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Narração por Gael. 

Eu passei a semana inteira ensaiando o que diria para a Luna, comprei flores e as deixei guardada no quarto da Mirella. Me arrumei, usei um perfume que sabia que ela com certeza amaria. Estava pronto para segurar novamente nas mãos dela, mas a maior decepção foi vê-la chegar a festa e apresentar aquele cara. Não esperava que as coisas estivessem avançando tão rápido com esse cara, eu não esperava que a minha noite fosse acabar assim. Eu e o meu coração partido. A Luna saiu com aquele para o banheiro e eu relaxei na mesa. 

Íris: Garoto antipático, sou muito mais você migo. –Ela tentou aumentar minha autoestima, mas não iria adiantar nada. 
Lipe: Isso ai migo, sou muito mais você também. 
Bruno: Estou com você migo, team Gael. 
Gael: Não força gente. –Tomei meu copo de refrigerante. 
Íris: Você e a Luna são um caso sério sabia? Dão uma dor de cabeça. –Ela comeu um salgadinho. 
Lipe: A Luna não vai durar muito tempo com ele, ela sabe bem de quem ela ama e esse cara vai ser só mais um que uma hora ela vai cansar de fingir que gosta. 
Bruno: Eu reclamava do barulho que você e a Luna faziam de madrugada, mas agora sinto falta. 
Gael: Você é muito escroto. –Não aguentei e tive que rir. Eita tempo bom e que não volta. 
Íris: Parem de ser ridículos. –Ela deu um tapa no Bruno. 
Bruno: Ai amor. –Ele riu. 
Lipe: Fica difícil ver quem é o mais escroto. 
Gael: Você seu viado. Deixa eu ir lá. –Levantei da mesa, não queria ficar ali e falar sobre a Luna.

Já não bastava aquele cara na festa, ainda mais ouvir besteira. 
Fui para a fila do pula-pula e as crianças começaram a reclamar.

Gael: Cala a boca que quem montou essa merda foi eu e eu vou pular sim. 
Sara: Pula comigo! –Ela agarrou no meu braço. Logo chegou a nossa vez, entrou eu, a Sara e mais duas crianças.

Eu ria demais, um pulo que eu dava e eles caiam. Teve uma hora que eu cai e eles me castigaram pulando sem me deixar levantar. E foi caído que vi a Luna olhando para mim. Ela sorriu, mas o seu olhar era de tristeza. Me arrastei para fora do pula-pula, nem calcei meu tênis e fui até ela.

Luna: Vai sujar sua meia toda nessa grama. 
Gael: Relaxa, está sozinha pra cá por que? 
Luna: Pensando um pouco. 
Gael: Quer dividir? 
Luna: Não sei. 
Gael: Cadê o Igor? 
Luna: Foi pra casa. –Ela deu de ombros. 
Gael: Vem aqui. –Segurei de lado na cintura dela e fomos para a área da piscina, sentamos um cada espreguiçadeira de frente para o outro, enquanto isso comecei a calçar meu tênis. 
Luna: Vou ficar aqui até o final da festa porque eu gostei daquele pula-pula.
Gael: Depois vai entrar nós dois lá, beleza? –Pisquei e sorri pra ela. 
Luna: Beleza. –Ela sorriu parecendo tímida. 
Gael: Mas ai, por que o outro lá foi embora? 
Luna: Ele não queria ter vindo, por isso que ele estava daquele jeito. Normalmente ele é mais legal. 
Gael: Legal com você, mas não com seus amigos. Isso? 
Luna: Nem tanto, era pra gente está em um encontro agora e eu o arrastei pra cá. 
Gael: Bobo é ele, desperdiçando comida de graça. Cada topada com a mina é um encontro. Perdeu uma chance do seu lado. 
Luna: Amanhã converso com ele. 
Gael: Ah sim. –Porra eu vim ficar sozinho com ela e ela ainda vai conversar com o cara? 
Luna: Mas e ai, como está sua vida? 
Gael: Está boa, eu reabri a empresa do meu pai. –Eu tinha tanto orgulho de falar isso, ficava tão feliz em saber que eu estava conseguindo algo bom pra minha vida-. Um dia você vai em um dos armazéns comigo?
Luna: Claro que vou, me liga antes e a gente marca. 
Gael: Ótimo. Mas me fala agora da sua vida, Doutora Luna. 
Luna: E futura neurocirurgiã. –Estava muito feliz por ela. 
Gael: Sabia que você conseguiria. 
Luna: Mesmo? 
Gael: Com certeza. –Sorrimos. Eu estava nervoso, queria muito falar tudo que eu planejei falar, queria me acertar com ela, mas me faltavam palavras na boca. 
Luna: Acho que vou voltar pra lá. 
Gael: Não vai, por favor. –Me aproximei mais dela que nossos joelhos se tocaram e eu a fitei nos olhos. 
Luna: Por quê? 
Gael: Por que você sempre precisa ir? 
Luna: Eu só vou sentar com o pessoal. 
Gael: Você sabe do que eu estou falando. –Ela respirou fundo e fitou seu joelho-. Olha pra mim. –Segurei no seu queixo e a fiz olhar nos meu solhos. 
Luna: Vamos ter essa conversa aqui? 
Gael: Podemos ter onde você quiser, mas vamos ter ela hoje. Não aguento mais um dia sem te fazer uma pergunta. 
Luna: Qual pergunta? –Ela me olhou confusa. Eu reuni todas as forças da Xuxa, Tarzan, Priscilla e Yudi, Grayskull e os caralhos. 
Gael: Ainda existe Gael e Luna? –Perguntei olhando nos olhos dela-. Você ainda me ama? 
Ela pareceu travar e sua respiração se elevou um pouco. Olhei para ela ansioso pela resposta. Ela pensou no que iria responder até começar a falar. 
Luna: Quanto tempo passou Gael, seguimos caminhos diferentes, fizemos coisas diferentes. Mas posso te confessar uma coisa? Depois de toda minha rotina diária, depois de fazer todas as minhas coisas, é quando eu deito na minha cama de noite e eu me sinto como se ainda tivesse 19 anos. –Eu percebi que ela estava se esforçando para não chorar e que esse assunto estava mexendo com ela. Fiz um carinho na coxa dela e escutei tudo o que ela tinha pra falar-. Eu te vi se divertindo no pula-pula, você é tão nem ai para as coisas, se diverte com as coisas mais simples, é espontâneo, você é você. E poxa, Gael, eu tentei tanto te tirar da minha vida. Tentei tanto focar no meu EU, eu tentei fingir que o meu “eu” era o suficiente, quando o que me fazia bem era o nosso “nós”. E se eu ainda te amo? Gael eu nunca deixei te amar, nenhum segundo sequer do meu dia, das semanas, dos meses, dos anos. –E então ela deixou as lágrimas caírem. Meu coração estava apertado e eu estava tão feliz-. Nem quando brigamos, nem quando você mandou mensagem pedindo pra voltar...
Gael: Não diz mais nada amor. –A puxei para o meu colo e a beijei intensamente.

Era muita saudade, muito desejo, era pura loucura. Era eu e a minha baixinha juntos novamente. Segurei com vontade por dentro do cabelo dela e a beijei com muita vontade. Não queria nem saber de ar, não queria saber de largá-la. Nossas línguas se entrelaçavam e os nossos lábios se completavam. Eram dois corações em uma só batida. Apertei a cintura dela e fiquei fazendo um carinho por dentro de sua blusa. Não queria parar de beijá-la, não queria que ela saísse do meu colo nunca mais. Fomos parando o beijo com selinhos minutos depois, porque ficamos por um bom tempo apenas nos beijando e nada de falar nada.

Gael: Puta que pariu eu vou acordar e vai ser só um sonho. –Falei com os olhos fechados. 
Luna: Abre os olhos nego. –Ela tinha as mãos na minha nuca e quando abri os olhos encontrei os dela. 
Gael: Eu te amo, Luna, amo muito. Perdoa todos os meus erros do passado, por eu ter sido tão moleque com você, me perdoa por tudo. 
Luna: O passado morreu. –Ela beijou minha testa, a abracei pela cintura e fiquei sentindo o cheiro gostoso da minha mulher. 
Gael: Você fez tanta falta. 
Luna: Depois da chopperia eu pensei em te mandar uma mensagem pedindo pra voltar. –Ela deu uma risadinha. 
Gael: E por que não mandou? 
Luna: Estava me enganando achando que poderia ser feliz sem o amor da minha vida. –Eu sorri com as palavras dela e a enchi de beijos novamente.

MIL RAZÕES (F!)Where stories live. Discover now