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Narração por Luna. 

Alguns anos depois...

Eu e o Felipe nos formamos na faculdade com louvor, foi a maior festa. Agora era encarar a residência médica, escolhi Neurocirurgia para me especializar. Os anos passaram monótonos e agora estou com 23 anos. Eu foquei na minha vida e na minha faculdade, assim como meu pai me aconselhou. Saia raramente com a Íris, Bruno e Felipe. O Gael havia terminado sua faculdade e retomou a empresa que era do pai dele. Que após a morte do pai dele havia sido fechada. Fiquei sabendo que a festa de reinauguração foi fantástica. Estava orgulhosa de saber que ele estava crescendo na vida, mesmo não fazendo mais parte da vida dele.

A Mirella e o Felipe não voltaram mais, o Felipe também não namorou mais ninguém. Eu queria que o Felipe namorasse com uma menina legal, do mesmo jeito que ele, até pensei que ele estava se interessando por uma menina da minha sala. Enganei-me e a garota tinha namorado.

O Bruno e a Íris estão morando juntos, o Bruno arrumou um emprego depois que terminou a faculdade, pena que ele precisa viajar muito. Fora isso, ele e a Íris são amores e flores. O Bruno comprou uma casa e em 5 meses depois a Íris foi morar junto com ele.

O Caio e a Emilly continuam juntos, ela mora com ele ainda. Eu que pensei que nunca veria o Caio tanto tempo com a menina, surpreendi-me quando ele chegou anunciando a festa de noivado dele. Ele e a Emilly ficavam lindos juntos, serei madrinha no casamento deles e eu estou louca também ajudando a Emilly em seu casamento.

O casamento está marcado para o próximo mês. 
Graças a uma tal de Mayumi, conseguimos colocar o Hugo atrás das grades. E a polícia ao confiscar os aparelhos eletrônicos dele descobriu várias coisas de pedófilia infantil. Esse nojento vai ter o que merece atrás das grades. A piranha da Raíssa nunca mais ouvi falar. O Dudu fiquei sabendo que ele seguiu para oftamologia, mas também ele nunca mais chegou perto de mim 

Cheguei ao hospital às 18:30, teria meu primeiro plantão noturno. Havia feito amizade com a Tamy, conversávamos sempre pela proximidade, porque eu não tinha mais tempo pra nada. 

Tamy: Oi linda. –Ela me abraçou ao me ver. 
Luna: Oi Tamy.
Tamy: Menina você precisa ver o novo médico residente, ele é lindo. –Ela cochichou. 
Luna: Para de ser tarada mulher! –Ri baixinho. 

E não é que o novo residente era um tesão? Meu Deus do céu! Mas não tomei coragem nem pra dizer um “seja bem-vindo” para ele. 

A emergência do hospital não parava um segundo, ainda mais de noite. Era um hospital que ficava perto de uma comunidade e de uma grande avenida. Então sempre tinha os mais variados casos. E hoje não foi diferente, entrou uma mãe desesperada no hospital junto com uma criança em seu colo buscando assistência médica. 

A noite no nosso setor foi tranquila, mas ver a urgência dos outros setores cortava meu coração. Querer ajudar e não poder era ruim. O meu nosso grupo de residentes junto com o Dr. Campos fazíamos a análise de um paciente que chegou para se consultar conosco, tínhamos que dar o diagnóstico e começar com o tratamento quanto antes melhor. 

Eu estava cansada e quase dormindo, já não aguentava mais ouvir deduções sem embasamento e fazer anotações. O Dr. Campos falava e falava. Eu não dormia direito fazia dias e eu estava morrendo de fome. 

Xxx: Não dorme. –Cochicharam no ouvido, pensei ter sido a Tamy, mas vi que se tratava do novato. 
Luna: Eu estou bem. –Despertei daquele meu cochilo de olhos abertos. O Dr. Campos havia sido chamado por uma enfermeira e então a seguiu. 
Xxx: Sou o Igor e você? 
Luna: Sou a Luna. 
Igor: Eu não vi você abrindo a boca enquanto tentávamos dar o diagnóstico do paciente. 
Luna: Eu tenho certeza que ele tem um tumor na medula espinhal, mas ninguém vai me ouvir mesmo. 
Igor: Aceita ir ao Starbucks comigo ao saírmos do plantão e discutir essa hipótese? 
Luna: Se eu não dormir enquanto você falar. –Sorri e o Dr. Campos voltou.

Os estudos seguiram pelo restante da noite, fomos chamados a emergência uma vez e às 7 horas o plantão foi finalizado. 
Eu teria mais 6 horas de descanso e estava louca para ir pra minha casa, ouvir me chamarem e olhei pra trás.

Era o Igor, havia até me esquecido do Starbucks. Ele abriu um sorriso enquanto eu sabia que estava com uma cara de morta, ele parecia ter saído de uma revista pornô. 

Igor: Quer fugir? Ainda da tempo. 
Luna: Bobo. –Ri fraco-. Vamos? 
Igor: Vamos, está a pé? 
Luna: Não, meu carro está no estacionamento. 
Igor: Ah, meu carro também. Um segue o outro. 
Luna: Isso. –Eu estava tão cansada até pra dirigir que cogitei até pedir carona pra ele. 

Entrei no meu carro, vi o Igor entrando em seu carro e dando partida. Ele nos guiou até o Starbucks mais próximo. 

Estacionei meu carro e encontrei com o Igor na porta, ele a abriu pra mim, passei por ele sorrindo e entrei. 

Luna: Obrigado. 
Igor: Não de que, senhorita ou senhora Luna. 
Luna: Senhorita, se eu fosse senhora não estaria aqui. –Falei que nem senti, eu acabei de flertar com ele sem ao menos senti. Droga de sono viu. 
Igor: Bom saber, senhorita. –Ele deu uma risada e eu coloquei as mãos no meu rosto. 

O Starbucks estava já com clientes, fizemos nossos pedidos e fomos nos sentar em uma mesa. Ele fez questão de pagar até mesmo meu, eu não tinha nem forças pra discutir, apenas aceitei mega sem graça. 

Luna: Na próxima eu pago. –Disse provando o meu Baunilha Latte. 
Igor: Certo, já temos nosso próximo encontro. 
Luna: Vamos deixar claro, isso não é encontro, é um café entre amigos. –Sorri sem graça. 
Igor: Certo, pra quem gosta de flertar a Senhorita Bigode até que sai bem de situações constrangedoras. –Ele riu e limpou o meu bigode de espuma.
Luna: Eu só estou pagando mico, eu juro que é o sono. 
Igor: Não precisa ficar nervosa. –Ele riu. 
Luna: Não estou. –Peguei um muffin e comi. 
Igor: Então, onde vai ser o nosso próximo encontro? 
Luna: Você chegou agora e já quer sentar na janela? Dá um stop. –Ele riu e coçou sua barba. 
Ele tomou seu café e colocou os cotovelos na mesa. 
Igor: Não costumo me interessar tão rápido por alguém, a considerar que você está morrendo de sono resolvi jogar o meu dado da sorte e apostar que você está solteira. 
Luna: Solteira com S maiúsculo e se quiser acrescentar mais alguns S e sufixos aumentativos. –Ele deu uma risada muito gostosa. 
Igor: Gostei do seu senso de humor. 
Luna: É o sono. 
Igor: Pode dizer também que é a minha presença cativante. 
Luna: Vai com calma, bebê. Eu nem havia notado sua presença. –Fingi esnobá-lo. 
Igor: Então diz pra sua amiga não comentar sobre “o novo médico residente ser um gato”, tenho uma boa audição. 
Luna: Estou presa em algum livro de vampiros? Sai Edward Cullen, não fica ouvindo meus pensamentos. 
Igor: Você veio da Lua não é? Pode dizer. –Ele riu. 
Luna: Não. 

O café com o Igor foi super agradável, ele havia me despertado, mas continuava cansada mentalmente. A conversa fluiu entre nós dois e eu estava animada com ele. Uma animação que não tinha desde o... Gael. O afastei da minha mente e segui para minha casa, não queria pensar no Gael. Havia anos que tínhamos terminado e era chato ainda gostar dele, sentir aquela pontada no coração quando penso nele ou quando ouço seu nome. Meus sentimentos por ele não haviam mudado nem uma linha sequer, nossa história estava viva na minha mente e eu ainda apesar de tudo, apesar de odiar admitir, apesar de todas as brigas. Eu ainda esperava que um dia eu e o Gael tivesse nosso felizes para sempre.

Luna: Seguir sempre em frente Luna, seja sozinha ou amando alguém diferente. É seguir. –Falei entrando no meu quarto, tirando apenas meus sapatos e caindo na minha cama-.

Chega de pensar no sorriso do Gael, chega de amá-lo. A vida precisa ser vivida.

Eu acabei pegando no sono logo, mas eu só tinha 6 horas de descanso e gastei 1 hora de sono com o Igor. Voltei para o hospital de tarde e ficaria ali até completar as minhas 12 horas e depois iria embora dormir porque eu precisava e muito.

MIL RAZÕES (F!)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang