionalmente além da amizade. Bom, pelo menos comigo não. 

Cheguei ao prédio onde o Lipe mora. Ele entrou com a moto na garagem e eu arrumei uma vaga para poder estacionar. Sai do carro, atravessei a rua, o porteiro já me conhecia, então entrei direto. Encontrei o Lipe na porta do elevador e entramos. 

—Você já pensou em dizer pra Maia que entre vocês não vai rolar nada? –Ele perguntou. 
—Eu não preciso dizer o que está óbvio. Somos amigas, poxa. Nada mais que isso. –Falei. 
—Ela tem esperanças. 
—É melhor ela voltar ser racional como sempre foi, não é mesmo? –Olhei pra ele. 
—Você tem razão. –Ele por fim concordou para não extender o assunto.

Chegamos em seu andar, saímos do elevador e fomos para o seu apartamento. Ao entrar, reparei rapidamente na sala e fomos para o quarto do Lipe. Sentei na cama dele, enquanto ele ia ao banheiro fora do quarto.

MIL RAZÕES (F!)Where stories live. Discover now