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Narração por Gael. 

Não adiantava o que me dissessem, eu já havia feito merda mesmo, então não iria adiantar nada voltar atrás.

Então deixei as coisas como estavam, tomei uma dose de orgulho e segui em frente. Os meninos ainda me olhavam torto pela casa e eu que não ficaria de mimimi, cheirando o rabo dos dois. Se eles iriam colocar a Luna entre a gente, beleza, não queria saber mais também. 

Na quarta-feira, cheguei na faculdade atrasado. De terça para hoje, havia passado a noite em um motel com a Raíssa e mais uma amiga sua que eu desconfiava que seu nome fosse Tamara ou Thaísa. Passei em casa só pra tomar um banho e pegar as coisas da faculdade. Quando iria passar pelo portão da faculdade para entrar, a Luna vinha na direção oposta para entrar também. Ela virou a cara, jogou o cabelo e passou direto. Reprimi todo sentimento que ainda sentia por ela e segui para a minha sala. 

Enquanto o professor falava, a Raíssa esfregava sua mão sobre o meu pau e a minha cabeça navegava pela Luna. E nisso meus olhos ardiam porque eu estava com sono e eu estava com dor de cabeça.

Tirei a mão da Raíssa com força e fechei meus olhos. Eu queria esquecer da Luna, não queria mais saber, mas o sorriso dela não saia da minha cabeça. E eu lembrei da gente juntos na minha cama, rolando na grama da casa dela, fazendo sexo. Que inferno de garota! Juntei minhas coisas e sai da sala na metade da explicação. 
Encontrei com a Íris no corredor e ela veio falar comigo.

Íris: Oi Gael, você está bem? Sua cara...
Gael: Eu imagino como ela esteja.
Íris: Não dormiu não é?
Gael: Não.
Íris: Sei bem. –A Íris me conhecia.
Gael: Não tem aula?
Íris: Agora não, vim com o Bruno mais cedo porque ele dormiu lá em casa.
Gael: Ah sim, verdade. Pelo menos você não parou de falar comigo. –Sentei em um banco e ela sentou do meu lado
Íris: Os meninos também não pararam.
Gael: Mas também não é a mesma coisa.
Íris: Os três são orgulhosos demais.
Gael: Eu só acho nada a ver colocar a Luna entre a gente. -Apoiei meu queixo nas minhas mãos e os meu cotovelos apoiados nas minhas coxas.
Íris: Gael, você e a Luna ainda se amam.
Gael: Não da Íris, acabou de vez. Ela não vai voltar e eu não tenho cara pra pedir pra voltar. E mesmo se a gente voltar não vai ser mais a mesma coisa. O erro vai está ali, a nossa briga vai está ali, então não adianta mais. –Senti meu coração apertar e vontade de chorar. Eu lembrei da minha morena dando risada na praia naquela viagem, lembrei dela rindo enquanto eu dirigia cantando, lembrei do nosso primeiro beijo e de como eu me senti, me lembrei das palavras doces, da minha morena cuidando de mim enquanto eu estava no fundo do poço. Lembrei de quando peguei pela primeira vez em sua mão e ela se encaixou direitinho na minha. De quando ela brigou comigo fazendo aquela cara linda e com as mãos na cintura. Do jeitinho carinhoso dela, da sua cara de ciúmes, do seu corpo colado no meu, dos beijinhos que ela me dava depois que terminávamos de transar, da primeira vez que ela disse que me amava e de como eu realmente me sentir amado por ela. Lembrei de como ela era compreensiva e de como eu era bruto, mas ela com sua voz mansa ia me lapidando. Me lembrei dela dançando, de como eu naquela época nem a tinha direito, mas já sabia que ela era minha
Íris: Claro que adianta Gael, não desiste do amor de vocês.
Gael: Eu posso ter mil razões para amar a Luna, mas basta 1 erro e ele sempre estará lá. Manchando o nosso relacionamento, eu acredito que ela realmente não ficou por querer com o Eduardo, mas eu fiquei com a Raíssa porque eu queria. Fiquei 1, 2, 3 vezes. Por querer apagar a Luna da minha mente e porque eu sei que eu não sou bom o suficiente pra ela. Vacilei várias vezes com ela, eu não posso prendê-la em um erro como eu. Ela merece um cara melhor. –Peguei minha mochila, levantei dali e fui embora da faculdade. Eu precisava tirar um tempo pra mim, um tempo pra me acostumar a viver sem a Luna.

Entrei no meu carro e tentei afastar meus pensamentos da Luna, tinha que me concentrar no que deveria fazer. Fui no banco, saquei um dinheiro, voltei para o meu carro. 
Passei em uma assistência autorizada da Apple pra poder ele ser consertado.

Assim que cheguei lá, tinha três pessoas ali sendo atendidas e depois eu fui. Amostrei meu cel, levaram pra analisar e depois disseram que não tinha conserto. Paguei pela troca e eles me deram um novo. Voltei pra casa, fiquei mexendo no meu cel e ajeitando as coisas. Tentei ocupar minha mente no máximo, mas não dava, minha mente estava na Luna. 

Arrumei a casa inteira, o quarto, lavei o banheiro, fiz o almoço. O Bruno chegou da faculdade e se enfiou no seu quarto. Entrei no meu quarto, tentei me concentrar e fazer as coisas da faculdade. Estudar e colocar alguma coisa na minha mente. 

Eu estava me corroendo por dentro. Louco de vontade de mandar uma mensagem para Luna. Larguei a caneta em cima do caderno, peguei meu cel no carregador e mandei mensagem no WhatsApp para Luna. Mas ela demorou pelo menos uns 30 minutos para me responder, quase infartei quando vi notificação dela. Me joguei na cama e respondi na hora. 

Início da Conversa 
“Oi Luna, a gente pode conversar?” —Gael. 
“Conversar sobre o que? Estou no intervalo da faculdade agora, então fala rápido” —Luna. 
“Eu sei que vacilei muito com você, não estou pedindo pra voltar, só estou pedindo desculpa. Não queria te falar essas coisas por aqui, mas eu tenho certeza que se eu te chamar pra sair você não irá. Então, eu só quero te dizer, que eu me arrependo muito de ser tão estúpido e não ter te valorizado enquanto eu te tinha. Fui um imbecil com você na casa da minha vó e dizer que eu acredito que você não ficou com o Eduardo. Eu estou sentindo sua falta, Luna, eu amo muito você. Você é e sempre vai ser a mulher que eu quero casar, que eu quero ter filhos. Eu sei que te machuquei, que é sempre minha culpa. Mas eu estou tentando correr atrás. Acho que não da tempo, já te perdi mesmo. Mas eu te amo, Luna, a única mulher que eu sempre amei e sempre vou amar. Nenhuma outra menina nunca vai tomar o seu lugar, porque o meu coração é teu e sempre vai ser” —Gael.
“Só isso?” —Luna. 
“Só” —Gael. 
Fim da Conversa 

Ela visualizou e não respondeu mais. Minha vontade era de tacar esse celular na parede até ele quebrar em mil pedaços, só não fiz isso porque gastei um money preto hoje. Eu estava quebrado por dentro, eu sentia uma falta da Luna insuportável. Eu não conseguia acreditar que eu havia destruído tudo entre nós dois e que não haveria mais volta.

Eu conhecia a Luna, aquilo não era orgulho, sabia que ela não voltaria para alguém que desconfiou, traiu, gritou e fez um monte de merda. Sai do meu quarto e encontrei com o Bruno no corredor. 

Gael: E ai cara. 
Bruno: E ai. –Ele passou o braço por cima do meu ombro-. A Íris veio falar comigo... 
Gael: Eu já sei que pisei na bola, você e o Felipe tem razão. 
Bruno: Você é um otário. –Ele me olhou-. Mas não deixa de ser meu irmão. –Fizemos um toque de mão. 
Gael: O Felipe ainda está muito puto comigo? 
Bruno: Sim, está. Sabe que ele e a Luna são unha e carne. 
Gael: Estou ligado. –Almoçamos juntos e depois ficamos jogados no chão da sala.

O Bruno conversou sobre um monte de coisa, apesar dele não ser nada bom em dar conselhos. 
O Bruno e a TV me distraíram um pouco, mas cada segundo eu lembrava da minha Luna. Lembrava de como ela gostava de ficar deitada no meu peito e assistir TV comigo. De como ela ficava fazendo carinho na minha nuca e de como ela me dava um beijinho no pescoço a cada minuto. 

Nunca me imaginei nessa situação, de quatro por uma mulher, bobo apaixonado, um homem que faria de tudo para reconquistá-la. Se eu ao menos soubesse que eu tenho um resquício de chances de voltar com a Luna, se eu soubesse o que fazer para reconquistá-la, eu faria e daria o meu melhor. 

Mais tarde eu fui pra academia e quando voltei pra casa já estava tarde, então dormi.

MIL RAZÕES (F!)Onde histórias criam vida. Descubra agora