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Narração por Emilly. 

Emilly: Me perdoa, chefe, mil perdões. –Disse tentando controlar as lágrimas. 
Caio: Não há nada para pedir perdão, qual foi o problema? 
Emilly: Minha mãe acabou de falecer. –Dizer aquelas palavras foi como enfiar uma estaca no meu coração. 
Caio: Diga o endereço de sua casa e o Rui (motorista) levará. –Informei meu endereço, ele assentiu e pegou o caminho para a minha casa. 

No caminho, eu não conseguia parar de pensar na minha mãezinha que agora estava no céu. Eu não queria chorar na frente do meu chefe, mas a dor era tanta. 

Ao chegarmos na minha casa, havia alguns vizinhos no portão. Desci do carro e sem olhar pra trás corri pra dentro de casa. Alguns tios e tias meus estavam ali, tentaram me impedir de entrar no quarto, mas eu fui. E ao ver minha mãe, ali, imóvel, com o rosto leve e descansado. Meu peito se afudou. Sentei ao lado dela na cama, a abracei e me permiti chorar. 

Emilly: Me perdoa mãe, eu não consegui salvar a senhora. –Disse isso repetidas vezes chorando-. Desculpa, eu te amo tanto minha mãezinha. –Dei vários beijos em seu rosto que já começara perder o calor materno. 
Nara: Emilly... Meu amor, não vai te fazer bem ficar aqui. 
Emilly: Me deixa, tia. –Chorei acariciando os cabelos da minha mãe e fiquei ali, nos meus últimos minutos com ela-. Eu vou te dar muito orgulho, realizar todos os sonhos que você quis para mim. 

Um tio me chamou, pois não estava conseguindo ninguém para fazer a remoção do corpo. Nenhum hospital, ambulância, para fazer a remoção do corpo da minha mãe. Estava na rua tentando ligar para algum hospital, quando seguraram em meu braço. Olhei para o lado e era o Caio.

Emilly: Desculpa, eu vou entender se você me demitir, mas eu não posso ir a essa reunião. 
Caio: Eu cancelei a reunião. Você precisa de alguma ajuda? –Ele disse sério, na verdade ele ficou sério a todo momento. Desde o momento que pisou na empresa, até agora. 
Emilly: Não quero abusar, desculpa. 
Caio: Não seria abuso nenhum, diga. 
Emilly: Não estamos conseguindo um hospital pra fazer a remoção. 
Caio: Eu vou dar um jeito, pode ficar despreocupada. –Ele assentiu, pegou seu celular e saiu andando. Eu estava aflita, nervosa, as pessoas não entendiam que eu queria ficar sozinha e toda hora viam me perguntar as coisas sobre a morte da minha mãe. Mais tarde uma ambulância chegou junto com um médico e três enfermeiros. Eles fizeram a constatação do óbito e levaram minha mãe para a ambulância. Na agitação, até esqueci de agradecer ao Caio por tudo que fez por mim. Ao chegar no hospital, eu fiquei com dois tios meus resolvendo a parte burocrática, mas com o coração e a mente todo na minha mãe. Meu coração estava apertado e parecia que havia uma pedra em cima do meu coração o esmagando. 

Apenas 20 horas que o corpo da minha mãe havia sido liberado, então pudemos a velar. Fiquei surpresa ao saber que as despesas do hospital haviam sido pagas. Eu tinha tanto que agradecer ao Caio no velório, eu estava um pouco mais calma, mas a saudade da minha mãe me batia sempre. Eu estava sentada sozinha em um canto, enquanto olhava as pessoas queridas da minha mãe e familiares se aproximarem do caixão. Minha mãe desde que descobriu me preparava para esse momento, mas quem se prepara para a morte? Eu não estava preparada e estava tão mal. Me sentia arrasada e fracassada. 
Minha tia queria que eu fosse em casa, mas eu não queria sair de perto dela nenhum segundo.

Narração por Caio. 

Eu não sei lidar com alguém chorando ao meu lado, ainda mais nesses casos. Eu simplesmente travo. Estava triste pelo falecimento da mãe da minha secretária, então a ajudei no máximo, sabia que pelo jeito que a saúde nesse país estava em decadência e sabendo que ela não tinha muita condição, ajudei e paguei todos os gastos. Depois pedi que o Rui me levasse para empresa assim que a ambulância chegou. Imagino o que ela deve está passando e espero que Deus conforte o coração dela. 

Ao chegar, fui direto para a minha sala e meu pai já estava lá. 

João: Como a Emilly está? –Ele retirou seu óculos de grau e veio até a mim. 
Caio: Mal e chorando. 
João: Fez um bom trabalho. –Ele deu um meio sorriso fraco e bateu no meu ombro. 
Caio: Espero que tudo fique bem com ela. –Fui para a minha mesa e fiquei analisando alguns papéis, conversando sobre assuntos da empresa com o meu pai e resolvendo problemas da empresa. 

Assim que o expediente acabou, fui embora com o meu pai. A Luna já havia me mandado mensagem perguntando se eu sairia realmente com ela. Não estava com muito clima, mas acabei confirmando. 

Ao chegar em casa, às 19:30, o Gael estava arrumado sentado no sofá mexendo em seu celular. 

João: Boa noite. 
Gael: Boa noite sogrão. –Ele levantou do sofá, sorriu e apertou a mão do meu pai. O cumprimentei com a cabeça e fui para o meu quarto. 

Tirei minha roupa, tomei um banho de 20 minutos e sai. Coloquei uma cueca box preta, uma roupa casual, arrumei meu cabelo, passei perfume e coloquei meu relógio. Peguei minha carteira e celular, os coloquei no bolso. Sai do meu quarto, desci às escadas. A Luna estava junto com o Gael e com algumas pessoas desconhecidas. 

Luna: Maninho, deixa eu te apresentar. Esses são: Felipe, Bruno e Íris. Meus amigos. –Cumprimentei a todos, até que tinha uma menina ali era bonita.
Felipe: Seja bem-vindo ao RJ. –Ele apertou minha mão e eu sorri. 
Bruno: Então é isso, vamos? 
Luna: Vamos. 
Caio: E pra onde vamos? 
Luna: Pub, problemas? 
Caio: Ok. –Eu particularmente não gosto de Pubs, gostava quando eu era mais novo. Agora não mais. 

Nos dividimos nos carros e fomos para o tal Pub. Ao chegarmos, o local tocava uma música boa e não estava tão cheio. Até que eu sentia falta da noite carioca, apesar de ser apenas segunda-feira, o povo estava bastante animado. 
Sentamos-se à uma mesa e tinha três cardápios já ali dispostos. 

Xxx: Não estou acreditando nisso! –Um homem falou e eu voltei a atenção para direção do som. E quando percebi era o Hugo, meu amigo de infância. 
Caio: Nem eu acredito nisso! –Levantei da mesa e fui cumprimentá-lo. 
Hugo: Quanto tempo parceiro. –Fizemos um toque de mãos. 
Caio: Verdade mesmo! 
Hugo: E ai, sentiu saudades de casa? 
Caio: Senti sim e resolvi voltar. 
Hugo: Boa noite pessoal! –Ele deu um tchauzinho pra todos. 
Todos: Boa noite! 
Caio: São os amigos da minha irmã, gente esse é o Hugo um amigo meu. –O apresentei. 
Hugo: Prazer. –Eles se cumprimentaram, mas o Gael fechou a cara quando ele se aproximou. 
Caio: Está ai com quem? 
Hugo: Eu vim sozinho, vim tomar um chopp e ir embora. 
Caio: Senta ai com a gente, puxa uma cadeira. –Então ele puxou uma cadeira pra sentar.

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