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Narração por Felipe. 

A noite na chopperia estava uma maravilha, porém depois do que o Gael insinuou sobre mim e a Luna, a Maia pareceu não gostar muito. Eu não sinto absolutamente nada pela Luna, ela é minha amiga e estou ao lado dela para o que ela precisar. Ela é uma menina que me identifico muito, diferente da maioria das meninas que já conheci, porém ela não me atrai para outros fins. E a Maia pareceu não entender isso muito bem, saindo da chopperia ela me chamou pra conversar. 

—Felipe, qual é a sua ein? –Ela disse já nervosinha. 
—Qual é a minha o que? -Disse meio grosso já não gostando nada do andar da discussão. 
—Levando a Luna pra sua casa, andando pra cima e pra baixo com ela? Porra até o Gael percebeu. Você sabe que eu sou apaixonada por ela que saco! –Ela disse puta da vida. Eu cruzei os braços, rolei os olhos e bufei. 
—Porra Maia, desencana! A Luna não sente nada por você. Nunca sentiu. Não percebe que você só está fazendo papel de otária? –Joguei as palavras na cara dela. 
—Então você está interessado nela? -Ela me olhou com os olhos pegando fogo. 
—Não porra! Não tem ninguém interessado na Luna. Só você que acha que tem meio mundo que arrasta montanhas pela Luna, só que a única que faz isso é você. E infelizmente isso não é o que a Luna está procurando. –Ela pareceu ficar desestabilizada. O Bruno e Gael assistiam minha discussão com a Maia do outro lado da rua. Nenhum deles se meteu. A Íris já havia ido embora. 
—É isso o que você acha. –Ela disse com os olhos cheios de lágrimas. 
—É apenas a verdade. –Coloquei uma mão no ombro dela e continuei a falar-. Vai pra casa, dorme que você está chapada. Não quero brigar contigo sobre isso, mas desencana. 
—Beleza. –Ela saiu andando secando as lágrimas. 
O Gael entregou as chaves para o Bruno e saiu correndo atrás da Maia. Ele a abraçou e foi embora junto com ela. 
Atravessei a rua e fui até o Bruno. 
—Dá até pena. –O Bruno disse com um tom de lamentação-. Pena que amanhã ela vai continuar nessa paranóia. –Ele riu. 
—Para de ser debochado. –Ri e entramos no carro. 
O Bruno foi dirigindo para o nosso apartamento. 
—E quem é essa tal de Luna que vocês tanto falam? –Ele perguntou. 
—Essa menina aqui. –Peguei meu celular, procurei uma foto da Luna na minha galeria e amostrei pra ele. 
—Nossa que gostosa. Da sua turma? –Ele mordeu os lábios ao ver a foto dela. 
—Fica na sua mano. Não vai querer ter a louca da Maia na sua cola. –Ri. 
—Porra mano, melhor ter o diabo. 
—To querendo saber qual dos dois é pior. 
—Mas essa menina já ficou com a Maia? –Ele perguntou. 
—Não mano. A Luna é nada dela, focada na faculdade, não quer se relacionar com ninguém. Nem lésbica é, acho que ela não beija nem homem há uns dois séculos. 
—Porra que santinha, ninguém merece. –Ele rolou os olhos-. Nem combina com a Maia menina assim. 
—Ih para mano, a menina é firmeza seu otário. 
—Gozar faz bem, talvez seja isso que essa Luna precise. Vou me apresentar. –Ele se gabou. 
—Vai nessa então gostosão. A Maia vai te matar. –Ri. 
—Zoando mano, to fora de mina santinha. Quero só safada pra comer e ralar. 
—Assim que é bom. –Ri concordando. 

Chegamos ao nosso apartamento e fui para o meu quarto. Tirei minha roupa e joguei dentro do cesto. Fui para o banheiro, tomei um banho, coloquei uma samba canção e fui para o meu quarto. 

Arrumei minhas coisas para a aula de amanhã e me joguei na cama. Peguei meu cel, mandei mensagem pra Luna de boa noite, mas ela nem respondeu. A preguiçosa já deveria ta dormindo faz tempo. 
Logo dormi.

Narração por Maia. 

Eu amo a Luna. Amo com todas as minhas forças. A atenção e o carinho que ela me dá, nenhuma outra pessoa me deu. Odiava a forma como ela estava se distanciando de mim. Odiei mais ainda quando a vi saindo com o Felipe. Aquele grosso, idiota e estúpido. 
O Gael me levou pra casa, rachamos um táxi. 

—Olha, você não precisa ficar. -Disse para ele. Já havia parado de chorar. 
—Vamos ficar de boa, morena. To aqui pra ficar do seu lado. –Ele disse e passou o braço pelo meus ombros.

Entramos na minha casa e fomos para o meu quarto. 
O Gael já havia dormido aqui inúmeras vezes. Meus pais sabiam que eu era lésbica e amavam o Gael como filho já. 
Tomei um banho, coloquei meu pijama e sentei na cama. O Gael fez o mesmo e veio deitar comigo. 

—Vem cá morena. –Ele estendeu os braços e eu deitei no seu peito. 
—Por que é tão difícil para as pessoas entenderem que a Luna é tudo o que eu preciso? –Disse já sentindo meu coração pesar. 
—As pessoas não compreendem nada além das próprias vontades. Você não precisa provar nada pra ninguém ok? E se a Luna não quer nada contigo agora, não desista. Corra atrás. –Ele disse fazendo carinho na minha cabeça. 
—Mais do que eu já faço? Ela está cada vez mais distante de mim. –Choraminguei. 
—Poxa Maia, me dói tanto te ver assim pequena. –Ele me apertou forte. 
—Ai Gael. –Reclamei e de uma risada abafada. 
—Eu quero te ver feliz, Maia. Independente de está com o coração partido ou não. Pode até ser que apareça outra menina melhor que essa Luna. –Ele me aconselhou. 
—Mas não existe porra! É ela! É ela a pessoa que eu quero pra vida inteira. 
—Só toma cuidado ok? Cuidado para não colocar essa garota como o topo de prioridades da sua vida e esquecer das suas coisas. Você precisa viver por você. E não sair brigando com seus amigos. O Lipe e essa garota não tem nada! Quando cheguei em casa eles estavam estudando sério. Então não precisa brigar com o Lipe, ele é sincero, sabe dos seus sentimentos por ela. Ele nunca te trairia desse jeito ficando com a sua mina.
—Mas ele é um idiota, grosso, não sabe falar direito com as pessoas. –Disse lembrando da discussão com ele. 
—Os dois estavam alterados, haviam acabado de beber, então esquece essa discussão. Pra mim ela nem existiu. –Ele disse com aquela voz calma dele que eu tanto gosto. 
—Não justifica. 
—Não se faz de vitima, você também foi pra cima dele com sete pedras nas mãos. O acusando de algo que ele não fez. 
—De que lado você está Gael? –Perguntei bolada. 
—Pelo lado da razão, Maia. Não dá pra passar a mão na sua cabeça sempre né? –Ele me olhou sério. 
—Beleza, assunto encerrado. –Falei e sai do peito dele. Me ajeitei na cama e me virei de costas para o Gael 
—Vai ficar emburrada mesmo? –Ele riu. 
—Me deixa. –O Gael me abraçou por trás de conchinha. Eu dei uma cotovelada nele-. É pra me deixar porra! 
—Não minha morena gostosa. –Ele disse rindo e me apertou mais. 
—Vai dormir, para de fogo. –Ri. 
—Vamos mimir, morena. Fica brava não. –Ele me deu um beijo na bochecha e ficamos abraçadinhos até pegarmos no sono. 

(...)

De manhã, acordei com meu celular ou o do Gael despertando. Ele também acordou. Levantei da cama e ele levantou em seguida. 

—Bom dia morena. –Ele beijou o topo da minha cabeça. 
—Bom dia nego. –Fui ao banheiro, tomei um banho e fiz minhas higienes matinais. Sai do banheiro e o Gael entrou pra usar.

Me arrumei rapidinho pra faculdade, fiz uma make básica e arrumei minhas coisas. O Gael vestiu a mesma roupa de ontem e eu dei uma carona pra ele até sua casa. Esperei ele se arrumar e fomos juntos pra faculdade. 
Cheguei à faculdade procurando a Luna com o olhar, mas não a achei.

MIL RAZÕES (F!)Where stories live. Discover now